quinta-feira, 30 de junho de 2011

Os passos em volta

"— Se eu quisesse, enlouquecia. Sei uma quantidade de histórias terríveis. Vi muita coisa, contaram-me casos extraordinários, eu próprio... Enfim, às vezes já não consigo arrumar tudo isso. Porque, sabe?, acorda-se às quatro da manhã num quarto vazio, acende-se um cigarro... Está a ver? A pequena luz do fósforo levanta de repente a massa das sombras, a camisa caída sobre a cadeira ganha um volume impossível, a nossa vida... compreende?... a nossa vida, a vida inteira, está ali como... como um acontecimento excessivo... Tem de se arrumar muito depressa. Há felizmente o estilo. Não calcula o que seja? Vejamos: o estilo é um modo subtil de transferir a confusão e violência da vida para o plano mental de uma unidade de significação. Faço-me entender? Não? Bem, não aguentamos a desordem estuporada da vida. E então pegamos nela, reduzimo-la a dois ou três tópicos que se equacionam. Depois, por meio de uma operação intelectual, dizemos que esses tópicos se encontram no tópico comum, suponhamos, do Amor ou da Morte. Percebe? Uma dessas abstracções que servem para tudo. O cigarro consome-se, não é?, a calma volta. Mas pode imaginar o que seja isto todas as noites, durante semanas ou meses ou anos?"

in Os Passos em Volta - Estilo, Herberto Helder
eu não quero ser engavetada, encaixilhada, encaixotada...
eu quero ocupar o lugar que me apeteça ocupar, em liberdade, sem que ninguém me arrume.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Eu quero...


para a Ti Lena que hoje foi viajar e não sei quando a volto a ver...


Hoje sentei-me frente ao mar. Chorei até lavar a alma. Aguentarei a saudade com amor. Depois, acendi a lareira. As brasas fizeram-me recordar a braseira debaixo da camilha no 1º andar do nº 20 da Rua da Costa em Castelo de Vide.
- Ti Lena, ó Ti Lena, taz o cafão p'imos à Funtinha... buscar água! - dizia eu com 5 anos, cá em baixo, ao fundo das escadas. E ela vinha a rir e, todos os anos, muitos anos depois, repetia essa minha frase com um sorriso de saudade nos lábios.

sábado, 18 de junho de 2011

Movimento independentista

Compreendo hoje, como quem tem um insight, que o movimento independentista dos Açores não vence (e, talvez, nunca vencerá) simplesmente porque não sabe fazer escola. Atrevo-me a dizer que a burguesia é deles. A escola é popular. E eu sou quase uma independentista popular. E isso não, também não vinga!

sábado, 11 de junho de 2011

Ó meu bem,
Rouba para mim o melhor dos odores que fazem sorrir teu nariz
Embrulha-o num pote de barro
Oferece-mo às escondidas.
Deixa-o no vão da escada onde passo todos os dias distraída.
Quero abri-lo e beber sofregamente desse cheirar assim.
Com tal cheiro vou amar-te bem.
Não achas, ó meu bem?

One Love

a curta metragem começada a escrever há mais de um ano, vai finalmente ser acabada.
está a saber-me bem.
e, percebo apenas agora, Wong Kar Wai inspira-me.
quem me dera uma imagem assim:

luto de quê?

pergunto-me. Se o amor não existe, nunca existiu...
se o meu amor não morreu ainda...

...
luto de quê?

terça-feira, 7 de junho de 2011

quero chorar, quero conseguir chorar muito, por mais uma morte de amor. de luto. tenho direito a estar de luto. mas como posso seguir vendo?

solo tu

no sábado ao fechar apenas a mim este blogue escrevi um post que se chamava "Só eu".
Hoje, recebo no meu muro do facebook uma música que se chama "solo tu" ali pintada pela Magali, do Peru...
As sincronias continuam vivas.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

mate e dia de líquidos

Preparo-me para hoje levar o mate para a cidade e não comer nada o dia todo. O corpo está a pedir isso, no máximo fruta... e líquidos sem álcool... Não sei porquê e sei afinal.

Ojalá - Silvio Rodriguez



Ojalá que las hojas no te toquen el cuerpo cuando caigan
Para que no las puedas convertir en cristal.
Ojalá que la lluvia deje de ser milagro que baja por tu cuerpo.
Ojalá que la luna pueda salir sin ti.
Ojalá que la tierra no te bese los pasos.

Ojalá se te acabe la mirada constante,
La palabra precisa, la sonrisa perfecta.
Ojalá pase algo que te borre de pronto:
Una luz cegadora, un disparo de nieve.
Ojalá por lo menos que me lleve la muerte,
Para no verte tanto, para no verte siempre
En todos los segundos, en todas las visiones:
Ojalá que no pueda tocarte ni en canciones
[ Lyrics from: http://www.lyricsmode.com/lyrics/s/silvio_rodriguez/ojala.html ]
Ojalá que la aurora no de gritos que caigan en mi espalda.
Ojalá que tu nombre se le olvide a esa voz.
Ojalá las paredes no retengan tu ruido de camino cansado.
Ojalá que el deseo se vaya tras de ti,
A tu viejo gobierno de difuntos y flores.

domingo, 5 de junho de 2011

Eleições em Portugal


Qualquer resultado seria uma merda, porque este país pequenino e bebé na democracia não sabe ainda dar luz a quem de facto não tem voz. Hoje, como há um ano atrás, eu continuo a defender que nós, cidadãos e cidadãs insatisfeitas com este país deveríamos ter férias! Fechar o país para obras e reflexão. Imagine-se: um Portugal deserto de pessoas, ninguém, ninguém... Todas as pessoas a viajar para reflectir, para meditar, para tomar decisões, para aprender a olhar, a ser e a fazer.
Depois, devagarinho, poderíamos ir regressando...
Era assim que eu gostava que fosse a partir de amanhã este país.

ANA CAROLINA E SEU JORGE-E ISSO AI por LolaLolita

sábado, 4 de junho de 2011

Só eu

Acabo de o fechar! A este blogue.

Razão

Quando temos razão ficamos grandes! E não duvidamos de nada!

Krishnamurti

"entender é transformar o que é"

quarta-feira, 1 de junho de 2011

voto nulo

Nunca na minha vida de eleitora assídua eu tinha pensado tanto no voto nulo como hoje...
Creio também que essa é a minha clara intenção de voto para as próximas eleições.