domingo, 15 de agosto de 2010

Kachiqhata (de novo) y Tancca

KACHIQHATA
Faz-me muita impressao prometer e nao cumprir. Daí que cada vez prometo menos. Prometo quase nada. Sou futuro para quase ninguém. Do presente sim, cuido! De qualquer maneira, soube muito bem voltar hoje a Kachiqhata para deixar cerca de 30 cedros de altura (de los Andes) para aquela comunidade abastecer aquele que já chamam o seu jardim botânico. Depois, fomos visitar o Jorge. A mae Rosa fazia hoje 42 anos, convidara-nos ébria para uma chicha. Aparecemos sem ter prometido. Quase nao se lembrava de nós no ontem. Mas o Jorge, a Pamela, o Jose Luis vieram a correr dar-nos abraços às pernas que dobrámos para entregar nossos abraços aos abraços. Ajoelhamo-nos na terra, fomos levadas às àsvores plantadas ontem (para que nos mostrasse como já a tinha regado e mimado hoje), disse-nos que o seu pai nao tinha entendido o que lhe havíamos explicado (e ele tentou transmitir-lhe) sobre o mal que fazem os eucaliptos, fizémos pássaros de papel que penduraram felizes nos ramos dos pessegueiros, fizemos um autêntico jardim zoológico de papel, porque depois vieram os pedidos de cobras, touros, vacas, porcos, um barco, um chapéu, um pato... enfim, tudo seria outra vez demasiado para explicar. O forno feito de pedras no jardim, o porco morto "depenado", aberto, temperado com caril, alho e cominhos, a fatia de bolo de amêndoa que veio a pé, nas maos da Jessica - a filha mais velha-, desde Ollantaytambo, o avô que nao falou e nos beijou, a avó que era todo um sorriso (até aos ossos!)... Um dia a Jessica vai à Europa, lá para Dezembro.
- Telefona, entao! Pode ser que estejas perto de nós... a que país vais?
Aponta o papel onde eu acabara de escrever a morada das Descalças, Ponta Delgada, Azores, Portugal e responde:
- A esse. (e as lágrimas bailavam-lhe nos olhos na despedida)

TANCCA
O Lucas (e os filhos), a Orlinda, a Rosa, o Leoncio, a Teodora, a Maribel, a Luísa, a Marilin, a Fátima... Em Tancca distribuímos cedros de altura, alisos y huaranhuays a homens e mulheres que trabalhavam os campos...
Há muitas diferenças entre a nossa forma e a dos políticos/as... Nós somos um bocadinho mais discretas. Nao prometemos nada a nao ser o bem que as árvores lhes possam devolver. O ar que respiramos. As árvores antigas que no malogran a la Pachamama... Pelo caminho apertamos maos, recebemos gracias, gracias, gracias señoritas,  dao-nos beijos e soa-lhes tao raro que alguem de tao longe se tenha lembrado daquelas mamitas y papitos... Enfim, prometer nao lhes prometemos nada.  Acho que isso tranquiliza as pessoas.

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