Continuo a sentir-me imensamente privilegiada pela generosidade destas mulheres que simplesmente pelo facto de me abrirem a porta, deixam que o mundo já se vá pondo um bocadinho melhor!
terça-feira, 24 de março de 2015
uma picarota em Palmela
Continuo a sentir-me imensamente privilegiada pela generosidade destas mulheres que simplesmente pelo facto de me abrirem a porta, deixam que o mundo já se vá pondo um bocadinho melhor!
segunda-feira, 23 de março de 2015
de Herberto Helder
Não sei como dizer-te que minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
— eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.
Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
— E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
— não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.
Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço —
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave — qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,
que te procuram.
(excerto do poema «Tríptico», publicado em A Colher na Boca, 1961)
ganhos e perdas
Caminhando pela cidade, dirijo-me à paragem do autocarro, enquanto decido:
- Vou deixar de me queixar pelo facto de não ter carro... vou deixar de ter a boleia como primeira alternativa... vou aproveitar o que a vida de transporte público me dá.
e pensava coisas novas e tinha ideias plim...
sento-me à espera. 5, 10, 15 minutos...
e o autocarro não vem.
resultado?
aquele que eu ia apanhar não passa naquela paragem.
passadas 2h chego a casa. os 10 km que separam a minha casa da cidade saem muito caros, assim.
ganhos?
apanho outro autocarro, e caminho mais 15mn para chegar a casa. venho à beira-mar, passo por uma resma de homens que silenciam a conversa quando passo, digo boa tarde às pessoas, cumprimento um cão, sorrio, exercito o corpo e a mente...
- Vou deixar de me queixar pelo facto de não ter carro... vou deixar de ter a boleia como primeira alternativa... vou aproveitar o que a vida de transporte público me dá.
e pensava coisas novas e tinha ideias plim...
sento-me à espera. 5, 10, 15 minutos...
e o autocarro não vem.
resultado?
aquele que eu ia apanhar não passa naquela paragem.
passadas 2h chego a casa. os 10 km que separam a minha casa da cidade saem muito caros, assim.
ganhos?
apanho outro autocarro, e caminho mais 15mn para chegar a casa. venho à beira-mar, passo por uma resma de homens que silenciam a conversa quando passo, digo boa tarde às pessoas, cumprimento um cão, sorrio, exercito o corpo e a mente...
lei de hoje
Abstenham-se de aproximar de mim críticas, queixas, determinações negativas.
Fico surda para essas palavras.
(por causa disto: http://evolucionconsciente.org/40-formas-de-eliminar-el-karma-de-tu-vida/)
Fico surda para essas palavras.
(por causa disto: http://evolucionconsciente.org/40-formas-de-eliminar-el-karma-de-tu-vida/)
sexta-feira, 13 de março de 2015
woman at work - 39 fotos e mais uma!
A propósito do nº 39,
no mês do meu 39º aniversário, partilho uma foto que podia muito bem fazer parte da série de 39 que o Huffington Post publicou no passado dia 6 :-)
no mês do meu 39º aniversário, partilho uma foto que podia muito bem fazer parte da série de 39 que o Huffington Post publicou no passado dia 6 :-)
Foto©Maria Simões. Perú.2010
quarta-feira, 11 de março de 2015
Necessitamos de arte
"El arte en todas sus manifestaciones constituye una característica
esencial que identifica al ser humano, ha permitido transmitir la
cultura en toda su extensión y ha sido y es básico para su
supervivencia. Nuestro cerebro plástico necesita el arte. Ya en los
primeros años y de forma natural el niño juega, canta, baila, dibuja y
todas estas actividades son imprescindibles para su correcto desarrollo
sensorial, motor, cognitivo, emocional y en definitiva cerebral que le
van a permitir aprender a aprender. Y realizando todas estas actividades
el niño se divierte, muestra orgulloso sus resultados a los demás,
intenta mejorar y ésta es una forma efectiva de entrenar una de las
grandes virtudes del ser humano: el autocontrol.
La educación artística es una necesidad no porque nos haga más
inteligentes sino porque nos permite adquirir toda una serie de
competencias y rutinas mentales que están en plena consonancia con la
naturaleza social del ser humano y que son imprescindibles para el
aprendizaje de cualquier contenido curricular. Y esto es útil para todos
los alumnos, por lo que se convierte en una forma estupenda de atender
la diversidad en el aula."
continuar a ler aqui
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domingo, 8 de março de 2015
O país está electrificado...
O país está electrificado. Restam algumas casas isoladas ou apanhadas
pela pobreza extrema, como a que Olga partilha com o irmão ou a que João
habita sozinho no Marco de Canaveses.
O alecrim e o tomilho não disfarçam o cheiro a fumo entranhado na casa de granito tosco. É uma casa pequena, apenas um quarto a dar para uma cozinha, sem chaminé, nem luz, nem água, nem gás, nem chão fiável, só alguns móveis e a lareira que Olga Ribeiro daqui a pouco acenderá.
Nunca teve electricidade. “Antigamente, ninguém tinha”, diz a mulher de rosto redondo, rosado. À luz da candeia, fazia-se muita lida de casa — e até trabalho agrícola. Mudou-se para esta casa aos seis anos, já lá vão 34, mas não a toma por sua. O senhorio morreu. “Os herdeiros não vieram procurar renda. Se ponho luz, ainda aparecem aí a dizer: ‘Quem mandou?’”
Há uns anos, atreveram-se a deitar uma camada de cimento no chão do quarto. O que lhes custou juntar dinheiro para aquilo! Na cozinha deixaram estar a terra e a pedra irregular. Nunca fizeram casa de banho. Lavam-se num balde grande, de plástico, igual ao que outros usam nas vindimas. Nunca fizeram retrete. “É lá fora, ao ar livre”, diz ela. Não têm água canalizada. “Vamos buscá-la à fonte.”
Num canto da cozinha, sobrepõem-se rolos de loureiro que o irmão, António, cortou com o serrote oval, agora pendurado na parede. António não se vê. Anda de roda das três ovelhas. Só Olga está em casa. Foi buscar uma couve penca à horta. Daqui a nada, há-de pôr a panela ferrugenta ao lume, com a couve, um punhado de feijão, três ou quatro batatas e água a cobrir tudo isso.
(continuar a ler aqui)
foto: Adriano Miranda / texto: Ana Cristina Pereira
O alecrim e o tomilho não disfarçam o cheiro a fumo entranhado na casa de granito tosco. É uma casa pequena, apenas um quarto a dar para uma cozinha, sem chaminé, nem luz, nem água, nem gás, nem chão fiável, só alguns móveis e a lareira que Olga Ribeiro daqui a pouco acenderá.
Nunca teve electricidade. “Antigamente, ninguém tinha”, diz a mulher de rosto redondo, rosado. À luz da candeia, fazia-se muita lida de casa — e até trabalho agrícola. Mudou-se para esta casa aos seis anos, já lá vão 34, mas não a toma por sua. O senhorio morreu. “Os herdeiros não vieram procurar renda. Se ponho luz, ainda aparecem aí a dizer: ‘Quem mandou?’”
Há uns anos, atreveram-se a deitar uma camada de cimento no chão do quarto. O que lhes custou juntar dinheiro para aquilo! Na cozinha deixaram estar a terra e a pedra irregular. Nunca fizeram casa de banho. Lavam-se num balde grande, de plástico, igual ao que outros usam nas vindimas. Nunca fizeram retrete. “É lá fora, ao ar livre”, diz ela. Não têm água canalizada. “Vamos buscá-la à fonte.”
Num canto da cozinha, sobrepõem-se rolos de loureiro que o irmão, António, cortou com o serrote oval, agora pendurado na parede. António não se vê. Anda de roda das três ovelhas. Só Olga está em casa. Foi buscar uma couve penca à horta. Daqui a nada, há-de pôr a panela ferrugenta ao lume, com a couve, um punhado de feijão, três ou quatro batatas e água a cobrir tudo isso.
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sexta-feira, 6 de março de 2015
Nidaa Badwan - uma fotógrafa encerrada no seu quarto na faixa de gaza
Foi durante mais de um ano que Nidaa Badwan praticamente não saiu do seu
quarto. Tinha pouco mais que 9 metros quadrados. Com apenas uma janela e
um candeeiro, isto foi muito mais que uma mera birra: a fotógrafa
mostra-nos o que esteve a fazer durante tanto tempo, e como criou o seu
próprio mundo no meio de uma zona de conflito.
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