Quando, aqui, digo que cheira a neve, as pessoas franzem o sobrolho com um olhar estranho. Não sabem do que estou a falar. Não conhecem a neve nem o seu cheiro. "Sim, cheira a neve" - estou-me a repetir. Olho para o vento e vejo que vem do sul. Sei que é o pampero que aí vem. Lentamente aproxima-se, dia-a-dia. Pergunto se reconhecem o cheiro do pampero. Dizem que sim... não tanto um cheiro mas um estado que se avizinha. Estudo. O pampero vem do antártico gelo do sul. Como não há-de cheirar a neve?! Parece poesia que, ao sol, estejam 20 graus aqui. O mundo é um lugar estranho!
Ontem, o momento alegre do dia vestiu-se com uma joaninha na minha mão. Deixou-se fotografar para ser partilhada e, depois, voou para longe.
No outro dia soube que, para tirar a carta de condução no Uruguai, ninguém tem que ir a aulas de condução nem de código. Basta que aprendam com algum amigo, familiar ou conhecido e se proponham a exame. Não é de estranhar que ninguém saiba nada de regras de trânsito.
Hoje, andei de autocarro até Maldonado. Reparo que a paleta de cores e formas das pessoas é extremamente europeia. No inverno, vestem azuis, cinzentos e pretos. Apenas duas pessoas usam casaco vermelho. E ficamos por aqui. Ninguém tem rascos indígenas, nem negros. Europeus, europeus, europeus. Demasiado europeus para que eu me sinta tão estranha aqui, como lá.
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