Para um país com cancro, um presidente oncologista!

Encontro este título num blogue nómada.
Já chego ao Uruguai, que andei evitando estes meses...
pronto, nada a fazer...
Há coisas que nos aparecem no caminho... (ou universos que conspiram baixinho e nos chamam ao de leve)...

Quem a tem

Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.

Eu não posso senão ser
Desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
E sempre a verdade vença,
Qual será ser livre aqui,
Não hei-de morrer sem saber.

Trocaram tudo em maldade,
É quase um crime viver.
Mas embora escondam tudo
E me queiram cego e mudo,
Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.

(Jorge de Sena)

subsídios para a cultura nos Açores

A Direcção Regional da Cultura do Governo Regional dos Açores ainda não respondeu à minha candidatura a apoios para o projecto "PONTE tecida de CRIATIVIDADE TEATRAL - a cultura como ponte entre os Açores, a Bolívia e a Galiza". As candidaturas terminaram em 31 de Agosto de 2009. O prazo legal para recebimento de respostas é de 45 dias. Dias úteis ou inúteis à espera, à espera, à espera da lua cheia.
Após insistentes telefonemas e tentativas, acabei por conseguir que me dissessem por telefone que a minha candidatura não foi aprovada. Deduzo que, provavelmente, não tem relevante interesse cultural para a região.
Sr. Presidente do Governo dos Açores, Sr Director Regional da Cultura: Pergunto-me hoje, e há muitos dias, o que é que afinal tem interesse cultural para a região? Pergunto-me hoje e há 1 ano e meio (foi a terceira vez que candidatei este mestrado que tem aplicações práticas artísticas diárias na região) se a única açoriana que frequenta o Master (que significa MESTRADO) em Criatividade e Inovação num instituto superior de Santiago de Compostela (EUROPA) não desenvolve profissionalmente nos Açores (e no Mundo) um trabalho digno de apoio por parte da Direcção Regional da Cultura.
Sr. Presidente do Governo dos Açores, Sr. Director Regional na Cultura: eu não espero (nem desejo) que este Governo me pague o ordenado. Eu não espero que este Governo me apoie apenas porque eu acho que o deve fazer. Eu não espero que o trabalho que desenvolvo há tantos anos por convicção, por paixão, por realização, por sentimento de utilidade pública, por cumprimento de missão social, por compromisso com a construção de um mundo mais justo, solidário e culturalmente mais desenvolvido venha a hastear-se numa bandeira com um milhafre e nove estrelas voadoras... Mas eu espero que o que é de direito me seja concedido por direito. Espero (porque a mereço, como qualquer cidadã!) ter uma resposta que justifique a ausência de apoio às minhas propostas. Espero e posso exigir que este governo defina e me apresente o seu projecto de desenvolvimento cultural e artístico para a região. Espero, como parte interessada nesse projecto, poder discuti-lo publicamente, abertamente. Tenho direito a isso. Porque trabalho na Cultura. Porque contribuo diariamente para o desenvolvimento da região. Porque pago impostos. Porque me preocupa o bem comum. Porque o meu trabalho tem sido reconhecido pelo público e por inúmeras organizações e pessoas da sociedade civil. Porque sou criadora, artista e cidadã. Dos Açores.

Foto: pai Guilherme

24 de Dezembro é aquele dia... onde tanta gente faz tanto de diferente e de igual. Este ano, calhou-me ir ao Hospital, voluntária da Hora da Música do Dia do Gil. Que privilégio ter ido contar "O voo do Golfinho" ao Miguel, ao Mateus e ao Rodrigo. Às mães e pai. Com a contrabaixista Gianna. Que privilégio trocar alegrias, momentos simples, com a música e as histórias como almofadas de paz. É muito bom ser voluntária!

viagem quase marcada... ou não?

É extraordinária a calma que me apazigua os dias. Ainda não tenho a viagem marcada. Mas já sei que tenho que sair de Madrid no dia 9 de Janeiro de 2010. O meu avô faria anos nesse dia. Muitos!

O voo vai sair às 22h05. Chego por voltas das 6h da manhã do dia 10 de Janeiro a Buenos Aires. Depois, tenho à escolha 5 voos para Mendonza. É só decidir se quero passar o máximo ou o mínimo de horas em Buenos Aires a cheirar a América do Sul, antes de partir rumo à cidade dos vinhos argentinos. Ironia do destino... eu gosto de vinho. Tinto. E Mendonza, terra onde quase não chove, é responsável por 70% da produção de vinho do país. Olé! Lá, a água enche o rio vinda do degelo do cimo das montanhas. Deve ser lindo...

foto: pablo etchevers

Documentário

Lá para as bandas do lá... fica um lugar perto daqui.
Aponto com o indicador o coração e um reflexo brilha sobre o olhar.
Ando há tempos a cuidar do olhar, tentando compreender como é o olhar. O meu olhar.
Participar no Atelier de Cinema Documental abriu-me as pupilas de um sonho. Realizar cinema. Pensar cinema. Viver doc. Agora que estive marinheira de realização, gostava de navegar no cinema também.
Lá, para as bandas do lá... começo a sonhar um filme possível.

mochila - e o chá?

pois, e o meu chá matinal antes da meditação?
tenho que levar o meu magnífico termo para poder pedir água quente antes de ir dormir... lindo lindo! Um termo comprado na Graciosa vai para a América do Sul.
e... como acordo? tenho que arranjar um despertador... de quando em vez, faz falta ;) Não, não vou levar telemóveis! pra quê?

Casamento

Ontem, num país chamado Portugal e que fica, para mim, também do outro lado do mar, o governo aprovou, em Conselho de Ministros, a proposta de lei que legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Agora muita água vai ainda correr debaixo das pontes, enquanto a descriminação, a falta de igualdade nos direitos, os atropelos à liberdade continuarem a ser a água que se bebe e se dá de beber. (Um recado ao Sr. constituição nacional: inconstitucional é o senhor!)
Quando este país for realmente um país... amar vai ser um acto de liberdade. E isso não tem nada a ver com género. Nem com sexo!

ArtAction

http://www.artaction.com/home.asp
sem mais palavras. Há gente que acredita nas artes para transformar o mundo! Eu também!

cantar

foto André Brandão, 2006

hei-de cantar! que mal há nisso?!
Não me interessa que desafine, não me interessa que não pronuncie bem o inglês, o espanhol ou até o português. Não me interessa! Hei-de cantar. Interpreto e vivo a música e arrepio-me muitas vezes. Emociono-me. Hei-de andar pelos botecos, de porta em porta, procurando encaixar a voz em qualquer músico(a) que me aceite, 'até que a voz me doa'. Sem vergonha. Vou ganhar desavergonhagem, com a viagem... Começo hoje a recolha de letras e alinho um reportório de Maria - un concierto in(possible). Um concerto com música e poesia e palavras de intervenção. como sempre, como antes... como no início...
Pensava que não ia para o palco, no próximo ano. Que iria trabalhar com pessoas, que as ajudaria, eventualmente, a subir os degraus de algum palco... que às vezes é apenas o mesmo chão do público... mas já não sei. Reinventa-se em mim a inquietação de estar lá, nessa tablado, e ao mesmo tempo estar noutro lugar. Vivo essa dialéctica. Essa forma minha de estar na Arte. Até quando? Até quando conseguirei conciliar os dois lados e estar feliz com isso?

a saúde da viajante

1. Dar sangue antes de tomar as vacinas. Porquê? Porque sim. Para que o sangue se aproveite. Dar sangue é bom! E não custa nada! e hoje foi directinho para um senhor que estava mesmo a precisar! Fiquei feliz.

2. Viajar para a América do Sul... consulta de viajante... 100€ na farmácia. Cólera, Febre Amarela, Gripe, febre Tifóide, Pneumonia, ..., repelente de mosquitos (prevenção malária), antidiarreico (normal e para casos agudos) 1 antibiótico (para urgências), etc, etc, etc. termómetro, aspirinas... ehehe, bolsa de primeiros socorros. Levar o manual de socorrismo (sim, eu sou socorrista! também. para além de palhaça).

3. Cuidados a ter: as indicações do médico não valem a pena ser citadas aqui. Quando se quer viajar com responsabilidade cívica, humanitária e com o coração, já sabemos tudo o que precisamos saber. E o que não sabemos, vamos aprender é lá... com as pessoas de lá. O meu corpo é igual ao delas. O coração não sei.

Odeio a ideia de andar a sprayar-me contra mosquitos. Estou imune, desde pequenina! Aos sprays e aos roll-on. (eu já quando era pequenina e muito atacada pelas melgas que me sugavam todinha e me deixavam o corpo em chamas, eu pedi uma vez a um médico que me desse qualquer coisa que eu tomasse para que as melgas não gostassem do meu sangue... ele não deu, disse que não havia... mas o que é certo é que as melgas, com o passar dos anos, deixaram de me apoquentar. Bem sei que os mosquitos sul-americanos não diferentes. E os africanos também... mas eu vou ou não vou aprender a falar a língua deles?) bom, repelente na mochila e vai-se ver se é preciso.
fora isso, saúde de ferro. Aqui. E lá também há-de continuar.
E aviso já. Máscaras? Nem pensar!!! Não me servem nas orelhas!

apesar de toda a alegria do caminho

hoje estou assim. Triste.

ANIA - Crianças esperança

Palavras minhas para quê?

Outros vídeos, com outras crianças, em:

http://www.youtube.com/watch?v=oRAMSxtyRhs

http://www.youtube.com/watch?v=YmyrBo9-JxI&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=TxP1lZMtL14&feature=related

o mundo vai mudar, um dia...

"Lá, a gente aprende a fazer o que os adultos não fazem... (...) lá, a gente não só cultiva os animais e as árvore como a gente também cultiva o amor, a verdade e a diversidade das coisas..."

Tierra de Nin@s e ANIA

http://www.mundodeania.org/index.html
vídeos de cortar a respiração: http://www.mundodeania.org/galeria_videos.html
ANIA - Associación para la Niñez y su Ambiente é uma associação no Peru que desenvolve também o projecto Tierra de Niñ@s que eu já tinha postado aqui. Yllari, a mulher poeta peruana, trabalha com esta organização há 3 anos. Uma das melhores amigas dela é portuguesa e esteve, como voluntária, também naquele projecto. Em Janeiro e Fevereiro próximos a Yllari também vai viajar pela Argentina, Bolívia e Chile... E ainda há quem acredite que o universo afinal não conspira???? Eu irei lá... e levarei sementes! Sem dúvida.

Sueño con serpientes

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"Hay hombres que luchan un día

y son buenos.

Hay otros que luchan un año

y son mejores.

Hay quienes luchan muchos años

y son muy buenos.

Pero hay los que luchan toda la vida:

esos son los imprescindibles."

Bertolt Brecht

Anonimo
"cuando vengas por las montañas
dibújame el camino de tus ganas
apenas tengo un beso enmudecido
aguardando

luego has de volver por las orillas
levantar los brazos de alegría
y descansar

entonces
sentirás la brisa de mi memoria "

Yllari Chaska in http://zaurazul.blogspot.com/

TENGO

Cuando me veo y toco
yo, Juan sin Nada no más ayer,
y hoy Juan con Todo,
y hoy con todo,
vuelvo los ojos, miro,
me veo y toco
y me pregunto
cómo ha podido ser.

Tengo, vamos a ver,
tengo el gusto de andar por mi país,
dueño de cuanto hay en él,
mirando bien de cerca lo que antes
no tuve ni podía tener.

Zafra puedo decir,
monte puedo decir,
ciudad puedo decir,
ejército decir,
ya míos para siempre y tuyos, nuestros,
y un ancho resplandor
de rayo, estrella, flor.

Tengo, vamos a ver,
tengo el gusto de ir
yo, campesino, obrero, gente simple,
tengo el gusto de ir
(es un ejemplo)
a un banco y hablar con el administrador,
no en inglés,
no en señor,
sino decirle compañero como se dice en español.

Tengo, vamos a ver,
que siendo un negro
nadie me puede detener
a la puerta de un dancing o de un bar.
O bien en la carpeta de un hotel
gritarme que no hay pieza,
una mínima pieza y no una pieza colosal,
una pequeña pieza donde yo pueda descansar.

Tengo, vamos a ver,
que no hay guardia rural
que me agarre y me encierre en un cuartel,
ni me arranque y me arroje de mi tierra
al medio del camino real.

Tengo que como tengo la tierra
tengo el mar,
no country,
no jailáif,
no tennis y no yatch,
sino de playa en playa y ola en ola,
gigante azul abierto democrático:
en fin, el mar.

Tengo, vamos a ver,
que ya aprendí a leer,
a contar,
tengo que ya aprendí a escribir
y a pensar
y a reír.
Tengo que ya tengo
donde trabajar
y ganar
lo que me tengo que comer.
Tengo, vamos a ver,
tengo lo que tenía que tener.

(Nicolás Guillém)

o aqui e agora... e o depois?

eu já tinha reflectido sobre isto.. mas não tinha colocado aqui.
Quando tomei a decisão (9 meses depois de isso me aparecer na cabeça, pela 1ª vez, com alguma seriedade maior) de ir para a América do Sul, em 2010, fazer trabalho de voluntariado (sendo 'um ano' um período apenas indicativo de uma vontade e não nenhuma convicção temporal estricta e perfeitamente programada) levei algum tempo antes de partilhar isso com as minhas companheiras descalças.
Nesse dia, em Julho, quando conversei com elas e lhes apresentei essa minha decisão, que aceitaram como se compreendessem até melhor do que eu os motivos deste meu desejo, tive um misto de dúvida... "Agora que já assumi, tenho dúvidas. Tenho medo de não ser isso. Tenho medo de estar a fugir..." - pensei.
Hoje, passados alguns meses e muito trabalho feito, realizado e sonhado, volto a mim e não tenho as mesmas dúvidas. Já compreendi qual o meu maior medo. E as coisas são todos os dias mais simples. EU VOU. Não sei se é por um ano, se por 3 meses, se por 100 dias ou se lá vou ficar toda a vida... Isso não me importa hoje, como não importa a nenhuma das pessoas que gosta de mim e está já a viver comigo esta viagem. Mas... ironia do destino. Desde a decisão tomada, (ou apenas sou eu que estou mais atenta depois disso?) tantas coisas têm surgido como projectos, propostas, desafios para o próximo ano... Coisas para dizer... nim. É que, como diz a Simone de Beauvoir, o projecto mata! Hehe. E esses desafios são só uma ironia, são provocação. E o caminho que eu vou percorrer é certamente o caminho que eu tenho que percorrer. Hoje não tenho medo da ameaça de 'você vai viver a maior baixa de energia dos últimos 29 anos'... ora bolas... isso é o mesmo que dizer da sua vida... ou melhor, algures aos 4 anos devo ter tido uma baixa de energia como a que vou viver em 2010. Ok. Cá estarei. Lá estarei. Não lutarei contra ela. Aceito a baixa de energia e o que eu tenha que aprender. Essa viagem já começou... Hoje voltei a questionar-me sobre quem sou e como sou... na amizade, no amor. E esse questionar e conhecer-me vai sempre ser útil. Aqui e em qualquer lado do mundo. Estou a caminhar. Adoro não estar parada!

Mujeres Creando

http://www.mujerescreando.com/
Uma Organização (Mujeres Creando) e uma Casa (La Virgen de los deseos) que podem ter muito a ver com as Descalças e a Casa Descalça... Irei aprender com elas. Já estão à minha espera. Em 2 dias já responderam ao meu email.

o dinheiro é peso e vazio

1 Euro = 5,7 pesos ARGENTINA
1 Euro = 10 pesos BOLÍVIA
1 Euro = 19 pesos MEXICO
1 Euro = 12 quetzal GUATEMALA
1 Euro = 738 pesos CHILE

ainda não sei muito bem o significado de tudo isto, mas terei 10 pesos por dia para comer na Bolívia... e ao que parece.. é vida de rica. Ou quase!

itinerário de viagem

por agora, a minha viagem segue um rumo de sul para norte, o que parece contrariar as minhas convicções políticas ... planetariamente falando, o sul para mim é sempre melhor... mas se calhar, é por isso que começo por aí :) Não vá ser que nunca chegue ao norte!

Argentina + Patagónia + Chile (Janeiro, Fevereiro)

organizações e pessoas

Bont's International School (Mendonza), Lila Monti (Buenos Aires), Escuela de Cine (Buenos Aires)e...

FÉRIAS!!! depois de comprar, claro, a minha casa palhaça com rodas!!!!! Assim, desaparece a preocupação das rendas de casa, contas de água e luz... e fico só com o curso de mecânica para fazer e as contas do gasóleo... humm! Não me está a parecer mal.

Bolívia (Março, Abril e Maio)

Organizações Performing Life , COMPA , Mujeres Creando

Peru (Junho)

Organizações Tierra de Nin@s

ANIA

Guatemala (Novembro)

Organização Camino Seguro

outros países em stand by: Colômbia, México, Cuba, ... Brasil, ai, eu sei lá!

Carta lirica a otra mujer

Vuestro nombre no sé, ni vuestro rostro
Conozco yo, y os imagino blanca,
Débil como los brotes iniciales,
Pequeña, dulce... Ya ni sé...
Divina.
En vuestros ojos placidez de lago
Que se abandona al sol y dulcemente
Le absorbe su oro mientras todo calla.
Y vuestras manos, finas, como aqueste
Dolor, el mío, que se alarga, alarga,
Y luego se me muere y se concluye
Así, como lo veis; en algún verso.
Ah, ¿sois así?
Decidme si en la boca
Tenéis un rumoroso colmenero.
Si las orejas vuestras son a modo
De pétalos de rosas ahuecados...
Decidme si lloráis, humildemente.
Mirando las estrellas tan lejanas.
Y si en las manos tibias se os aduermen
Palomas blancas y canarios de oro.
Porque todo eso y más, vos sois, sin duda:
Vos, que tenéis el hombre que adoraba
Entre las manos dulces, vos la bella
Que habéis matado, sin saberlo acaso,
Toda esperanza en mí...
Vos, su criatura.
Porque él es todo vuestro: cuerpo y alma
Estáis gustando del amor secreto
Que guardé silencioso...
Dios lo sabe
Por qué, que yo no alcanzo a penetrarlo.
Os lo confieso que una vez estuvo
Tan cerca de mi brazo, que a extenderlo
Acaso mía aquélla dicha vuestra
Me fuera ahora... ¡sí! acaso mía...
Mas ved, estaba el alma tan gastada
Que el brazo mío no alcanzó a extenderse:
La sed divina, contenida entonces,
Me pulió el alma... ¡
Y él ha sido vuestro!
¿Comprendéis bien?
Ahora, en vuestros brazos
El se adormece y le decís palabras
Pequeñas y menudas que semejan
Pétalos volanderos y muy blancos.
Acaso un niño rubio vendrá luego
A copiar en los ojos inocentes
Los ojos vuestros y los de él
Unidos en un espejo azul y cristalino...
¡Oh, ceñidle la frente!
¡Era tan amplia!
¡Arrancaban tan firmes los cabellos
A grandes ondas, que a tenerla cerca
No hiciera yo otra cosa que ceñirla!
Luego dejad que en vuestras manos vaguen
Los labios suyos; él me dijo un día
Que nada era tan dulce al alma suya
Como besar las femeninas manos...
Y acaso, alguna vez, yo, la que anduve
Vagando por afuera de la vida,
-Como aquellos filósofos mendigos
Que van a las ventanas señoriales
A mirar sin envidia toda fiesta-
Me allegue humildemente a vuestro lado
Y con palabras quedas, susurrantes,
Os pida vuestras manos un momento,
Para besarlas, yo, como él las besa...
Y al recubrirlas, lenta, lentamente,
Vaya pensando: aquí se aposentaron
¿Cuánto tiempo?, sus labios, ¿cuánto tiempo
En las divinas manos que son suyas?
¡Oh, qué amargo deleite, este deleite
De buscar huellas suyas y seguirlas
Sobre las manos vuestras tan sedosas,
Tan finas, con sus venas tan azules!
Oh, que nada podría, ni ser suya,
Ni dominarle el alma, ni tenerlo
Rendido aquí a mis pies, recompensarme
Este horrible deleite de hacer mío
Un inefable, apasionado rastro.
Y allí en vos misma, sí, pues sois barrera,
Barrera ardiente, viva, que al tocarla
Ya me remueve este cansancio amargo,
Este silencio de alma en que me escudo,
Este dolor mortal en que me abismo,
Esta inmovilidad del sentimiento¡
Que sólo salta, bruscamente, cuando
Nada es posible!

Alfonsina Storni - 3 dias antes da sua morte, enviou o poema "Voy a dormir" a um jornal. Consta que se suicidou andando para dentro do mar — o que foi poeticamente registado na canção "Alfonsina y el mar", gravada por Mercedes Sosa)

é verão, lá

Em Janeiro, na Argentina, a temperatura média é de 25 graus. A humidade de que tantos turistas se queixam é em média 65% (queixa só compreensível para quem não é afinal açorian@). Ou seja, é VERÃO lá! E o sol mora até nos pesos argentinos.

alterações à mochila e médica de família

pro caso de eu vir a esquecer, é bom escrever aqui que tenho que levar alguns tampões (caixas deles!!!! tã riquinhos... buáaaaa). Infelizmente a menstruação das meninas não desaparece quando elas decidem viajar. E repelente também (os mosquitos açorianos não gostam de me picar, mas nunca se sabe os latinos!!!).
e afinal não vou levar a webcam. Se houver alguma quando encontrar internet muy bien, si no... no pasa nada. mando fotos!
Há que pensar porém num tal de adaptador para corrente eléctrica... (ai, mas o que é isto?) Parece que tem a ver com a voltagem (220) ser diferente (é?) e as tomadas terem 2 orifícios cilindricos ou planos (diferente das nossas aqui?)... ufa! não entendo ainda :)
e agora que tenho uma médica de família (ao fim de 4 anos de espera no Centro de Saúde de S. Vicente Ferreira) vou atacá-la pra saber como é que é afinal das vacinas. Ao que parece, preciso da da febre amarela, mas ao que parece não. hehe. e a da gripe A, hein? levou ou não levo? e se eu apanhasse mas era a gripe A... já ficava imune, não era? Gripe!!! ó gripe!!!! Ei... não tá cá.
E mais, sei hoje que será boa ideia levar uma caneta de tinta com MUITAS recargas! Eu escrevo tanto, que as esferogr´ficas não resistem! E imagino que vou escrever muito lá também. Além disso tenho que comprar um novo cartão de memória para máquina fotográfica e ainda... descobrir para onde vou descarregar as fotos todas aos kilos que vou sacar à vida que me vai rodear.

ai, ai ai... ela respondeu-me!

iupiiii. Demorou apenas 3 minutos e Lila Monti respondeu ao meu email.
ai, é uma mulher palhaça (que eu já publicara aqui) que vai dar um intensivo de clown... na Argentina... em Janeiro! 4 semanas! E agora, eu pergunto-me: Bolas, tinha que coincidir nas datas com o Eric de Bont? e tinha que ser noutra cidade? e tinha eu agora que tomar uma decisão em 2 dias???? ai... sim. é o que há a fazer!

Ando assim, Maria Palhaça a olhar o mundo e o gostar, com este olhar.

E há, pelos caminhos, outros olhares. E outrar-me é sempre continuar a caminhar.

Não estar parada. E sempre ir...

"Deixe-me ir preciso andar, vou por aí a procurar, rir pra não chorar. E se alguém por mim perguntar, diga que eu só vou voltar quando eu me encontrar. Quero assistir ao sol nascer, ver as águas do rio correr, ouvir os pássaros cantar. Eu quero nascer, quero viver..." (Candeia)

http://www.youtube.com/watch?v=HN0_mN7fWa8

"- Tu sabes lá o trabalho que dá gostar de alguém..."
Pois dá. É como estar viva. Como buscar caminhos novos, como perder-se nas estradas, como apaixonar-se pelos defeitos de outra pessoa, como descalçar os sapatos, como arregaçar as mangas, como encher a alma... tudo dá tanto trabalho... e tanto prazer... e, afinal, é tão bom estar aqui.
17nov09

Ain't got no... isto e aquilo e aqueloutro... e I got life
and freedom...



Nina Simone

Acabo de chegar a terra. Desejo uma cerveja fresca. Um abraço. E um banho quente que não me tire do corpo e do olhar o cheiro a sal.

Eu podia ser marinheira. Isso aprendi. (...)

1nov09

fall in love

vou por aí

"Não há tempo para tanta vida."- costuma dizer a Judite.
hoje termino uma lista infindável de coisas para fazer, para ser, aqui, até 31 de Dezembro. e agora?
acordo devagar. são nove da noite. sorrio.
- bom dia!
- olá!
mais sorrisos.

O meu patrão Gil

29Set09 16h
Uma noite quase sem dormir. Um dia que corre sem que o agarre nem o acompanhe. São 16h. Compro finalmente a Nikon D60. Cuido de mim por uns segundos. Subo a ladeira rumo ao Hospital. Alguém me espera, lá dentro. Doente ou não. Não sei quem.
Tudo pára.
Toda eu páro.
Para estar simplesmente aqui.
Onde faço falta para abrir portas e semear sorrisos.

18h30
Regresso do Hospital com a alma cheia. Um patrão de cabelo em onda cravado na t-shirt amarela e no peito. Eu recebi tanto naquela hora a contar, a cantar, a simplesmente estar ali e em mais nenhum lugar... Os olhares, os sorrisos, as gargalhadas, a cumplicidade, as mães, as crianças, as enfermeiras... e a barulheira que fizémos naquela pediatria... No final, o patrão Gil recebeu um abraço de toda, toda a gente... E houve um menino, e depois outro que o abraçaram tão forte, tão forte... Ufa! Chegou bem dentro de mim.
Obrigada, Fundação do Gil por me seduzirem. Obrigada, Madalena por teres dito: "Maria, eu preciso de ti". Obrigada anja Gabriel pelo Principezinho que, afinal, não precisei reler e por todas as toneladas de beijos que mandas pelo mar, todas as semanas. Obrigada Diana, por estares tão lá! Obrigada Margarida porque o brilho do teu olhar e da tua voz, no Teatro Micaelense, foi o que me seduziu a ser voluntária com o Gil. Obrigada companheiro Jorge, companheira Sara... porque acreditámos que era possível apenas com a nossa simplicidade e verdade! e foi! com muita música nas almas, também!

vejo-me muitas vezes a envelhecer. sem medo. antes com desejo de crescer, de sempre mudar, de deixar que as rugas e os cabelos brancos apareçam juntamente com a maturidade, a serenidade, a traquilidade e outras palavras que avançam e rimam com a idade.
envelhecer é um projecto de vida!
(12 set 09)

a alma é um sítio pequenino que às vezes não cabe em mim de tão grande que é. Fica junto ou dentro do coração mas tem tantas asas que voa pra fora dele e pra fora de mim. Sai-me pela boca em borbotões de luz, como pirilampo... e não se vê.
(10set09)

drum 'n' bossa

Compa - COMunidad de Produtores en Arte

http://www.compatrono.com/
Mais um sim! E confesso que ansiava muito por este sim... ai...
Tenho um feeling muito faineza com este TEATRO TRONO, na Bolívia. Bom feeling com os seus projectos: calles de cultura, casa cultural COMPA, escuela movil, teatro camion, somos hijos de la mina...

bajo el puente

vídeo criado pelas crianças do Performing Life, no âmbito do Film Project.

The Film Project teaches the kids acting, scripting, and filmmaking techniques so that they can make a film based on their real-life experiences and day-to-day survival living on the streets of Cochabamba.

A consciência é um olho agarrado ao cérebro que puxa um cordel, com um anzol, preso ao coração.
Isto descobri há um ano atrás... e continua a ser verdade.

Tierra de Nin@s

http://www.tierradeninos.org/
Apenas um dia depois do meu contacto, a Tierra de Nin@s respondeu-me. "Encantados de tener te por acá".
A Tierra de Nin@s trabalha com crianças e famílias numa perspectiva ambientalista, de respeito pelo ambiente e pela natureza. Tal como eu, aquelas crianças, também gostam de semear e de plantar árvores.

ruta pacífica

http://www.rutapacifica.org.co/home.html

"lovers don't finally meet somewhere. They're in each other all along."

A Argentina é um mundo à parte, na América do Sul. Há alguma coisa que me atrai e me afasta daquele país. Não sei bem o que é. Daí que provavelmente terei que lá ir para descobrir. Se tudo correr como até aqui planeado, irei começar a viagem precisamente pela Argentina. Tudo porque... o universo conspira e no início do próximo ano, naquele país, Eric de Bont (o mestre clown que cancelou pela primeira vez na vida da sua escola internacional em Ibiza, um curso de clown onde eu estaria como participante, usufruindo de uma bolsa de formação atribuída pelo Labjovem 2007), bom, enfim, Eric de Bont vai estar em Mendoza, na Argentina, para ministrar um curso de 15 dias em Clown improvisação... soa demasiado perfeito, não é?

http://www.bonts.com/

Depois, há, na Argentina, um infindável movimento artístico e cultural que me atrai bastante. Daí que talvez seja bom começar por formação, formação, formação. E o cinema atrai-me muito, também ali.
Claro que não pretendo fazer um curso de cinema (só porque ainda não encontrei nenhum com duração inferior a 3 anos... eheheh), mas têm tão bom ar as escolas...
E teatro? E tango? E mais clow? de mulheres... e... e... e...

Mochila

Acho que consegui reduzir ao essencial as coisas que vou levar comigo. Tudo o mais que teime em entrar para a mochila, quando efectivamente a estiver a encher, vai ter que passar no crivo da indispensabilidade.
Agora falta comprar a mochila :)


Minha mochila (entre 60 e 75l com rodas) + 1 mochila + pequena (dia-a-dia)
saco cama, máquina fotografica + cartões de memória, webcam, pen, pilhas recarregáveis + carregador de pilhas
mp3 ou mp4, máquina depilação, livro em branco, guia da minha viagem + guias de viagem + mapas, livros krishnamurti + rumi, canetas e lápis, cadeados com código (para fechar fechos da mochila), impermeável, canivete suíço, kit talheres, lanterna, primeiros socorros e medicamentos, shampoo, sabonete, pasta e escova dentes, óculos + lentes de contacto, sabão azul, papel higiénico, toalha rosto hiper absorvente, “mala” palhaça, flauta, botas para caminhar muito, sapatilhas, sandálias/chinelos, lenços pescoço, 2 pares calças, 2 saias ou vestidos, 7 cuecas, 3 pares meias, 1 soutien, casaco, 4 tshirts manga curta, 3 camisolas manga comprida, saco de pano (roupa suja), outros sacos de pano, guardar passwords em documento google docs + digitalização dos documentos, Documentos (originais + fotocópias): Cartão de cidadã, Passaporte, Boletim vacinas, vistos, cartão de crédito, travel cheques, multibanco, seguro viagem, bilhete avião.

uma missão

http://www.clowns.org/

Aderi à "Palhaços sem fronteiras" desde o momento em que conheci o projecto. E desde 2003 que desenvolvo a minha formação em palhaça procurando manter vivo um sonho de que, tal como defende esta organização, o riso obtenha o estatuto de património da humanidade.
Levar o nariz na cara, a flauta e a pequena mala na mão... são ingredientes simples. Levo-os comigo para onde quer que vá.

Projecto Uerê

http://www.projetouere.org.br/br/
com Yvonne Bezerra de Mello, uma mulher extraordinária, que conheci no documentário de Joaquim Pinto e Nuno Leonel "Rio 96/97"

Camino Seguro

http://www.safepassage.org/
A Camino Seguro também já aceitou a minha proposta de voluntariado. Ainda estamos a trocar ideias sobre o projecto que irei desenvolver bem como a duração da estadia ali.

Volta ao Mundo

Tudo começa pelo desejo da realização de um sonho.
A volta ao mundo. Um ano. Partir e Voltar.
Experimentar-me. Dar. Ser. Simplesmente ser.
Voluntariar-me.
Depois o sonho começa a tomar forma. A América do Sul já é uma realidade.
E o que for será.
Eu vou por aí, por onde me leve o tempo e a viagem.

Performing Life

http://www.performinglifebolivia.org/

foto de Tássia Novaes (http://projecto-bolivia.blogspot.com)

A performing life já me devolveu o desafio e pretende que eu permaneça na organização durante 3 meses, num especial regime de voluntariado. Objectivo: criar um espectáculo teatral (usando no mínimo artes circenses e música que são áreas já desenvolvidas na organização) com as crianças de rua ligadas ao projecto. Tempo também para desenvolver algum projecto ligado às mulheres.

Começo a compreender cada vez melhor o que me liga aqui, aos Açores, a esta ilha. É esta liberdade que tenho de partir. E isso é lindo.31 jul 09