Pão por deus

31 de Outubro de 2012
22h22
Acabo de fazer o meu coração de pão-por-deus.
Está pendurado por trás da porta, em cima da caixa de correio ;-)

sonhos

Estás ao meu lado e dirigimo-nos, por um corredor sem muita luz, para o elevador. Não te vejo a cara porque sou mais baixa do que tu e a câmará está, definitivamente, à altura do meu olhar. Sou eu que olho. Dou-te pelo ombro. Tens os ombros largos. Emagreceste, nos últimos dias.
Entras no elevador à minha frente.
É daqueles antigos, com uma porta interior tipo cortina que temos sempre que fechar antes de o fazer andar.
Eu aguardo uns segundos por alguém que vinha mesmo atrás de nós e, afinal, demora a chegar. Eu só quero despedir-me, dizer algo como "até amanhã" ou "até logo".
Tu estás dentro do elevador. Não te vejo a cara mas sei que sorris para mim. Achas lindo eu querer despedir-me. Aguardamos mais um pouco. Eu entro no elevador. Mantemos a porta aberta e continuamos a aguardar.
A espera é lenta.
Delicadamente, muito delicadamente, dás-me a mão esquerda e com a direita fechas lentamente a porta de rede interior, deixando para mim a decisão de levares esse acto até ao fim. Estás a fechar a porta do elevador e não olhas para ela, mas para a minha boca. Eu só vejo a porta a fechar-se na tua mão, e é como se o movimento do "adeus" fosse perfeitamente comandado pelo meu olhar. Sorrio.
A porta fecha-se. Apontas o botão com o indicador para o último andar do prédio. Olhas-me. Aceno um "sim" com a cabeça. Pressionas o botão. Subimos.
Eu não precisava despedir-me.

la bicicleta del panadero

"los descontentos y los debilies hacen la vida mas bella"
(La bicicleta del panadero, de Juan Carlos Mestre)

Obrigada, Andi, por esta partilha saborosa!
e, em entrevista, que delicadamente me embalou o ouvido, diz Mestre:

"la poesía esta relacionada, así, con la felicidad de los sueños pendientes de ser soñados
pero también con la desobediéncia de lenguage, no? (...)
la poesía es un acto de legitima defensa contra la soberbia obstinación del poder para mentir"

E eu gosto, gosto já muito. Por isso, toca a pedir ao padeiro que traga a sua poesia, na bicicleta, até à minha mesinha de cabeceira.

You Can't Win, Charlie Brown

Que todos os dias fossem assim!
Over The Sun/Under The Water

quero um avião

Viver nos Açores não é realmente viver na Europa. Para o bem e para o mal.
Acabo de saber de um workshop que gostava muito de ir fazer a Sevilha, no fim-de-semana de 9 a 11 de Novembro. Consulto de imediato os preços da Sata para me pôr em Madrid: 500 euros. Esqueço. Para me pôr em Lisboa: 187 euros... pois sim, preçozinho de residente!
e depois, chegar a Sevilha, alojamento, comidinha... a inscrição no curso?
Poxa, é tão difícil crescer hoje em dia!
:-(

humildade

A humildade não mora, definitivamente, na garganta.
Mora no coração.

Acabo de receber um email nada humilde.
Fico triste.

domingo

Acordo sorrateiramente às 7h da manhã.
Um sol inesperado nasce a leste do meu coração e sinto a tua mão que o agarra e o acaricia.
Estranho e raro sentir que o aperta sem lhe tocar.
Medito mais tempo do que o habitual. É domingo e a lua está cheia nas noites.

Fico a olhar o tempo e o corpo paralizados. Durmo em pé.
Estou calma, demasiado calma,
desejando as tuas mãos
e um abraço.

O café arrefece a olhar para a minha boca.
Nasceram melros novos na minha janela, junto ao telhado.

Melancolia deve ser isto, este abandono a que me dedico
e me paraliza os passos.
Não ouso pensar, não ouso sonhar, não ouso ser-me em mim.

Hoje é dia de falar com os anjos!

porta vermelha

Há muito tempo que penso nisto.
Brevemente, debaixo do 44, nascerá uma porta vermelha.
Sei que não vou conseguir mudar o telhado da casa, mas continuarei a correr atrás de moinhos...

foto retirada de: http://www.visitazores.com/

confissões da Luna

Eis o que a minha menina palhaça Luna escreveu ontem na sua própria página do Facebook. 

"Eu, Luna, me confesso: Roubei a peruca à padeira Francisca da Maria antes que ela a usasse... roubei emprestada. roubei alugada. roubei porque fico muito gira! roubei. ponto. 
(desculpa, Maria) E agora, como é que vamos fazer?"

E agora digo eu: isto está bonito, está! Ela habilita-se é a já ter cabelo para o seu próximo espectáculo como "Dulcinea". Afinal, a encenadora sou eu, mesmo! :-P

I wish I was special...

"Someone special" ouvi hoje.
E só penso em como "Creep" é tão especial para mim...
I wish I was special
E os Pretenders cantam muito alto na aparelhagem da minha sala de fogo.

pelos caminhos da ilha... verde!

el Chapron

de Ana y Gustavo

o meu site

Ainda não percebo bem porque senti necessidade de criar "o meu site"... ufa, que canseira!
enfim, está criada e pode ser visitado aqui.
Opiniões sobre a sua funcionalidade, estética, simplicidade, clareza, enfim, todas as opiniões são bem-vindas.
Obrigada!

agora que nos encontrámos...

foto de: Simon Koopmann

quotidianos sim

Sim, o arroz tem ameixas secas.
Sim, hoje vesti o avental para lavar a louça e cozinhar e a fita deu-me duas voltas à cintura.
Sim, está deliciosa a sopa de beldroegas.
Sim, a lareira foi acesa quando ainda era dia.
Sim, hoje esqueci-me da chave dentro de casa e fiquei fechada na rua!
Sim, ontem andou um ratinho na cozinha e não o matei.
Sim, as lesmas gostam de cerveja e se morrerem é de coma alcoolica!

Amélie

"Sans toi, les émotions d'aujourd'hui 
ne seraient que la peau morte 
des émotions d'autrefois."
"Sem ti as emoções de hoje serão apenas a pele morta das emoções do passado."

(Hipólito, retirado do filme "Le fabuleux destin d'Amélie Poulain)

Flotando

Quiero seguir 
flotando en tu recuerdo
Quiero seguir para allá de los huesos
donde hay la vida interna
internalizada
entera

inesperados

Às vezes,
quase sempre na vida,
os inesperados aparecem quando menos se esperam.
é assim.
O que é que se há-de fazer?

Mas, sinceramente,
agora não me faltava mais nada, pois não?
Sacana do Universo.

olhando para o lado

 

foto: Catarina Fernandes

Estou assim
olhando para o lado
para não ver o que tenho à frente
e tão longe de mim

medo e desejo

felizmente, hoje volto a acender a lareira, o sting está novamente cá em casa a cantar só para mim e para a Macua um magnífico concerto acompanhado de orquestra que já publiquei aqui algures no passado destas mesmas emoções...
medo e desejo.
alegria e sorrisos na pele
medo
medo
medo.

como eu sempre digo, e muito bem, aliás, o medo vai-se embora quando o olhamos nos olhos e lhe chamamos pelo seu próprio nome.
vamos ver, como se chama este medo?

Tiempo y silencio

ui, e agora?

Mas será que tu me queres matar do coração?
Isso são coisas que se digam?!
O que faço com isso que me dás, agora?

casar

qual é o sentido de casar para mim?
é viver junto o amor.
simplesmente isso. nada mais.
queres casá? queres noivá? casas comigo? Amas-me?
são tudo sinónimos para mim.

ainda não canto o requiem do sonho :-)

blogue público?

já não escrevo todos os dias
e hoje apetece-me que este blogue seja público.
que tenho a esconder afinal?!
nada.
       gostava.
pouco.
      sim.
quero esconder sim. mas tenho pouco para isso.
acontece que tenho medo das perguntas
dos juízos
das interpretações

quero libertar-me do pensamento dos outros.

continuo assim e o blogue vira público em dois tempos
respiro
já vai, já vai