sexta-feira, 30 de julho de 2010

Momentos felizes

Muitas vezes, aparentemente estúpidas alegrias nos invadem o interior. Sem nenhuma razão que o justifique a não ser a de estar no sítio certo a beber por todos os sentidos, caminhando perdida por ruas que encantam o respirar, sento-me a fumar um cigarro e agarro o caderno para escrever. Escrevo despedidas como mentirosos e definitivos
Adeus,
vou partir
nao posso viver sem ti
Levanto o olhar e um ciber café chama-me para conectar gratuitamente o computador portátil emprestado. Vou. À entrada um chá de coca e o Jason Mraz a fazer-me lembrar que a vida é bela quando, sem ninguém nos possuir, pertencemos a alguém! Exercícios de liberdade que tornam certos momentos felizes. Músicas de Verão... para todas as estações. "There's no need to complicate...'' pois nao?

Porque é que havemos de ter vidas estúpidas

se podemos ter vidas lindas?

foto de Oscar Ramirez (13 anos)

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Existencialismos recheados de dúvidas...

A minha paciência será de facto interminável? A minha aceitaçao da vida tal como ela é, como se me apresenta, será de facto uma eterna aprendizagem que desejo? Quando reclamo pelo que considero direitos meus? Quando me zango? Nunca desisto de alguém? Até onde acho que o que acontece tem que acontecer, porque a vida está subtilmente traçada e tudo o que eu faça para seguir outro rumo me vai somente fazer esforçar-me demais por algo que nao tem, de facto, que passar-se? Quando pára a cabeça de querer calar o coraçao? Quando pára o coraçao de querer falar sôfrego de tanto que sente e pulsa? Porque nao se cala? Porque nao me calo? Porque nao páro, desapareço de uma vez da vida de tudo o que é passado e presente e ausência e distância em mim? Porque sinto coisas estranhas e a impermanência dentro de mim em conflito com o que é permanente? Porque sou eu um excesso? Porque sempre necessito esvaziar-me? Porque sou "toma, toma, toma"? Porque desejo ser ermita, viaxeira errante, semeadora, ao mesmo tempo que quero arrancar ao desejo a avalanche de possibilidades e fragilidades do meu ser?
pormenor da parede do meu quarto, em Ollantaytambo

cronologicamente... simples!

para mim é tudo muito simples, nao é?!
vá, nao tenham medo...

fotos de Oscar Ramirez (13 anos)

quarta-feira, 28 de julho de 2010

fotos Ollantaytambo

Estamos a divertir-nos à brava! Jogamos, aprendemos, pintamos a manta nos intervalos, hoje iniciei também um atelier de fotografia. Gosto muito de passar a minha máquina fotográfica para as maos pequeninas... conversamos sobre o que queremos registar dos nossos olhares... quem sabe nos vai nascer uma história animada a partir das fotografias?  Mais fotos minhas aqui e fotos do Tadeo e da Nelida aqui.

foto de Aima Molinari
Tadeo fazendo de avô Tawa. Ele mesmo referiu que tinha que ter um cabelo e barba brancos... E assim nasceu. A criatividade das crianças nao pára de me surpreender... Onde será que as pessoas adultas a perderam no caminho?

entrevista às Descalças

saiu no passado 23 de Julho, no Correio dos Açores, entrevista conduzida por Milena Pimentel.

terça-feira, 27 de julho de 2010

sonhos

Para os realizar, às vezes, detemo-nos a fazer puzzles... juntar e mover peças até encontrar os encaixes possíveis! é muito divertido viver-me Amélie...lendo Michel Onfray.
As crianças sao iguais e nao sao iguais, em todo o mundo. Por mais que tente escapar de ter cada vez mais experiências de teatro com crianças (apenas porque me apetecia trabalhar também com outro tipo de populaçao), parece que o caminho se desenha antes que eu decida o que quer que seja. Ando por Ollantaytambo rodeada de um enxame de meninos e meninas, como se eu tivesse mel. Rio-me apenas, porque nao tenho maos para tanto pedaço de gente. Riem-se também. E porque é que estas crianças nao sao iguais a todas? Porque nao brigam, nem discutem, e dizem que Siiiiii a tudo o que sao novos desafios e experiências. Como os clowns! Porque sabem os nomes das plantas e adoram mexer na terra. Porque, quando algo nao lhes interessa, apenas se afastam e buscam outra actividade. Porque semeiam amor, sem dúvidas. 
Vivo numa casa de família. A avó Laura tem 6 filhas, 17 netos e netas. Fez-me o almoço hoje, com esse tal do carinho universal de dar até ao que se nao tem! Mae, filha, neta e eu à mesa. Pela manha, saí de casa mao na mao com a Saoria, para o atelier de teatro. Isto é especial, sim.
Estou agora no Heart's Cafe - um café bonito na Plaza de Armas de Ollantaytambo cujas receitas revertem todas para os projectos de intervençao social da ONG criada pela sexagenária Sonia, uma britânica que adoptou o Peru (sem o conhecer) quando tinha 65 anos e se mudou para cá, trazendo toda a sua vida apenas em 2 malas na mao. A internet é gratuita até às 5h da tarde. Na rádio, a música oscila entre a energética, alegre e contagiante peruana e ... um Sting que agora me canta, como se temesse que eu esqueça que voo quando danço... Nao temas, rapaz! Nao temas.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

a caminho de Ollantaytambo

para ficar aqui uma semana.

agora

domingo, 25 de julho de 2010

Urubamba e Vale de Cusco

O planeta está cheio de sítios que aliam o sagrado à proximidade com o paraíso. Se este existe, está exactamente aqui na Terra. Nao me importa hoje, nem no futuro, encontrar as palavras certas ou justas para exprimir o que vejo ou sinto. Quando elas saem pela boca do silêncio ou da poesia e se transformam em formas minhas de ser e partilhar, soam à água que desce fria e rápida os caminhos das pedras e se encantam rio. Hoje, mergulhei os pés descalços num pedaço dessa terra feita água veloz e molhada. Fria, muito fria. Disseram-me que ia doer nos primeiros quinze minutos. Depois deixaria de sentir. quinze minutos???? Foi menos, foi muito menos o tempo que passou antes que deixasse todas as minhas dores sairem pelos meus pés sem calos! E sim, depois deixei de sentir. E doeu. E aguentei sem me queixar, sorrindo, agradecendo. O sol brilhava-me forte na cara e nos gémeos torneados, nos ombros e no pescoço. Deixei de estar ali e sempre estive ali. Hoje, no calendário maya, celebra-se o dia fora do tempo. Amanha começa um novo ano.

sábado, 24 de julho de 2010

Arte-Acçao

Acabo de desenhar um novo projecto de Arte-Acçao para os Açores. Um misto de performance, vídeo e instalaçao que faz todo o sentido, pelo menos na minha cabeça! E nos meus papeis! E no caminho!
(porque é que nao posso ter um salário só para ter ideias e desenhar projectos?)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Belén por um canudo

Ir de Cusco a Iquitos para participar no Proyecto Belén pode vir a ser uma tremenda impossibilidade, este ano... Vamos tentar a boleia, mas iquitos fica no meio do rio Amazonas e o porto de barcos mais próximo fica a 5 dias de viagem de barco. nao creio que consigamos boleia para uma viagem tao longa... As descalças precisavam de mais do que 3 euros para chegar lá... 
Estou feliz por já ter encontrado este projecto no caminho, estou feliz porque encontrei mais uma ideia super fácil de replicar (nos Açores, ou em qualquer outro lugar do mundo), estou feliz porque a Catarina Martins vai falar dele (e de outras coisas lindas) incluindo-o como uma bela acçao de activismo cultural... estou feliz porque a vida que escolhi para mim, as pessoas que escolho para me rodearem, as opçoes que tomo em cada dia... vao sendo, continuam a ser, um privilegiado lugar de pertença!

Te doy mis ojos

quarta-feira, 21 de julho de 2010

vulcoes


Esta mensagem chegou-me atraves da Ana. Nao fui eu que inventei, nao. Ou terei sido? Parece que a leu no meu interior,  o que me preocupa e me traz escondida. Deu-me o acaso apenas tres dias para viver com isto. Estou a tratar do assunto.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Esta noite demorei muitas horas a adormecer e, entre o mar de ideias que iam e vinham, sentei-me a escrever algo muito, muito sério. Estou com a criatividade, a clarividência e a determinaçao ao rubro. Sei como isso é perigoso, mas aproximo-me de começar a entender o que afinal vim fazer a este mundo!
estas lagrimas de hoje, neste mar que sou, sao tuas.
sao para lavar tua alma de todos os dias,
leominha!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

meu sobrinho Peter Pan

Que privilégio ser fada madrinha... ops, tia madrinha de um sobrinho Francisco feito Peter Pan...
Nesta foto, ainda estou para descobrir se ele estava a dançar de uma maneira muito pós-moderna, se estava armado em director (como a tia!) ou se estava simplesmente distraído a ver as meninas voar... Assim, o olhar no ar..., esperando... (como a tia?)
Mas que está lindo, está! Claro!

carteira

Casaram há 40 anos

E hoje não atendem o telefone porque devem estar a namorar...
Gosto dele e dela como de ninguém!
São-me e sou-lhes.

Pertença e ausência de posse.
Parabéns mãe e pai!!!
(Ainda bem que um certo homem chegou a lua!)

nao penso, nao digo

De coisas más está o mundo cheio! Se perpetuamos a nossa palavra sobre o feio, o incompetente, o desrespeito, a falsidade, a irresponsabilidade, o desamor, a injustiça, a falta de liberdade, entao criaremos solos ferteis para estas coisas crescerem. "Nao quero, nao quero nao!" Hoje nao penso e nao digo "que todas as perguntas merecem resposta". Desejo antes que todas as pessoas possam, à noite, dormir tranquilas!

Já te larguei (excerto)

Já te larguei como me suplicaste.
E não te larguei por isso.
Mas porque o tempo chegou.
(...)Quero então hoje
oferendar-te o que na vida te guardo
para seguir meu caminho
longe de ti.

sábado, 17 de julho de 2010

Cusco

Lima estava a esmagar-me. Acabei por comprovar mais do mesmo e encontrei em mim coisas que já sabia. Revi-as. Descobri no meu caixote do lixo coisas novas (que sao tao velhas, afinal) e ando a inventar o que lhes hei-de fazer. É bom tratar do lixo!
Hoje cheguei a Cusco. Está sol e já me choveu na alma. A Ana recebeu-me com toda a alegria do amor. De amar um país. Ela ama Portugal... Que sentimento estranho para mim, este. Também do amor tenho ainda muito que descobrir.
É um anjo (ou uma anja?). É paz. É música. Obrigada Yllari pela ponte!
Cusco é uma cidade maravilhosamente linda...
Caminhando pelas ruas já choquei com a pedra dos 12 angulos. E voltei a recordar que as pedras bonitas (que nem sempre só dormem) sao as dos incas. As restantes, dos espanhois, sao as dos incapazes! É verdade, é mesmo verdade. Valha-nos o barroco!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Uma mochila que é casa, às vezes demora varios dias a vestir-se. Mas ja esta! Dentro de poucos minutos vou para Cusco!
La vou ser recebida pela linda Ana que, como ela propria diz, ama Portugal... Ja sinto que vem ai um encontro bonito :)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Fui
para ver melhor
mas se te afastas também
deixaremos de ver-nos

respostas do governo

Ha 4 dias enviei uma pergunta simples a um membro do governo que sempre responde rapidamente a todos os emails, comentarios e até provocaçoes...
A minha pergunta era: posso enviar um projecto para pedido de apoio?
A resposta é até agora inexistente. Que é como quem diz que, quando nao se quer dizer que nao, nao se responde.
E o tempo passa.

fotos, saudades e identidades. Açores

Vi fotos dos Açores e deu-me uma saudade...
Que estranho... "Mas eu nao nasci ali!"
;)
é que eu nao pertenço ao lugar onde nasci. Pertenço aos lugares onde sou feliz. Hoje aqui, amanha acola, depois quem sabe?
Nao pertenço apenas aos lugares. Pertenço aos lugares que me pertencem. E, no fundo, nao possuo nada e nada me possui.
Uns dias, antes de vir, recebi um certificado de açorianeidade, legitimamente assinado por um juri dificil de convencer. Ha uns dias, num jornal (açoriano?), apelidaram-me açoriana ... quer dizer, ainda nao disseram que eu sou açoriana, mas disseram que era açoriana a minha presença na Argentina.
Humm, sabe bem... Nao tem importancia nenhuma. Ou tem toda a importancia... Até quando tenho que gritar que eu sou do lugar onde vivo?
Ou seja, o que me agrada que se reconheça é a questao de uma certa identidade que me acompanha, que transporto, que levo na viagem! Porque por ca, toda a gente o reconhece!

Estabelecer conceitos

Tenho tentado, por diversas formas e vezes, estabelecer regular um debate sobre política cultural nos Açores afastada de partidos políticos. Hoje penso que, independentemente do triste cenário que se está a viver no país, a discussao é, por si só, uma manifestação de maturidade, de cidadania e um exercício de plena liberdade e democracia.
Infelizmente, essa discussão não se estende aos Açores, onde a política cultural é, ainda, inexistente. E digo inexistente porque, à ausência de discussão pública se sucedem faltas de transparência nos concursos, incumprimento de prazos, indefinição de critérios, medo de manifestar opinioes, etc etc, etc.
Uma vez, quando, amigavelmente, tentei partilhar com o actual Director Regional da Cultura que o que fazemos é serviço público, que substituimos o estado na sua missão de facultar o acesso à cultura a um cada vez maior número de pessoas, quando disse que sentia que as Descalças estavam não só a não ser reconhecidas como a ser desrespeitadas pelo Governo dos Açores, o Dr. Paulus Bruno aconselhou-me a "baixar o ego".
Perdi a discussão. Perdi o chão. A conversa tomava, na sua cabeça, um rumo completamente diferente...
Eu não podia estar a falar de direitos quando a pessoa que tinha à minha frente não estava preparada para ter essa conversa.
Percebi que tinha que voltar ao início de tudo, ao início dos tempos, ao "quando os animais falavam"...
Reset. Apagar. Começar de novo.
O meu passo de hoje é uma citação de Catarina Martins para ver se, pelo menos, começamos por estar de acordo nos conceitos.
"agentes independentes são artistas, estruturas de produção, de criação, de programação cuja actividade é independente da iniciativa do estado e que são quem, no terreno, em todo o território, prosseguem políticas de cultura, ou seja, prosseguem imperativos públicos, do estado, de dar à população acesso à cultura e que, por isso, são financiados por concurso, de forma transparente e pela qual prestam contas. E portanto os artistas não são dependentes da DGArtes ou do Ministério da Cultura. O Ministério da Cultura é sim dependente dessas estruturas de criação que fazem a agenda cultural em todo o pais e que, portanto, devem ser respeitadas como tal." (Catarina Martins)

um sitio onde nunca estive

Quando penso na minha casa, penso que de vez em quando procurava um sitio dela onde nunca tinha estado. Nesse momento, sentava-me e ficava a olhar o espaço e o tempo.
Uma das ultimas vezes, fui parar ao telhado por cima do forno de porta tapada...
A minha casa é como o meu corpo, a minha mente e a minha alma. é bom que haja sitios onde nunca estive! é bom poder escolher la morar, de vez em quando.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

MALI - Museu de Arte de Lima

No Museu de Arte de Lima, hoje, vi uma obra que é composta por tudo o que as pessoas do publico lhe queiram deixar impresso, pintado, escrito. é forte esse passar do pincel para as maos do publico. é bonito.
Depois, vi uma exposiçao de videoarte, com coisas muito, muito boas, raras e especiais. Todos os videos estao a ser apresentados pela primeira vez na América do Sul. Por là, também um video do portugues Joao Onofre.
De tudo o que vi e senti ao ficar sentada a ver... um nome me ficou: Sigalit Landau (Israel). Indescritivel. Nao existe no youtube!...

terça-feira, 13 de julho de 2010

sonhar

Os sonhos sao a vida continuada. Continuo a sonhar muito nas noites, sonhos que nem sempre quero ou posso entender.
guardo a sensaçao que me fica quando desperto a sorrir, a recordar, a perguntar. guardo-te na saudade. é isso. 
aprendo
aprendo
aguento nao entender
duvido
nao sei que estive afinal a dormir
parece que nao
- ate nos sonhos os segredos se enterram

domingo, 11 de julho de 2010

O silêncio

hoje quero prometer-te o silêncio
e que seja quebrado apenas
pela certeza
do silêncio teu
na verdade de nos encontrarmos
sem palavras,
simplesmente transparentes.
Se um dia
me deres um dia
oferecer-te-ei
todas as noites
e a eternidade.

Outra pessoa

Ontem, sentada na noite do sofá que às vezes é cama, olhei fixamente a parede, com o livro "O mestre e as magas" no regaço.
Senti que duas maos me abriam o esterno para escancarar minhas costelas acolchoadas pelo peito, de par em par. Entrou uma mulher. Uma mulher que nunca conheci e que, dizem, morreu bonita, há anos, nos Açores. Nao sei o seu nome, nem conheço o seu rosto. Vinha falar-me. Nao sei o que me disse, mas pediu-me que cuidasse... Senti-me tao tranquila...
Hoje, cola-se esta música em mim.
Cuido, cuido sim. 
Cuido de ti e dos teus.
Descansa. Volta. Havemos de conversar mais vezes.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

poesia

é o que sinto
vivo
nao o que escrevo

quarta-feira, 7 de julho de 2010

vi-me, de repente,

com o cabelo rapado.
Nao senti nada. Apenas mais leveza 
e os olhos cresceram.

mudar de casa

este ano ja mudei mais vezes de casa do que em toda a minha vida! Hoje foi apenas mais uma :)

terça-feira, 6 de julho de 2010

inverno

no inverno
o mar nao tem horizonte
nem o mundo

Está muito grande a bola de fogo e nao me cabe nas maos. Vai cair para dentro do mar. Viro a cara para o outro lado. A lua cheia começa a subir. O sol está agora suspenso num manto de nuvens escuras pela ausencia de luz. Nao distingo o ceu do mar, outra vez.
É tudo deserto até ao mar. Recordo o Galeano e compreendo-o por fim.
"pai, ajuda-me a olhar"
É demasiado o belo!
(na viagem Chile-Peru, 1 julio)

domingo, 4 de julho de 2010

tem o rosto de um menino
quando dorme
durante o dia
as rugas e a calvice de um velho
a mim faltam-me quatro diopterias em cada olho
de manha
é extraordinário o mundo de quem nao ve bem
é outro.

sábado, 3 de julho de 2010

Lima, Peru

Já cheguei a Lima, no Peru, ao fim de mais de 30 horas de viagem em autocarros que nos poem os cus quadrados.
Amanha começo um atelier aqui com a Wendy Ramos. Estou cansada mas sem sono. Estou a devorar lentamente, ruminante, o livro "El maestro y las magas" do Jodorowsky. 
Quero ter a mente vazia e o coraçao cheio. Estou a caminhar. Sou uma pedra do caminho.
Ando no meio de koans.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Casamento

Estiveram 7 anos sem se escutar as vozes.
Escreviam, de vez em quando, cartas profundas e subtis que atravessavam muito ar e muita água.

Um dia, ela ligou:
- Casa comigo!
Casaram no dia seguinte. Ele num avião, ela no barco. Casaram com o testemunho dos deuses não confessados.
Encontraram-se por fim, à hora marcada, no local combinado e desconhecido.
Casaram outra vez com um abraço e um beijo que durou 7 anos mais. Casaram todos os dias, depois disso. 

Porque casar é uma forma de querer dizer hoje que "estou bem ao teu lado!"

Gojto de Ti na Bolivia

com "mi hermano mayor" a fazer de carteiro... Obrigada Kai!

fotos de Gabriela Olivera (Colectivo Katari)