sábado, 30 de março de 2013

partilhando Eduard Punset

Há vários dias que queria ter partilhado este post.
Sao apontamentos de uma entrevista ao velhinho Eduard Punset.
Alguns desses apontamentos fizeram-me franzir o sobrolho, da dúvida. Outras frases fizeram-me sorrir. Com algumas abri a boca de espanto e surpresa... enfim, algo estará aí escondido nessas entrelinhas que nao sei nem posso decifrar ou comentar agora...
http://cajondeundesastre.blogspot.com/2013/03/reflexiones-de-punset-sobre-el-amor.html

terça-feira, 26 de março de 2013

casa de duendes e o primeiro dia desta viagem

A primeira noite desta viagem ao Uruguai foi passada nesta casa.


Aqui vivem a Fiorella e o Damián. Deixaram a sua casa em Montevideo há um ano.
No final de 2011, o Damián rescindiu de um contrato na construção civil para trabalhar por conta própria. A sua, esta, é a primeira casa que construiu de raiz, num terreno comprado, a 100 metros do mar.
As ruas são de terra. Ao fim do dia, quando as pessoas que trabalham fora de casa, regressam dos seus empregos, passeiam pela praia, tomam banho no mar, sentam-se à volta de uma fogueia a cozinhar...
Aqui em casa não há televisão nem microondas. A água do chuveiro é muito quente e o som dos pássaros, das cigarras e do vento nas árvores compõe a melodia mais agradável para cada despertar.
A 4 quadras (quarteirões) fica a ruta (estrada) onde passam os autocarros que nos levam para todos os lugares.
Daqui a pouco, seguirei para Solis, visitar a reserva de fauna e flora onde trabalha todos os dias a Fiorella.
Depois, rumarei a San Carlos.
Ontem, num dos autocarros que apanhei, entrou um homem com a sua guitarra a cantar-nos duas canções em troco de umas moedas.
Primeiro começou com o "Imagine" do John Lennon. Depois, cantou algo que me fez saltar umas lagrimitas bailarinas dos olhos.
Era a música do Serrat com letra do poeta António Machado, que tanto me toca, há tanto tempo, o coração.
Pode ouvir-se aqui mas o mais importante é que:

Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.


E sobre as casas?
volto a pensar em como seria interessante (e simples!) ter o meu quartel general, feito com minhas próprias mãos... em algum lugar.
sonho, sem ainda muito sonhar, uma casa para guardar os meus livros, os meus discos, as velas, pedras e incensos encontrados pelo caminho ;-)
será, melhor dito, uma mala de viagem. grande. que não precise tanto como eu de viajar.

sobre construções de terra e palha, pode ler-se mais aqui:
http://www.tuverde.com/2010/02/uruguay-crece-la-construccion-de-viviendas-ecologicas/
http://www.tierramerica.info/nota.php?lang=esp&idnews=3548

mas as minhas investigações continuarão.

excerto de uma carta minha


"Caminando en la arena mojada, primero con mi sombra me persiguiendo, luego yo persiguiendo a mi propria sombra.
me detuve pensando que esa es la vida que llevo, ahora.
aun lejos de lo que deseo para mi, como que persiguiendo esa sombra que, a cada tanto, me hace acordar de lo que deseo realmente, de como soy verdaderamente feliz."

hoy, en la mañana, en Marindia

traigo el viaje 
en los ojos
y en mis manos.



segunda-feira, 25 de março de 2013

e por falar em Uruguay...

cá estou eu deste outro lado do mar!

esta noite, numa linda casa de duendes ;-)
em Marindia!


sábado, 23 de março de 2013

PARA TAMARA CUBAS

Me mordí los labios
para no cantar la canción que te haría feliz.
Y fue la vergüenza la que me mordió
anoche.

He murmurado la Internacional Socialista que demandabas
desnuda,
en escena,
trayendo tu memoria
-que es mi memoria-
desde el otro lado del mar.

Creo que tu tía pudo sentir mi respirar 
y la musica que salió de mi piel
descontrolada.

Después me convocaste 
para que te regalara mi cuerpo ...
... ¡te lo daría sin más!

Agarré la silla con las manos
para no ponerme en pie
ni levantar la mano
diciéndote:
¡¡ Aquí estoy,
aquí me tienes !!


Hoy te escribo esta carta-poema.
Con mis dedos
ensayo el código de hablarte
desde la inocencia y la gratitud.
Por tu arte.
Por tu entrega.
Porque busco la manera de decirte ...
¡ gracias, Tamara, hermana!


(gracias A. por ser mi "corrector ortografico" personal)

sexta-feira, 22 de março de 2013

não há acasos - Tamara Cubas

não é por acaso, de certeza, que hoje vou ver isto:
http://www.zedosbois.org/events/actos-de-amor-perdidos-de-tamara-cubas-uruguai/

para saber mais sobre Tamara Cubas podem entrar no seu canal do youtube aqui.


não me queixo!

Hoje, no escurinho de uma sala de cinema, dei por mim a pensar que...
quero lembrar-me sempre de não me queixar!
quero lembrar-me disto, como se fosse parte de um projecto de vida.


quinta-feira, 21 de março de 2013

poesia na rua


Há um poster, tamanho muito grande que recebi quando fiz 18 anos.
Foi o meu tio João que mo deu, ele, que o tinha guardado desde o 25 de Abril, novo em folha, enrolado em si mesmo, ele que era militar em 1974, e estava no quartel e não saiu de lá porque não acreditou no que lhe estavam a dizer, não acreditou que podia sair...
Provavelmente, também não acreditava no 25 de Abril e tinha enrolado o poster, sem o abrir (ou estragar?) durante todos aqueles anos.
Quando o recebi, gostei muito da frase: A poesia está na rua.
Lembro de ele dizer algo como: agora já tens idade para cuidar disto.
Assim que li a assinatura da pintora Vieira da Silva, fui logo investigar quem seria. Na minha família ninguém mo soubera dizer.
Naquela altura, eu não sabia o que significava o 25 de Abril, nem o poster, nem aquela frase que punha a poesia na rua, nem a Vieira da Silva. Hoje já tenho algumas ideias sobre estes assuntos.
A imagem impressa no poster grande que tenho é aquela ali em cima. Está agora, novamente, enrolado, depois de ter estado colado numa parede do meu quarto e de já não ter aquele aspecto novo e intocado de quando o recebi. Há pouco tempo voltei a pegar-lhe, abri-o, sorri e fechei-o outra vez. 
Creio que ainda vai ter uma vida bonita pela frente. Não sei onde, nem quando, nem sei quando é que eu compreenderei outras coisas que ele encerra, mas sinto que aquele poster vai ter um futuro.

Hoje é o dia mundial da poesia.
Quem dera a poesia já estivesse de facto na rua, 
todos os dias, 
em todas as ruas deste país 
e do mundo.



quarta-feira, 20 de março de 2013

welcome 37!

celebrando estar viva
com todo o meu ser

foto de A.

terça-feira, 19 de março de 2013

1st international day of happiness

Ora aqui está uma notícia, publicada pela minha irmã no meu mural do facebook agora mesmo, que me deixou de boca à banda.
que dia bonito para se viver todos os dias!
Não acha que era melhor, sr. secretário geral das Nações Unidas?



celebrar e despedir

A minha mãe pergunta:
- Então, estás a preparar a despedida?
- Não!
...
e, depois, na verdade, fico a pensar: do que teria que me despedir, afinal?
E sinto-o mais do que o sei:
despedir cada um dos anos, cada um dos dias, cada uma das horas.
despedir e celebrar cada momento, enfim!

Não me lembro dos 17, dos 21, dos 35...
mas também 1976 was a very good year, como diz esta canção!

Amanhã,
celebrarei o silêncio, a música e a Arte, a beleza,
celebrarei as pessoas que amo e as que amei,
celebrarei o amor e a vida, ela mesma, que me sorri todos os dias, mesmo quando há nuvens.

Amanhã é já amanhã!
E, de cada vez que a felicidade venha, terei a porta escancarada e os braços abertos, para não a apertar! ;-)




Sensory Labyrinth Theatre

Volto a tropeçar nisto e...
só me apetece deixar para trás tudo o que fiz, até hoje, com o teatro!


às 13h em Lisboa, a ditadura do Uruguai


Tenia tan mala memoria que se olvidó de que tenía mala memoria y se acordó de todo. 
(Ramón Gómez de la Serna).


Regresso ao estudo e escrita sobre a ditadura do Uruguai (1973-1985).
Nunca pensei que escrever sobre um assunto destes me animasse tanto.
Talvez queira resgatar as vozes ao esquecimento, talvez queira mostrar que lá, como aqui, como em qualquer lugar, as ditaduras não valeram nunca a pena,
talvez queira contar uma história que precisa ser falada com o corpo, para que os corpos possam finalmente descansar...
No Uruguai,
há uma lei, em vigor desde 1986, que impede julgar os carrascos. E, apesar das várias tentativas e de o governo ser actualmente um governo de esquerda, ainda não se conseguiu alterar a lei, tendo sido inclusive a sua revogação, no mês passado, considerada inconstitucional.
Há cerca de 200 pessoas ainda desaparecidas, desde aquela época no Uruguai. Muitos processos de investigação estão abertos.
O presidente da república, Pepe Mujica, foi ele próprio um guerrilheiro e esteve 14 anos preso.
Há poucos meses, estranhamente para mim, pactuou com o afastamento de uma juíza (Mariana Mota) que há quatro anos tentava fazer justiça naquele país, defendendo os direitos humanos, abrindo as investigações, considerando lesa humanidade os crimes cometidos então.

Há movimentos à esquerda e à direita que continuam a enfrentar-se como no passado.
Uns quererão esquecer, outros querem lembrar e que a justiça e a verdade sejam repostas.

Pergunto-me se será possível esquecer.
Pergunto-me se será possível perdoar.

hoje, especialmente dedicado à Ana Caetano


segunda-feira, 18 de março de 2013

in lisbon


domingo, 17 de março de 2013

As viagens e as ilhas

As viagens regressam a mim e eu a elas
ou será que nunca cheguei a deixar de viajar desde que este blogue começou, em 2009, e, com ele o sonho de ter asas nos pés ganhou, todos os dias, mais forma?
Talvez seja isso.
desejo ser a viagem em mim.
e fazer-me acompanhar de quem comigo queira partir e chegar!
Aí vou, novamente. cruzo o Atlântico com os olhos nas ilhas e no meu amor sempre do outro lado do mar.
Afinal de contas, partir e ficar são simplesmente uma e a mesma maneira de ser ilha. Cada pessoa é uma ilha. eu sou uma ilha. tu és uma ilha.

Obrigada por me acompanharem, aí desse outro lado do mar, aqui deste lado de cá do mar, lá no outro lado do mar.

like

I really like this little book ;-)


mochilando

maria, a hora limite para começar a preparar a mochila 
é às 5h da manhã, sabes, não sabes? - digo-me.

eu adoro viajar, é verdade! mas sinceramente, eu gostava que as coisas fossem bem mandadas!
por exemplo, eu fazia a lista do que é para entrar na mochila e as coisas iam entrando, devagarinho.
será assim tão difícil?
bom, até às 5h vou continuar a conversar com as coisas ;-)


web-chekinada e não só ;-)

a horta tratada. a casa arrumada. a lareira a acender-se já. a roupa lavada. a mochila a postos para começar a ser cheia. passaporte para um lado, telemovel uruguaio para outro. uns pesos uruguaios para caramelos. o mate viajero. aveia e germen de trigo não podem faltar. atenção ao peso dos livros, maria burra de carga! comprar um ebook em Lisboa. um taxi já reservado me lavará ao aeroporto. até já, senhor caminho!


sábado, 16 de março de 2013

Avó Vina

Hoje a Avó Vina faria 86 anos se o câncro da mama não lhe tivesse trocado as voltas à viagem.
Era peixes como eu e, talvez por isso, ou porque desde os meus 10 anos que a não vejo, ainda converso com ela, sabendo que me mima e me beija e me cuida, lá onde ela está.
Nasceu nesta casa amarela, na Quinta da Serra, em Castelo de Vide, que conheci apenas este ano, sempre ali esteve afinal e de todos os lados se vislumbra.


Namorou meu avô neste banquinho de pedra enquanto ele trepava o muro, do lado de lá da rua "e, dali, só sairam para casar." - disse o meu tio-avô Firmino.


Eu também gosto de namorar. Namoro pessoas, casas, árvores, o mar...
Namoro as borboletas e o olhar matreiro das crianças.
Gosto de namorar.

Há poucos dias, sentei-me naquele mesmo banco.
Sorria para uns olhos que sorriam com os meus.
Namorava a vida
E esse sorriso ainda se não foi embora.

sexta-feira, 15 de março de 2013

corazón hilado


papéis, burro-cracias, parte II

se alguém vir, por aí, passar o meu contrato de arrendamento...
pode emprestar-mo?
agradecida!

quarta-feira, 13 de março de 2013

MATÉRIA IMPURA


para mim, uma bela surpresa este poema do João Teixeira Lopes.

Nada desperdiçarei de cada dia arrancado à morte
e dos fabulosos ensinamentos da ternura.
Não cometerei a soberba da tragédia:
tudo o que se perde se transforma.

Não quero ser salvo, amor,
quero transformar-me
e ter em mim toda a matéria impura.

Quero levar as ruas no sangue
e o teu nome no peito e poder dizer
",amor,", no poema, entre vírgulas, como
um manifesto.

E quem sabe estar além
da felicidade e da infelicidade
no improvável lugar onde tudo inicia.


"FOLI"

terça-feira, 12 de março de 2013

às vezes, não gosto de papéis!

e se os papéis, de repente, perdessem o seu valor probatório?
e se os papéis voltassem apenas a ser árvores e não tivessemos que os guardar, arrumar, organizar, arquivar?
hmmm.... maravilha de mundo seria esse!
imagino que, algures noutros lugares, essa realidade é bem possível :-)

sexta-feira, 8 de março de 2013

quinta-feira, 7 de março de 2013

vulcano vem de vulcão!

pronto,
rendi-me ao esquentador que me vinha parar a casa, com suas próprias asas!
agora só falta que me escalde como se eu fosse uma galinha a depenar.
aguardo!

Fora isso, esperar que os lobos maus que o trouxeram não visitem a casa da Capuchinha Vermelha, para o levarem de volta no caso de dele sentirem saudades. O que eu digo é que, aqui na ilha, vulcões há muitos. vulcanos também! e cada qual tem o que pode! Vai daí que a Capuchinha Vermelha dos tempos modernos decidiu colocar cola de ratos na porta que guarda o vulcão. E ainda um saquinho de açucar que cairá pelas costas abaixo dos infiltrados, caso tentem abri-la. Cócegas é remédio para qualquer problema!

terça-feira, 5 de março de 2013

título


‎"O Amor é um instante que demora" é o título do último livro de poesia do mariense Daniel Gonçalves. Gosto muito do título!

abrir o coração

Acho que ontem dei um grande passo.
Partilhei este blogue com o Ricardo, um velho (e muito jovem) amigo que está a pesquisar cartas para criar um espectáculo sobre os Açores. Nos Açores.
E chamo-lhe "um grande passo" porque, de repente, o eu que escreve para um tu (ou vários) que lê (e são menos de 20 pessoas as que têm essa possibilidade) pode deixar de estar simplesmente a colocar a carta num envelope virtual (como tem sido até aqui) e passar a escrever para o espaço, como se as letras e as palavras fossem estrelas cadentes.
Quem as vê, pode pedir um desejo!

A pesquisa do Ricardo toca-me fundo.
Epistolar é o meu estilo preferido.
Há uns anos que escrevo neste blogue, tantas vezes dirigido para um tu absolutamente não público.
Reflicto agora sobre como esta nova tecnologia me tem ajudado, afinal, a fechar-me numa caixinha. E não sei se isso tem sido uma ajuda, se foi uma intimação, se um mal maior, se uma forma de simplesmente proteger a minha intimidade do mundo queé tantas vezes feio a lidar com os corações de quem se dá.
Tenho a tentação, de vez em quando, de colocar este blogue público.
E, ao mesmo tempo, já tantas vezes o deixei visível apenas para mim. Fechado!
No fundo, tem sido como o meu coração. Às vezes só eu vivo nele, outras vezes vivem estas 20 pessoas (se assim o quiserem e desejarem), outras vezes sonho que o mundo inteiro pode dele disfrutar, sem dores, e o pode cuidar, também, em caso de necessidade.
E é como se o meu coração que escreve fosse uma entidade exterior a mim.
Às vezes, não me compreendo.
...
continuo a escrever cartas. dou trabalho aos correios e gosto definitivamente de as receber também.
Um dia, coloquei na minha porta uma frase que dizia:
"Eu quero...
só receber cartas de amor"
Não vi a cara do carteiro nesse dia (e como gostava!), mas continuo a espreitar o seu sorriso incansável, quando me deixa, diariamente, na caixa de correio as contas que tenho para pagar.

um presente


hoje recebi este presente!
mandou-mo a Catarina, desde Paris, lá longe e perto, em França.
E o recado no embrulho dizia simplesmente: lembrou-me tu :-)

Que lindo presente! Que sorte ter amigas assim, que nos mimam e nos entendem e nos aceitam e nos espreitam e nos recordam... e... e... e...
Obrigada Catarina! Que a viagem esteja também, sempre, no teu olhar!

Eis o Francisco!


corre sérios riscos de ser o sobrinho mais lindo do mundo! :-)


segunda-feira, 4 de março de 2013

tomar decisões

qual o "peso" ou a importância de estar apaixonad@ na tomada de decisões?


socorro, vive comigo uma palhaça!

Não é nada fácil partilhar a casa com uma palhaça. (por sorte ela ajuda a pagar a renda... ao menos isso!)
Facilmente o caos se instala, em poucos minutos, cada vez que ela tem que sair à rua.
Parece que, depois de sair, ela não volta. Pelo que não tenho conseguido exigir-lhe que seja ela a arrumar (coisa que desejo experimentar verdadeiramente).
Neste fim-de-semana, como ela saiu à rua no sábado e no domingo, um vento tempestuoso instalou-se na sala, no escritório e no seu próprio quarto de vestir (felizmente que não entra no meu... ufa!).
Descobrimos juntas que um morganhinho (tã requinho!) se alimentou alegremente, durante a minha ausência recente, da farinha da padeira Francisca.
E, à custa do caos nos locais já mencionados, a cozinha ficou de pantanas porque parece que as pessoas que lá se alimentam não têm tido vontade de lavar a louça... (nem eu nem a Macua)
Hoje é 2ª feira. É um lindo dia para escolher uma das divisões da casa e chamar a Luna para ajudar, nos intervalos do meu trabalho outro, aquele que me consome os sonhos e a cabeça.
Vamos ver para que lado sopra o vento, vamos?

DALE VIDA A LOS SUEÑOS

Dale vida a los sueños que alimentan el alma,
no los confundas nunca con realidades vanas.
Y aunque tu mente sienta necesidad humana,
de conseguir las metas y de escalar montañas,
nunca rompas tus sueños, porque matas el alma.

Dale vida a tus sueños aunque te llamen loco,
no los dejes que mueran de hastío, poco a poco,
no les rompas las alas, que son de fantasía,
Y déjalos que vuelen contigo en compañía.

Dale vida a tus sueños y, con ellos volando,
tocarás las estrellas,
y el viento, susurrando,
te contará secretos que para ti ha guardado
y sentirás el cuerpo con caricias, bañado,
del alma que despierta para estar a tu lado.

Dale vida a los sueños que tienes escondidos,
descubrirás que puedes vivir estos momentos
con los ojos abiertos y los miedos dormidos,
con los ojos cerrados y los sueños despiertos.

(M. BENEDETTI)

domingo, 3 de março de 2013

"tento perder a memória
única tarefa que tem a ver com a eternidade"
Al Berto

sábado, 2 de março de 2013

A revolução num minuto


Um dia,
em simultâneo,
como acontecia tantas vezes em que, no meio do silêncio, começavam a falar ao mesmo tempo e, sucessivamente, se cediam o passo no tempo e no espaço dos vazios,
disseram:
- Anda, vamos fazer a revolução! - Venga, hagamos la revolucion!

riram-se, então, com a sincronia das palavras.
depois sorriram.
continuaram a olhar-se nos olhos e no silêncio.
os corações batiam com tanta força que pareciam ecoar do ribombar de tambores ancestrais vindos de outros países, a muitas léguas dali.
sorriram novamente.
as lágrimas cheias de alegria acariciavam o olhar que nos olhava e não chegavam a saltar.
- Anda comigo.
- Contigo!... Y tu?
- Contigo.

Apelo da Luna ao 2M

dentro de poucos minutos fica disponível o apelo da Luna aqui.
dentro de algumas horas, não está ninguém em casa!




sexta-feira, 1 de março de 2013

texto de Paula Gil



Enrolo um cigarro e olho para a mesma folha em branco.
Não sei o que escrever, nem onde começar. Sei que não quero falar de política.
Não quero falar de política. Quero falar da dona Maria («bom dia minha filha!» — diz-me quando passo por ela na rua), que vai perder a casa por não conseguir pagar a renda com o novo aumento.
Não quero falar de política. Quero falar do Sr. Luís, que fechou esta semana a mercearia: «mais de 50 anos à frente deste balcão, ainda o meu pai geria a Florida» — diz, como se a loja tivesse personalidade — «e já eu ajudava depois das aulas». Os clientes diminuem, «já não dá para as despesas…» — diz de lágrima no canto do olho.
Não quero falar de política. Quero falar da Filipa, que está à minha frente na fila para pagar a Segurança Social, trabalhadora a recibos-verdes, que ganha 485 euros por mês e, depois de pagar os impostos, não consegue quase alimentar a Joana, a filha de um ano e meio que traz ao colo: «quanto é que ela já deve à troika, sabe?» — pergunta-me. Voltou para casa dos pais com o marido.
Não quero falar de política. Quero falar do António, que desistiu da universidade, porque não consegue pagar as propinas nem arranjar trabalho. Lembro-me de ser estudante e ter pago o curso a trabalhar… «A educação agora é só para quem pode» — diz entre dentes.
Não quero falar de política. Quero falar de quem entrega os filhos, por ser incapaz de os alimentar.
Não quero falar de política. Quero falar da dona Rosa, cuja reforma «mal me dá para os medicamentos» — queixa-se…
Não quero falar de política. Quero falar da minha mãe, que está desempregada e sem subsídio de desemprego e é «demasiado velha para o “mercado”». E tem 48 anos!
Não quero falar de política. Quero falar da Ana e do João, que dependem do apoio dos vizinhos: «ai! Se a Dona Lurdinhas não me convidasse para jantar, não sei o que faria»… A Ana trabalha, o João ficou desempregado, têm dois filhos.
Não quero falar de política. Quero falar daqueles e daquelas que revertem todo o seu ordenado para pagar uma dívida que não é nossa e que nos oprime.
Não quero falar de política. Quero falar das pessoas que dormem um pouco por todo o lado nas ruas de Lisboa, do Porto e que «aguentam».
Não quero falar de política. Quero falar daqueles e daquelas de quem ninguém fala, enquanto há força, enquanto há esperança.
Não quero falar de política. Quero que a política fale de nós, seja feita para nós e nos sirva. Quero que a política traga no seu coração o povo e que o povo seja quem mais ordene, dentro de ti, ó país.
Não quero falar de política. Quero falar de um sonho de futuro que nos roubam. Quero falar da esperança que ainda tenho.
Não quero falar de política, mas acredito que ela só pode ser feita por todos e todas nós, de cidadania em punho, em cada pessoa.
Não quero falar de política, mas tudo é político, e esquecer isso é esquecer que somos parte dela. Não quero falar de política, mas falei. Quero falar de ti, de mim, de nós e ter o teu ombro lado a lado comigo nas ruas neste dia 2 de Março.

canetas

Merda! mais uma caneta sem tinta!
Abaixo as limitações à escrita com a própria mão! raisparta o governo! isto só pode ser coisa do governo!!!! poxa, caramba!

dou por mim à procura da infinitude da tinta e encontro isto:
http://www.tecmundo.com.br/caneta/5364-conheca-a-caneta-infinita-sem-tinta-.htm
pena o cinzentismo da escrita que nos propõem como alternativa, para além de desconfiar da ecologia da coisa :-(

estou quase a voltar a estas penas, sinceramente, e aos meus 18 anos quando a tinta nunca acabava nas minhas mãos!

feliz descoberta!

Eu escolho ler as cartas que recebo quando bem me apetece.
Se se pode fazer isso com os envelopes que nos chegam pela caixa do correio, também se pode fazer com um email.
Estou contente comigo.
Bom dia, às pessoas aí fora! :-)