segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

chove em Buenos Aires

e está um calor mesmo bom!!!!
Que bem escolhido filmar hoje, hein?
Os seguros afinal não são seguros, apesar de morrerem de velhos.
Amanhã rumo ao Uruguai. Isto anda a render menos do que eu pensava... de qualquer maneira também ainda não tive propriamente tempo de aterrar... e a perda da mochila, confesso, anda-me a distrair um pouco. Preciso apenas saber onde está a dita cuja neste momento que é para lhe orientar o caminho. seguramente ela vai para um lado e eu para o outro. Ou seja, duas Marias a minar o mundo... uiiiii... que perigo!

domingo, 30 de janeiro de 2011

pronto, comprei...

lentes de contacto, um vestido, um rato, cassetes para filmar amanha, uns phones, champo e protector solar. pronto. 'tou farta!

o que amo

Tenho uma tendência histórica a amar quem precisa de amor... não é nada de especial, não é nada de consciente nem de visionário, nem missionário, nem nada. Não é nada de nada. É a posteriori que o reconheço e o entendo e o percebo em mim... amo quem precisa do meu amor... é como ter aquele T na testa, como diz a minha mãe... de tola!

soy lista

tenta abrir a porta ao meu lado. depois senta-se aqui, no canto esquerdo do ponto cego da minha visão. Estou concentrada a fazer contas, toca-me na cadeira. Olho-o nos olhos. A minha carteira no chão. Ainda com o olhar nele verifico se tenho tudo. Estamos a olhar-nos intensamente. Pergunto-lhe: que pasa? porque me tocas la silla?
por nada. la puerta. nada. ehhh
e gagueja e olha-me nos olhos e entendemo-nos.
sou uma mulher selvagem, às vezes.
Ele cancelou o pedido no balcão e foi-se embora. Quase lhe via a cauda entre as pernas, se ele fosse um cão, que não era. Se ele fosse um cão, estaríamos a esta hora com o meu passaporte e o cartão de crédito entre dentes a rosnar-nos, depois, num relâmpago, eu mordia-lhe seguramente a jugular e com 2 toques de dedos obrigava-o a um KO imediato... Por isso, ele foi-se embora!
30 janeiro
pode ser muito complicado fazer uma reclamação por uma mochila perdida que nunca chegará até mim...
feitas as contas, devo ter perdido à volta de 1000 euros ;-)


29 Janeiro
Acordo 8h depois de adormecer. Medito. Não escrevo as páginas matinais. Tenho urgentemente que tomar banho, comprar pasta de dentes e fruta, tomar café. Saio para a rua sem cuecas onde conheço todas as mercearias, compro facturas (hummm... continuam deliciosas), vinho, leite, pasta de dentes, umas cuecas com estrelas.
A bateria da câmara já está a carregar. Vejo o email. Nada da mochila.
Vou ligar o computador à net da casa, há que ir buscar um colchão (perdi a minha autonomia com a perda da mochila), tenho que fazer a reclamação da bagagem online, acionar o seguro de viagem para saber o que posso comprar até ela chegar (se é que chega), ir buscar as cassetes (a ver se chegam da Bolívia),  entrar no guarda-fatos da Nati para ter alguma roupa para estes dias, comprar protetor solar... (a coisa mais importante da mochila), sandálias, lentes de contacto (os óculos são um calor extremo na cara), creme hidratante, champô...
O meu novo mac já tem o dicionário post-reform, ou seja, escreve segundo o acordo ortográfico e retirou-me automaticamente o c de protector e abrasileirou shampoo (que eu sempre escrevi, no fundo, em inglês)... Nesta mescla de português e espanhol, a ver vamos como vou passar a escrever e a comunicar.
Mariense, mariês, sofrendo de mariazite aguda...?
-       Yo creo que toda la gente debria dejar el país – disse eu ontem falando de como está Portugal. A mi me gustaria montar en sério una campaña promovendo la emigracion massiva, dejando Portugal en estado de sitio, sin produccion y sin gente...
-       La Maria siempre armando quilombo!
E ri-me. E rimo-nos muito... a expressão é forte. Foi bom ouvir esta imagem que têm de mim aqui na Argentina!

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Fim da tarde em San Telmo, caminhando pelas ruas ao sol. Uma cerveja na praça, um gelado de manga e chocolate amargo pelo caminho. Só o caminhar bronzeia. As pessoas são todas bonitas.
Ciao, Maria. Nos vemos mañana... é o Andrés, artesão de rua com quem estive a conversar "mañana nos vamos de rumbia".
- no, perdona, yo solo hago planes para los proximos 15 minutos
- pues para mañana no los hagas, nos vamos de rumbia...
rio-me. rio-me mais. não, eu já disse que não, não disse? Vou. Fui.
28 janeiro
inexplicavelmente ou por profunda distracção ontem escrevi 2 páginas relacionadas com o item '28 janeiro'. Perdi-as. Não as volto a escrever mas confesso que era a melhor parte.

27 janeiro
15h55 saída pontual do Porto, com a Ryanair, até Madrid. 2 mochilas de mão + 1 mochila grande de porão convertidas sabiamente em 1 mochila grande de porão com uma pequena dentro. Uma mochila de bagagem de mão (as coisas verdadeiramente importantes).
Chegada a Madrid, ida para o tapete onde chegam apenas 4 malas e sacos. O tapete pára. A minha mochila não vem. Mau prenúncio esta paragem do tapete. É verdade! Até às 6h da manhã, se a mochila ficou no Porto ou foi para outro qualquer sítio do planeta, não vamos saber de certeza. O melhor é não fazer nada! Cereja e bares com a Natalia na sua cidade. Bom encontro. Depois regresso ao aeroporto. Uma noite a caminhar e a sentar-me e a deitar-me. Eu e centenas de pessoas que passam a noite ali. Um filme que se apresenta diante dos meus olhos. O clube dos taxistas é um clã extraordinário. Um homem que caminha a passo seguro, toc toc ritmado ecoando no piso frio, cara de louco. Com o passar das horas cruzamo-nos sempre sem nos olharmos. Um homem deita-se com os pés no colo de uma estátua, outro dorme sentado, de boca aberta, outro agarrado à sua mala que se serve de almofada, outro corre o risco de que roubem o telemóvel. É avisado pelos seguranças que fazem ronda na noite.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Madrid - nada na manga!

27Janeiro
eu prometo não dizer nunca mais que levo a mochila vazia...
Há momentos em que as companhias aéreas nos fazem ter, de facto, a certeza do que é fundamental acompanhar-nos em viagem. Passo a explicar tudo o que tenho, neste momento, comigo em Madrid: câmara de filmar com cabo firewire para ligar ao computador e ao disco externo (1Tb), carregador do computador, máquina fotográfica (agora até é perfeitamente dispensável), 1 caderno com todos os contactos de produção no Uruguay e arredores, 1 telemóvel ainda com bateria e saldo, 1 passaporte, cartão de crédito, cartão de débito, 1 caneta, 1 maço de SG Lights. Falta-me isqueiro.
Saí do aeroporto, reclamei a falta da mochila, vim directa para o centro de Madrid para uma tasca que conheci, há um ano, antes de ir também para a Argentina. A diferença é que agora, em vez de se fumar cá dentro, há net gratuita à qual ligo o bicho lindo este onde escrevo.
A cerveza em cima da mesa, un bocadillo de tortilla já se sabe! A malta toda a sair dos trabalhos e a vir tomar uma, conversar, passar um bocado bom! Diário.
O que me falta agora, mesmo a sério? O carregador de bateria e uma bateria para a câmara que vou receber amanhã, em Lisboa. Era mesmo só isso. Cuecas não me fazem falta. Neste momento, sei já que vou chegar a Buenos Aires sem mochila. Maravilha, hein? Não terei que a carregar! Vão, depois, levar-ma a casa. Boa cena. Espero. E, neste intervalo, curto a maravilha de estar a viajar assim. Sem dúvida há males que vêm por bem!
O que é que é necessário para fazer um filme? Uma câmara de filmar e uma cabeça pensante. Neste momento tenho isso tudo!

quero querer nada

de nada
de ninguém
e ainda ando a aprender como se faz.

a arte e o social (ou comunitário)

são dúvidas e incertezas que roçam o existencialismo e o humanismo em mim... como se na procura da compatibilidade e coexistência destes dois mundos eu passasse por ciclos ora de um ora de outro. como se um se visse para fora mais tarde e o outro se mostrasse todo desde o primeiro momento... No fundo, a arte como transformadora do mundo é o eixo central de uma forma de actuar. se agora me fecho um bocadinho, mais tarde se há-de ver qualquer coisa. tudo faz parte do processo de criar, mais ou menos acompanhada. mais ou menos livre ou buscando a liberdade intrínseca de me escutar e fazer sair a voz. ainda que pelos olhos, ainda que pelos poros. se agora não dou para muita gente... é porque estou a cuidar de mim. às vezes volto. volta e meia volto. vou.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Bom dia primeiro. Bem-vinda à viagem, outra vez!

26 Janeiro 2011
A aventura começou. Ela chega ao aeroporto de Ponta Delgada, como convém, com a antecedência mínima para fazer check-in, com uma cadela que tem mais 15 Kg do que o previsto, um carro que tem que ir deixar ao estacionamento gratuito, um pagamento de excesso de bagagem (kg de animal vivo) para fazer, uma porta de embarque a chamá-la... A cadela acaba por não tomar o comprimido tranquilizante. Está calma. Estão ambas calmas. Como convém.
Não tem líquidos nem botas. Tem cinto que há que despir. A saga continua!
Deixa a chave, não toma café, não compra tabaco, não fuma o último cigarro. Embarca a horas. Sempre como convém.
Voo tranquilo com o sol a queimar a pele da cara e as nuvens num magnífico tapete de céu que mais parece um chão para onde apetece atirar-se.
- Quero saltar de para-quedas!
Aterragem sem problemas, pai e mãe à espera. A cadela é a primeira a sair e como não vem dopada chama por ela latindo meigamente como quem diz: Estou aqui! Também já cheguei. 
Mochila grande, 2 mochilas pequenas (que contêm toda a vida!), o saco da ração, a mochila da cadela.
- Prontas! Todas nós que sendo apenas duas somos muitas, não é?
Saída para a rua, beijinhos e abraços, um pai de barba como o capitão Iglo, o chapéu a condizer, uma mãe com tosse e muito feliz, o carro no estacionamento.
- Vamos!
Abre-se o carro, sai a cadela da sua caixa transportadora, desmancha-se a caixa, a cadela vagueia pelo parque de estacionamento explorando o novo destino. Um cocó aqui, uma cheiradela acolá, “Olá avô” e vai, vai, vai. Perde-se na imensidão das coisas tristes que são o chorrilho de latas e motores estacionados numa cave do aeroporto.
Está tudo pronto, só falta a cadela. Começam a chamá-la. O assobio não funciona. Falta a humidade. Há sol ali para cima, ela foi para a rua, claro! A vida afinal está lá fora...
Andam quase meia-hora a chamar por ela. As imagens de um atropelamento, roubo ou rapto sucedem-se na sua cabeça.
- Bolas!
E chama a cadela, e assobia e começa a pensar como uma cadela: “Por onde vou? Para ali, ali há relva, aqui há sol, ui, tantos carros, que confusão... Dona!!! Mãe! Estou perdida! Onde é que está o nosso carro? E o avô? E a avó? Bolas! – pensam cadela e dona  em sincronia.
Ela começa a perguntar a todos os homens com quem se cruza: - Uma cadela preta, não viu?
Uns sim, outros não, todos olham com ar estranho... que sítio mais raro para se perder ou procurar uma cadela... No metro, sim, andava na linha do metro, para um lado e para o outro...
A imagem dramática de um atropelamento outra vez. “Ela não sabe andar na cidade, já se esqueceu...”
Eu via-a ainda há pouco ali daquele lado. E o homem aponta para a esquerda e ela sente-a pelo canto do olho na direita. Está do lado de lá da estrada. Ufa! Que alegria vê-la ainda que seja ao longe. Chama-a. Assobia. A cadela está desorientada, não sabe de onde vem o som, reconhece um cheiro, fareja. Farejam-se em sincronia... as duas.
Quando, por fim, se encontram, ela é recebida por um gigante salto e lambidelas na cara, nos óculos, no coração...
- Bolas, bolas. Que susto! Que assustadas estávamos as duas, não era?
Bom dia primeiro. Bem-vinda à viagem, outra vez!
"- Tu tens que fazer o filme que tu queres ver, Maria!
(...) Um filme é como um iceberg. Só é bom por causa das imagens que lhe faltam." Sylvain George (realizador francês, no doclisboa 2010)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

2ª viagem? mochila vazia...

5 cuecas, 4 t-shirts, 3 vestidos, 2 bikinis, 1 blusa, 1 calças, 1 toalha super-absorvente, sabão azul, medicamentos só naquela, termo, mate, máquina fotográfica, chinelos, sapatilhas, 2 pares de meias, PROTECTOR SOLAR (provavelmente o elemento mais importante da mochila), saco-cama, colchão, óculos, lentes de contacto, shampoo, sabonete, pasta e escova de dentes, lanterna, passaporte, 3 lenços, máquina depilação, cadernos e mais cadernos, canetas e afins, gordo livro de cabeceira, mapa do Uruguay, computador, disco externo, carregadores de baterias de todas as tecnologias possíveis (que é para ir viver num sítio onde não há luz eléctrica!!!), 1 nariz de palhaça, 1 soutien, e está! Está? Está!
Creio que a minha mochila desta vez pesa apenas 7 kilos, em vez dos 12 do ano passado ;-) estou a melhorar bastante, não?

contagem decrescente

estou muito pior e melhor do que das outras vezes. realmente, para mim, viajar é cada vez mais lembrar-me que tenho uma mochila vazia para colocar às costas e caminhar.
aí vou eu.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

As urgências da arte (adaptado de uma carta)

Criar, para mim, é uma forma de falar certas urgências. Urgências que me habitam e me libertam.
Criar, em Arte, tem sido isso ao longo da vida e dos anos. E, se me pedem que cale, resta-me encontrar outros caminhos para gritar.
Escrevo coisas a que chamo poesia
Sonhos, filmes e guiões
Teimando em juntar fotografias numa sucessão de história contada para fazer sair o que mora em mim e não pode afogar-me.
Não aceito a mordaça
mas sou capaz de calar.

Não aceito os medos dos outros para mim
Não aceito as fugas
Sou talvez a morte anunciada, sobrevivente, resiliente
A morte vai sempre perseguir-nos...
tu andas-me a perseguir
Algo está a morrer e eu não quero virar o olhar
quero ver.
quero olhar.
quero estar cá, depois da morte.
algo virá.
algo novo que não sei e quero conhecer

A espiral é sempre ascendente...
trago-a tatuada a misturar-se com as estrias

Ando inquieta sem as coisas se confundirem em mim
tranquila
as gavetas do pensamento arrumadas com o desalinho.

domingo, 23 de janeiro de 2011

quase 6 milhões de pessoas

é muita gente a dizer que isto de votar num presidente da república não lhe diz nada... Sem dúvida que, a partir de hoje, eu defendo que se adopte em Portugal o voto obrigatório!

Toma

Sinto-me mais leve, flutuando até. Intenso filmar. Estar lá a realizar e a interpretar ao mesmo tempo, tentando que o corpo meu seja todos os corpos e a identidade. Sem conseguir que as palavras comuniquem todo o pensar a uma câmara que, noutra mão, parece estar na minha mão. Profundo. Um caminho a descobrir. Cansada por ter deixado sair toda a contenção. Contida. Muito contida. Ainda inquieta. E já aliviada...
foto de Sofia Carvalho manipulada por mim

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

voltei ao Peru... mesmo estando aqui!

- e no meio disso tudo, como é que conseguiste voltar?
- eu ainda não voltei. Eu não cheguei cá.
- mas já estás a ir outra vez...
- eu estou em nenhum lugar. porque aqui e lá é o mesmo ao mesmo tempo... o espaço e o tempo não me importam. o que guardo, sim. o que vivo. aqui ou lá. é tudo igual... e tudo diferente, aliás.
mas hoje estive no Perú mesmo estando aqui. Sem dúvida diferente das outras vezes todas em que estive no Perú ou aqui contando o lá.
o tempo é um espaço importante. um intervalo para permitir, me permitir, nos permitirmos na essência do que somos. a alma anda a espreitar por lugares que são muito parecidos com esta forma de viver. de estar aqui ou noutro lugar qualquer. de facto, pouco mais importa na vida.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

um filme a fugir do lugar...

É irónico. Não é dramático! A dificuldade para conseguir o alojamento em Cabo Polónio, em Fevereiro, levou-me a procurar o local mais perto. Dista 7km e chama-se Valizas. Dali, podemos chegar a Cabo Polónio por estrada, fazendo o caminho comum, apanhando depois os camiões especiais que nos deixam no centro do lugar... ou podemos seguir a pé, caminhando 3 horas pela praia...
Valizas tem as dunas mais altas do Uruguay. O Uruguay é plano ;-)... O cantautor Andrés Stagnaro que me escreveu há dias (confirmando que o universo conspira muito mais do que lhe pedimos) oferecendo a sua música para o filme, vai estar em Valizas todo o mês de Fevereiro.
Estou inquieta para lá chegar e continuar a ver a roda viva.
(Acabo este post e recebo um email do Andrés Stagnaro explicando que chegou a mim através da Casa de Portugal em Montevideo, a quem escrevi contando do projecto... olé!)
E afinal não tenho transporte de amig@ em Buenos Aires, do aeroporto para a cidade... ai, ui...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

inseminas-me

A palavra não é bonita, talvez. Nem romântica, nem fica a rebolar dentro da boca deixando um aroma a morangos... mas é crua e diz exactamente o que tem que dizer. Inseminas-me. É como entrares pelos "sete buracos da minha cabeça" e começares a escorregar como o vinho... por mim abaixo, adentro, por todo  lado.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Inquieto-me

por fazer anos novamente... quero sentir o tempo a passar e já lá estar. Se antes era o passado que me perseguia, agora é o futuro! Ai, para quando o presente?

domingo, 16 de janeiro de 2011

Existencialidades

Será que passamos a vida com crises ou dúvidas existenciais?
Porque é que de cada vez que percebo que não quero ser formadora o resto da vida, ou que não quero investir em política cultural, ou que não quero ser criadora afinal... me chegam recados de... "continua, Maria, vale a pena!". Porque é que cada vez que desisto de uma coisa... ela vem chamar-me depois? Porque é que eu não acerto com o tempo e o ritmo alheios? Porque é que estou sempre meia desenquadrada?... (já diziam os senhores da DRaC... eu não sou enquadrável!)...
Confesso que não reservo também muito espaço a estes porquês. daqui a poucos minutos já nem os recordo afinal... 'tá-se bem, iô! E a vida é mesmo só esta, enquadrada ou fora de quadro... Pouco importa afinal. Caminhar, sempre. Não estar parada. Seguir atenta ao que sou, ao que me rodeia, ao caminho... isso sim, importa muito! E... em casos de dúvida, valerá sempre a pena recordar os momentos em que tudo corre bem ;-) Ou muito, afinal!

oficina Clown I (Jan.2011) foto natalia garcia

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pablo Neruda - soneto LXXXI

Ya eres mía. Reposa con tu sueño en mi sueño.
Amor, dolor, trabajos, deben dormir ahora.
Gira la noche sobre sus invisibles ruedas
y junto a mí eres pura como el ámbar dormido.

Ninguna más, amor, dormirá con mis sueños.
Irás, iremos juntos por las aguas del tiempo.
Ninguna viajará por la sombra conmigo,
sólo tú, siempreviva, siempre sol, siempre luna.

Ya tus manos abrieron los puños delicados
y dejaron caer suaves signos sin rumbo,
tus ojos se cerraron como dos alas grises,

mientras yo sigo el agua que llevas y me lleva:
la noche, el mundo, el viento devanan su destino,
y ya no soy sin ti sino sólo tu sueño.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

conversas a partir do túnel com luz ao fundo

(...)
a: la pondre de fondo de mi escritorio para acordarme q si esta ahi la luz esparando por mi
mim: jajajajajaja
si, lo que pasa es que a veces nos gusta mucho quedar dentro del tunel mirandola solamente de lejos
a: si
mim: nos da miedo tocarla. pero no se de que es echo ese miedo... voy a saber, un dia, no?
a: si. de ego
mim: si? de ego?
a: es de ego, si
es de miedo
es miedo a soltar, es miedo a fluir, es controlar, es querer q las cosas sean como uno quiere.
la Luz
es soltar
es aceptar
es ser parte de una voluntad mas grande
mim: ui...
a: el ego queire se el jefe de la luz, por eso le teme creo creo no se)
mim: cabron ego!!!! jajajajaja (perdona las malas palabras )
a: dale dale
mim: el jefe de la luz!!!! que tonto ese ego!
a: si
mim: por quien se toma???? es que no se da cuenta de lo tonto que es?
a: si
mim: ai, a ver... le explicare algunas cosas cuando lo vea... vas a ver.

cabo polónio... o regresso à fala

até parece que se começa tudo a vestir...
monto o escritório em casa e a verdade é que estou realmente bem, aqui a trabalhar.
atenta, sigo atenta.
Acabo de falar com a Patrícia, por telefone, para o Cabo Polónio, no Uruguai. Que ilusión!!!
Estou feliz. Sigo. Para a frente é que é caminho.

deu-me uma saudade

de ouvir criolo... que ainda vou este ano a Cabo Verde ;-)
- Larga-me, diz-me!
disse.
- Repara como te empurro...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

fénix

Há pequenas sensações que nos matam... um olhar, duas palavras, o silêncio...
a cabeça pensar diferente do coração, o coração convencer a cabeça, a cabeça convencer o coração... a mente não caminhar livre porque não sabe onde fica a casa do vazio...
seguir sempre para a frente?
não, sempre não.
A fénix é um pássaro gigante, de penas brilhantes, capaz de transportar enormes pesos e que renasce das cinzas após a morte...

domingo, 9 de janeiro de 2011

não me interessa

que as máquinas sejam sensíveis à minha energia. gosto do poder. gosto também de perceber, ao mesmo tempo, a minha quietude, a minha pequenice menina. gosto, afinal, de tomar decisões. sinto-me capaz. tenho medo da solidão mas amo a dança dela. gosto de não saber se amanhã não terei nada de nada de nada. não possuirei. gosto de me despedir para sempre porque os 'sempres' do adeus significam que, um dia, a gente se encontra porque tem poder para isso. gosto de perceber que sou muito mais do que aquilo que mostro, do que aquilo que vive. sou também o que morre em mim. é sensual prazer a liberdade... há exactamente um ano estava a sobrevoar este oceano para o outro lado do mar. há uma réstia de sonho e de vida que mora aqui e lá, tudo ao mesmo tempo. longa e terna é a viagem.

domingo, 2 de janeiro de 2011

dias de pausa para deixar pousar o corpo quando o que me inquieta é o corpo. fazer sair do corpo gritos e palavras mudas que ecoem nos silêncios globais e toquem as almas, porque a minha quer ser tocada. "toma" é palavra de ordem adiada há mais meses dos que os que leva uma criança para nascer. estou grávida de mim.