terça-feira, 30 de abril de 2013

melhor dormir!


fico estupidamente colada a olhar o computador sem saber 
o que pensar, 
o que fazer, 
onde escrever, 
o que publicar. 

na verdade, 
nenhuma coisa que eu faça hoje é acertada!
vou dormir, então.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Patch Adams - uma referência


Patch Adams fala de amor http://www.youtube.com/watch?v=SSu0lqCBRCk


Patch Adams e (minha mestra) Wendy Ramos no Proyecto Belén, Peru.

É curioso, e não deve ser nada por acaso, que tenho a Wendy Ramos confirmada (e com um mínimo apoio de 1000 euros dado pela DRAC) como encenadora do meu próximo espectáculo clown que se há-de chamar "Dulcineia". Lá para 2014...

55cmx40cmx20cm

diz a ryanair...
eu que sou moça de mochila (para longas ou curtas viagens...) fico despida :-(

estou pronta a fazer uma mala de cartão!



domingo, 28 de abril de 2013

treino emocional

Haverá emoções certas e emoções erradas?
Há emoções. A racionalização delas é que pode ser certa ou errada. Muitas vezes, no entanto, antes da racionalização há a manifestação delas para o exterior de nós.

Então, a forma de comunicarmos as nossas emoções é que pode ser mais ou menos acertada?(assertiva?)

Definitivamente, haverá coisas que não devíamos sentir?
Certo. Acho que sim.
Mas sentimos!
Certo.
Então?!
Manifestaremos, de forma assertiva, essas coisas que sentimos e ... mentimo-nos a nós própri@s.
ou
Manifestamos tal qual as coisas que sentimos e... encontramos a verdade.
Sim.
Mas...
(Gosto pouco de usar o "mas", mas, neste caso, estou mesmo a colocar em diferentes pratos da balança diversos (talvez por opostos) pensamentos com o objectivo de chegar a alguma conclusão.)

Dizia eu, mas...

Há emoções que magoam de sentir, ou que, quando manifestadas, magoam outras pessoas.
Não viemos ao mundo para a dor, creio!
Então, a única solução que se me apresenta é sermos capazes da transformação das emoções, o mais possível junto da sua raiz de nascimento... no estômago, no coração, na alma, no corpo.
Creio, definitivamente, que vale a pena fazer trabalho emocional, treinar o nosso corpo (casa onde vivem e nascem as emoções) para que as emoções menos boas possam simplesmente... aos poucos, deixar de nascer em nós.

"A palavra emoção traduz, em geral, à mente uma das seis emoções ditas primárias ou universais: alegria, tristeza, medo, cólera, surpresa ou aversão." 

"É uma emoção que nos faz sentir se determinada decisão é boa ou não"
(António Damásio)

Não tivesse eu mais nada para fazer, hoje, e acho que ia ler o António Damásio, de fio a pavio.


sábado, 27 de abril de 2013

se esta rua fosse minha

eu mandava-a ladrilhar
com pedrinhas de rubi
só para o meu amor passar.
:-)


esta notícia alegrou-me muito!

http://todasaoministerio.blogspot.pt/2013/04/todas-ao-ministerio.html
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.237917999684535.1073741861.164973233645679&type=1

e, lendo as actualizações ao minuto, só me pergunto:
mas a polícia não tem mesmo mais nada que fazer neste momento?
bolas!

Sim, vou mudar de cama!


quarta-feira, 24 de abril de 2013

Utopia

É bem capaz de acabar assim o espectáculo de hoje à noite!


dia de estreia

Fervilha em mim um nervosinho de dia de estreia.
Passam os anos e continua tudo na mesma, bolas! :-(
Não sei se gosto ou se sou dependente disto.
Confortável não é, definitivamente!


Gracias, Rodolfo

Eu não estava bem, eu queria fechar-me na conchinha... Desaparecer, enfim!
E tinha uma reunião mais ou menos marcada com o outro lado do mar.
Podia não ir. Podia não ligar o computador. Podia, simplesmente, desligar-me do mundo.
Escolhi dizer Não! a umas coisas e Sim! a outras.
Que bom que o fiz!
Falar com o monstro Rodolfo Acosta, o director do Azorteatro, fez-me renascer hoje e voltar a focar-me no que é verdadeiramente importante!
Obrigada Rodolfo. Obrigada!
Creio que não podes imaginar como me arrepiei ao fluir o momento presente. 20 minutos e 20 segundos de cumplicidades que, hoje, me deixarão dormir um pouco mais tranquila.
Um bem hajas pelo entusiasmo e pelo que partilhaste comigo! Seguimos caminho, caminhando!

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Paula Rego é um nome no meio de tantos de emigrantes portugueses


Mas Paula Rego não vai só. 
Leva consigo o seu trabalho do presente e do futuro. E o do passado também.

Leio:
"Duas centenas de obras de Paula Rego deixam Portugal. (...) Com a extinção da Fundação Paula Rego, a artista pediu a devolução de todas as pinturas, desenhos e aguarelas que tinha em Portugal como empréstimo à Casa das Histórias"


Não me preocupa excessivamente que as obras de Paula Rego deixem Portugal. Eu cá gosto do nomadismo e da ausência de propriedade, afinal.
O que não gosto e me preocupa é que Paula Rego seja mais uma EXTRAORDINÁRIA ARTISTA, como José Saramago ou Maria João Pires (para citar apenas dois nomes), a abandonar o país onde nasceu (e onde gostaria de viver e trabalhar), porque os seus compatriotas políticos são demasiado estúpidos e o povo demasiado brando.
Fosse Portugal um país, e a obra de Paula Rego (e ela própria) seriam, nem que fosse já no aeroporto, impedidas de sair por uma orda de gente orgulhosa de ter próximo de si aquilo que é belo e nos torna maiores! Não superiores. Maiores.

Preferia que vendessemos o Convento de Mafra, oulá se não preferia. Mil vezes! Acredito até que isso poderia dar para pagar a dívida externa que se diz que este país tem. Não dava?

la verdad de quienes somos

Tengamos el coraje de zambullirnos en lo profundo de nuestro ser, ahí está la verdad de quienes somos.
(meu muito querido) Kishnamurthi

domingo, 21 de abril de 2013

Gostava de ter sido eu a escrever isto!

"Disculpen si no me levanto cuando veo entrar un politico, estoy pensando."
mas não fui!
O seu a seu dono. O autor da fantástica frase que acabei de citar é o Juan Antonio Jara Soria e a dita cuja foi retirada desta imagem, que por sua vez corresponde a um artigo publicado algures e numa data desconhecida.


curso de tecelagem 3

19.abr.2013
ui, na sexta-feira estivémos a colocar a teia no tear para começar com o linho, na próxima semana. foi montar uma teia à moda antiga!
muito trabalho de músculos e coordenação entre várias mãos aprendizes.
a mim coube-me a tarefa de segurar os mais de 500 fios da teia numa tensão constante. ufff!
alguns erros cometidos enquanto se montou a teia na urdideira sairam-nos caros na altura de a transferir para o tear. mas só assim se aprende.
no final, o trabalho compensou!
diz a mestra D. Lurdes que, apenas quando cada uma de nós saiba montar uma teia, do princípio ao fim, sozinha, tendo para isso que projectar anteriormente o trabalho que quer realizar no tear e saber prever a teia que precisa montar, é que estará apta a ser tecedeira.
aí vou eu :-)
foto: Azucena de la Cruz

A Maura (3 anos) fazendo, da franja do meu tapete, o seu cachecol muito fashion 
("porque que tem a minha cor fa-vo-li-ta!" - disse ela) ;-)

sábado, 20 de abril de 2013

tenho pena :-O

a sério,
dá-me uma certa pena pensar que os morganhinhos andam cheios de fome.
também, o que é que passa pela cabeça daquelas mães ter assim filhos sem garantirem que os conseguem alimentar?!
sorrio ao ver o ar simpático com que me olha, o futuro defunto, em estátua, quase petrificado.
se calhar nunca viu um ser humano.
não me levanto, ele assusta-se não sei porquê e, tarda nada, cai no tacho cheio de água
e morre afogado.
é o que dá eu ter o lava-loiça entupido.
tenho pena.
talvez, amanhã, não tenha que usar lexívia outra vez.

"sangro pero no muero"

é o título de uma exposição de fotografia da artista Isa Sanz feitas com sangue de menstruação.
encontrei esta imagem e algo me faz gostar muito dela!
se estivesse no facebook, colocaria simplesmente um gosto e estava feito! mas aqui nesta minha casa, sinto que posso dizer mais.
no entanto, não me apetece.

fotografia de Isa Sanz
+ fotos podem ver-se aqui.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

curso de tecelagem 2

15 e 16 de abr
tear manual
aprendi a tecer num tear manual, de mesa. volta para cá, volta para lá, bate três vezes com o pente. depois, como fui aprendendo rápido e era perfeitinha, comecei a treinar já os pontos "puxadinhos" que hei-de reproduzir depois num tear de pedais. com agulhas de lã levantei os pontos para depois bater 2 voltas com o pente. Preparada para fazer saias. ;-)

18 abr
urdideira e tear de franjas
preparei a teia na urdideira. adorei fazer este trabalho! e encaixou-me bem nas mãos, como uma dança. mexemos o corpo todo para preparar a teia. gosto!
neste caso, preparámos a teia para depois colocar no tear de 4 pedais, que antes esteve fazendo peças em linho e agora vai fazer outras coisas.
ali ficaram 81 metros de fio, organizados em quase seiscentos fios que se dividiram em 25 cabestilhos.


depois,
comecei a franja do meu tapete cor-de-rosa (ui, que heresia!!!!!). Gostei muito também de a fazer.
recordo que foram 7 fios cor-de-rosa e 6 brancos de 6 metros cada, para um tapete que terá 1,20m de comprimento. No lindo tear de franjas, os fios brancos passaram-se pelo buraquinho e os cor-de-rosa pela ranhura... ai que engraçado!
e depois é só fazer a franja com a lançadeira e muito jeito ;-)
simples, não?

a fazer = a viver

há pouco mais de um mês,
despertei-me com a certeza da inevitabilidade de começar uma nova lista: a lista das coisas com que quero ocupar as horas de cada um dos meus dias, nesta vida.
inconscientemente,
algumas - chamemos-lhes - tarefas continuam a surgir, agora, como certezas por oposição a outras certezas de coisas que tenho feito e quero deixar de fazer.
será certamente difícil, a mudança.
tem sido, aliás, gradual.
uns dias depois de ter afirmado que não era mulher de sacrifícios,
encontro-me com a sensação de que ainda cumpro sacrifícios, afinal.
definitivamente quero viver com ainda menos dinheiro. a questão de um tecto e comida ficam a ser as questões primordiais, essenciais.
a essência. a disciplina. o rumo no olhar coincidente com o do coração.
não quero morrer estúpida. não quero morrer com sonhos por cumprir. não quero viver sem um sorriso na cara. não quero puxar carroças de realizações alheias.
reencontro-me numa espécie de "a minha missão" e isso passa por estar com outras pessoas com Arte.
com a arte própria de ser pessoa, eu mesma, na minha inquietação social e na minha solidão.
fecho-me cada vez mais atrás das rochas.
às vezes, sonho com o anonimato eterno e a transumância do meu próprio caminhar.
às vezes, sonho com ser guardadora de rebanhos.
vegetariana, claro!

quinta-feira, 18 de abril de 2013

banho

Às vezes, tomar banho
é um acto revolucionário!

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Pode um socialista não ser vegetariano?

Pode um socialista do século XXI não ser vegetariano?” é o ousado titulo de um artigo de Jorge Riechmann, publicado originalmente na revista Viento Sur e com tradução em combate.info

Riechmann centraliza o texto nas violentas formas de como a humanidade passou a relacionar-se com a natureza nos últimos anos, originando “guerras climáticas” que destroem o planeta e, naturalmente, degradam a qualidade de vida das pessoas.

Começa por dar especial atenção às alterações do estilo de vida do mundo ocidental nos últimos 30 anos, tendo sido tão agressivas para o planeta quanto em milénios, com impactos na biosfera e ecossistema que nos distanciam daqueles que conheceram e viveram os nosso avós – distanciamento fruto da intensificação do capitalismo galopante, que vem reforçando e criando inúmeras formas de injustiças sociais.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Discover Azores

Também ando por aqui: http://www.discoverazores.eu/ gentilmente inserida no campo performance.
O site foi ontem lançado oficialmente!


novas vivências...

pensando em coisas novas.

“O trabalho principal da nossa mente é criar uma coerência daquilo que existe dentro, com o que está sendo vivenciado fora. Ou seja, se você não alterar a sua programação emocional você pode mudar quantas vezes quiser de esposo (a), empresa ou casa que o problema surgirá novamente, mais cedo ou mais tarde... será apenas uma questão de tempo”, finaliza Rodrigo Fonseca.
retirado daqui

Get ready



Há uns dias recebi por email este presente.
Dizia o envelope: "Get ready you too, woman!"
Continuo a tentar preparar-me.
Não está fácil :-(
Ouço e volto a ouvir esta música. Anima-me o espírito mas ainda não me fez saltar da cadeira.
Anda tudo devagarinho, tão devagarinho. Aprendo a aceitar a energia e o ritmo que me abraça.
Aprendo todos os dias mais um pouco.
"Viver todos os dias também cansa" - não era assim que alguém dizia?

Curso de Tecelagem

foto retirada daqui

Comecei hoje o curso de tecelagem que me levará, diariamente, até ao fim de Junho, à Lombinha da Maia.
Não me perguntei porque raio estou a fazer este curso, porque raio poderei vir a ter um tear em casa, porque farei 70 km por dia para ficar 4 horas agarrada a fios e pedais e pentes, tramas, teias, em silêncio, entre mulheres.
Disse simplesmente: SIM.
Não me perguntei. E não espero respostas.
Sei que não quero ficar velhinha sem saber tecer.
A tecelagem é uma metáfora da vida.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Procura-se uma cama com asas

Na semana passada:
2ª feira - dormi em San Carlos, Uruguai.
3ª feira - dormi em Montevidéu, Uruguai.
4ª feira - dormi no ar, num avião da TAP, algures por cima do Oceano Atlântico.
5ª feira - dormi em Badajoz, Espanha.
6ª feira - uffffa! outra noite na mesma cama!!!! iupiiiii! Veio o período, claro, que a coisa não podia ser assim igualinha à noite anterior!
sábado - dormi em Lisboa, Portugal.
domingo - dormi em Ponta Delgada, Açores, depois de um banho na piscina das Furnas...
Foi estranho!
Bolas...
será que não era boa ideia eu arranjar um corpo cama com asas colado ao meu?

pois...

autogestão!

http://afolha.pt/noticias/1200-catalaes-praticam-autogestao-com

domingo, 14 de abril de 2013

de regresso à ilha

preparando mudanças
e implementando devagarinho.
a horta está linda, por falar em deixar saudades!

quarta-feira, 10 de abril de 2013

coisas extraordinárias

sim, no Uruguay, há imensos autocarros que nos permitem o acesso à internet GRATUITA em andamento!
sim, é isso mesmo.
estou num autocarro para o aeroporto, com o meu computadorzinho ligado :-P

contagens decrescentes... como gosto delas!

faltam três horas para que eu entre no último autocarro dirigindo-me para uma estação de autocarros com asas.
ainda há uma reunião pelo meio do caminho ;-)
e depois
contagem decrescente para um lindo e sempre novo abraço lá do outro lado do mar!

foto Guillermo Rodriguez Dias

até já, Uruguai :-)

sábado, 6 de abril de 2013

Carlos Borthagaray

E isto também é um bocadinho do que cá encontrei ...
para usar e abusar ;-)
Dito de outra forma, Carlos Borthagaray é o professor de danças dos Azoreños e, portanto, será o director de dança do espectáculo CAROLINA!
Ah, pois é: pode-se dizer que a equipa está a vestir-se de gente muito interessante :-)


sem palavras, sobre rodas

se uma fotografia nos pode fazer sonhar passados, presentes e futuros...
mais palavras para quê?


sexta-feira, 5 de abril de 2013

el pampero anda por aqui!!! :-)




O pampero vem do sul, da Antártida, dá para entender?
Dizem que é frio e limpa tudo!!!
(Ainda não senti frio nenhum. Apenas o susto de acordar de hora a hora com os relâmpagos e os trovões. uff, fortes estas tempestadinhas armadas em tropicais!)

Já quando "o vento vem de leste, há água como peste".

Em algumas terras o vento norte põe as pessoas "malucas".
No mediterrâneo, dá-nos a tramontana! (e em Portugal também!!)
Nos Açores o vento norte queima muitas vezes as colheitas, destroi abrigos, vem loucooo!
No fundo, tantas influências do vento nas cabeças das pessoas! Há uma certa similitude no assunto cabeça e ar!
E que a cabeça é a parte do nosso corpo que anda lá mais no alto, mais próxima das núvens...
Por essas e por outras, não deveria ser tão estranho uma pessoa tentar caminhar mais vezes fazendo o pino.
Seria como baixar das núvens, não seria?
Por oposição, os pés afastar-se-iam de andar bem assentes na terra!
bolas, confesso que acho difícil perceber qual o sítio certo para cabeça e pés :-)

Mais sobre el pampero: http://es.wikipedia.org/wiki/Pampero



quarta-feira, 3 de abril de 2013

os homens beijam-se na cara... e mais

Soube, há dias, que este hábito de os homens, no Uruguai e na Argentina, se beijarem na cara não é muito antigo. Tem a idade aproximada de terem começado a beber, da revolução russa, costumes e ideologias. Ou seja, terá começado nos anos 60 do século XX.
Não deixa de ser bonito de ver.
É, aliás, muito bonito de ver.

20h00
A esta hora, o Bar 36 enche-se de homens de meia-idade. Conversam, bebem o seu copo na mesa ou ao balcão e são, certamente, vizinhos da rua, vivendo nas antigas casas coloniais de tectos altos e fachadas de pedra trabalhada.
Lá fora, numa das mesas, um homem bonito de lenço na cabeça e cão aos pés, canta alto a música que lhe entra pelos ouvidos.
O varredor continua, há horas, a apanhar as folhas dos plátanos para sacos pretos, uns a seguir aos outros. Ainda não descobri para onde leva as folhas todas que apanha do chão.
Aqui dentro, futebol sem som na televisão e o Chico Buarque canta: existiria verdade, verdade que ninguém vê, se todos fossem no mundo iguais a você.
O cheiro a massa de pizza e a fainá entranha-se-me pelo nariz.


blogar em Montevideo


Creio que, já há uns anos, me surgiam pensamentos comparativos entre os Açores e o Uruguai. Talvez valesse a pena consultar a etiqueta Uruguai deste blogue, mas ainda assim, o hoje é o que resulta do que vi e vivi no ‘ontem’.
Hoje, detenho-me a olhar para um país com 3 milhões de habitantes (metade dos quais vivem na capital), com uma área territorial igual ou superior à de Portugal, plano (o ponto mais alto ultrapassa pouco os 500 metros), com uma grande extensão de costa e uma baixíssima burocracia. A geografia talvez afecte a horizontalidade das relações – penso. Sempre em frente, olhos nos olhos, não há que escalar montanhas nem a necessidade de escorregar do cimo do monte. Olho para a rapidez com que consigo uma reunião com ministros, directores, sub-directores de ministérios, embaixadores, etc etc etc e pergunto-me:
- Porque burocratizamos tanto, lá do outro lado do mar? Será que emburrecemos, de facto, com o peso da história a corresponder ao peso da independência? A independência de Portugal tem 8 séculos. A do Uruguai ainda não tem 200 anos. A autonomia dos Açores quantos anos tem?
Pergunto-me se, em democracia, não deveria ser sempre assim simples o acesso e o encontro entre cidadãos/ãs e as pessoas (por nós eleitas) que ocupam cargos de maior poder político.
Simples, rápido, eficaz.
Se se faz num país com 3 milhões, porque não se faz numa região com 260 mil pessoas?

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As encadernações térmicas são caras. O café é caro. O salário mínimo é praticamente igual ao nosso (ou mais elevado). A cerveja bebe-se ao litro (partilhada entre várias pessoas) e uma delas tem nome de mulher. Estão 21 graus em Montevideo, 83% de humidade. Sinto-me em casa. A cidade tem a mesma luz de Lisboa. A ciudad vieja é muito bonita e o mar está sempre a meia dúzia de quadras (quarteirões) ou menos. A senhora da loja de ferragens, onde tenho que comprar uma ficha adaptadora para o meu computador, nunca esteve em Cabo Polónio. Eu vivi lá 2 meses e filmei um documentário. A subdirectora do Ministério de Relações Exteriores (correspondente aos nossos Negócios Estrangeiros) não sabia que São Carlos tinha sido fundada por açorianos e cumpria já 250 anos de vida, mais do que a independência do país. A sua confissão revela uma humildade e honestidade raras vezes vista em pessoas que ocupam aqueles cargos políticos.
O encargado de negocios da Embaixada de Portugal (cargo que substitui, aqui, neste momento, o de embaixador) chegou, pela primeira vez, anteontem (não, não era mentira de 1 de Abril!), ao Uruguai. Hoje, recebe-nos em audiência.
O director de programação do Teatro Solis é argentino e deixou-nos as portas bem abertas naquele teatro (corresponde a um Teatro Nacional, em Portugal ou em Espanha) para integrar o nosso espectáculo na “Montevideo capital iberoamericana de la cultura” até Março de 2014.
O fainá é delicioso. O mate é inevitável. As pessoas são encharcadas em amabilidade, quando nascem. Merecem ser gostadas, claro!
Os olhos abrem-se mais do que é costume, com muita regularidade. Esse movimento combate o aparecimento de rugas. As velhas são sempre bonitas!
Os cafés são lugares de encontros, solidões e cultura para ser vividos horas sem fim.
Os carros com mais de 60 anos ainda circulam e os topo de gama também convivem com estes.
As mercearias, restaurantes, supermercados, gelatarias, pizarias fazem entregas ao domicílio sem custos adicionais até à 1h da manhã.
As pessoas mais pobres são responsáveis por fazer a reciclagem no país. Com uma carroça puxada por um cavalo ou simplesmente com um carro de mão, recolhem das portas das casas e junto aos contentores, os papéis, cartões e plásticos separados e limpos por quem os deita fora, que vendem, depois, nas fábricas de reciclagem.
Peço um café en taza no El Candil em Paraguay esq. San José. Chega-me um tabuleiro com o ‘meu’ café, acompanhado de 1 copo de água, um copo de sumo de laranja, uma noz de natas, uma taça de pipocas, um caramelo, duas tacinhas (uma com canela em pó, outra com cacau em pó), um bolinho em miniatura. Consuma tudo ou nada, o café custa sempre o mesmo. É o carinho que vem de oferta. Pequenos gestos, em todos os lugares, que nos convidam a regressar ou nos levantam a curiosidade para descobrir outros cafés.

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Ontem, a folha de um plátano voou e entrou pela janela a beijar-me a cara, no bar 36. Pousou no teclado do computador onde eu falava com um amor.
Os momentos simples vestem-se de magia e enchem-se de uma sensação de alegre surpresa.
Chuviscava. Depois chovia. Um homem, a pé, puxava uma mangueira de água ligada a um camião cisterna que passava lento. O homem lavava as ruas e a chuva lavava-o a ele.
Depois, a noite afundou-se na tempestade. Os relâmpagos não paravam de se suceder. Os trovões ressoavam nas ruas como bombas. Umas perto. Outras longe. Chovia muito. E nós, eu e os outros, caminhámos de mini-saia (ou calções) e manga curta.
Ninguém corria debaixo de água. Ninguém usava chapéu-de-chuva.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

campo santo

de regresso,
a visitar o campo santo
atrás da igreja de San Carlos,
como se fosse ainda a primeira vez.