tudo volta ao início
a não saber, afinal, o que morreu em nós
um início que não é início mas volta
volta e meia e é mais uma viragem na espiral
volta a Holly Cole a cantar dentro de mim
volta a alma a confundir-se com o espírito
volta e meia volta há-de voltar
volto ao silêncio que me fala
e às palavras que não há
volta uma sensação de verdade
de certezas
e as tuas mentiras a cheirar o medo
calo tudo o que sinto
não tem "até quando?"
calo e calo-me
violento... voo lento
vou
volto
volta
volta e meia
sou.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Mulheres na pesca
Um filme.
Estou na Ribeira Quente há demasiadas horas agarrada a filmar com uma câmara colada à mão e ao ombro. Mais um dia à procura?
São mais de 20, as mulheres. Acho que perdi a primeira cassete filmada e... todas estão num contexto que não lhes é natural nem rotineiro. Isto é tudo difícil, as decisões a cada milésimo de segundo, a escuta atenta e os poros todos a respirar um filme que nem sei o que é...
Vinha à procura de começar algo...
e... tenho muito, muito, muito por onde seguir...
Estou na Ribeira Quente há demasiadas horas agarrada a filmar com uma câmara colada à mão e ao ombro. Mais um dia à procura?
São mais de 20, as mulheres. Acho que perdi a primeira cassete filmada e... todas estão num contexto que não lhes é natural nem rotineiro. Isto é tudo difícil, as decisões a cada milésimo de segundo, a escuta atenta e os poros todos a respirar um filme que nem sei o que é...
Vinha à procura de começar algo...
e... tenho muito, muito, muito por onde seguir...
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Falar?
Às vezes é tão difícil falar...
Porque não encontro as palavras? De que tenho medo? De não usar as certas? Quais são, afinal? Nunca há as palavras certas, certo? Porque não digo o que quero, quando quero, a quem quero?
Limites de liberdade? Respeito? Estupidez? Dúvida? Não, dúvida não. Timing? O tempo a esquartejar as metades? Quando é a hora certa para o falar da alma? Não do espírito, da alma...
A hora certa é quando é.
"O homem solitário, ao conviver com a mulher-foca/mulher-alma, é tocado pela grandeza e fica, portanto, encantado, enriquecido e humilhado ao mesmo tempo" (in Mulheres que correm com os lobos)
Porque não encontro as palavras? De que tenho medo? De não usar as certas? Quais são, afinal? Nunca há as palavras certas, certo? Porque não digo o que quero, quando quero, a quem quero?
Limites de liberdade? Respeito? Estupidez? Dúvida? Não, dúvida não. Timing? O tempo a esquartejar as metades? Quando é a hora certa para o falar da alma? Não do espírito, da alma...
A hora certa é quando é.
"O homem solitário, ao conviver com a mulher-foca/mulher-alma, é tocado pela grandeza e fica, portanto, encantado, enriquecido e humilhado ao mesmo tempo" (in Mulheres que correm com os lobos)
sincronias que não entendo...
Hoje, pela manhã, tinha uma carta no pára-brisas do meu "abandonado" carro. Era do Duarte. Passada uma hora, uma mensagem de alguém em quem não pensava há muito tempo. Era o Guy. Agora escreve-me o Nestor (de Buenos Aires)... O que é que eu fiz? Nada, provavelmente fiquei parada e as coisas acontecem...
política e silêncio
Confesso que gostaria de ter as coisas mais claras em mim.
Há um bicho político que sempre ferve e que reclama permanente justiça, igualdade, respeito. Que fala, fala, fala sem parar. Que tem sempre muito e tudo por dizer. Que pensa, actua e às vezes grita!
Há um bicho poesia, amor, calma... muita calma. Calado. Atento. À escuta e à espreita. Às vezes pensa, outras demite-se de pensar.
Eu sou esta dualidade ou é a dualidade que habita em mim?
Nem sempre há paz nesta convivência dos bichos e na partilha da casa.
O meu corpo-casa às vezes não tem espaço para essas duas mulheres.
Há um bicho político que sempre ferve e que reclama permanente justiça, igualdade, respeito. Que fala, fala, fala sem parar. Que tem sempre muito e tudo por dizer. Que pensa, actua e às vezes grita!
Há um bicho poesia, amor, calma... muita calma. Calado. Atento. À escuta e à espreita. Às vezes pensa, outras demite-se de pensar.
Eu sou esta dualidade ou é a dualidade que habita em mim?
Nem sempre há paz nesta convivência dos bichos e na partilha da casa.
O meu corpo-casa às vezes não tem espaço para essas duas mulheres.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
À esquerda
Eu ando do lado esquerdo do passeio e da vida.
Eu sinto o lado esquerdo a mais.
Eu amo virada para o lado esquerdo do sonho.
Tudo o que fica do outro lado que não vejo
é vão,
vazio,
ausência em mim.
Sou então uma mulher em desequilíbrio
quase a cair.
No fundo da queda há um lado esquerdo roto
rasgado
nu
ensanguentado.
Gosto muito mais desse lado
que se cicatriza e cresce desmesuradamente.
Há que cuidar do outro também.
Não quero parecer a mulher elefante.
No que já sou afinal.
Eu sinto o lado esquerdo a mais.
Eu amo virada para o lado esquerdo do sonho.
Tudo o que fica do outro lado que não vejo
é vão,
vazio,
ausência em mim.
Sou então uma mulher em desequilíbrio
quase a cair.
No fundo da queda há um lado esquerdo roto
rasgado
nu
ensanguentado.
Gosto muito mais desse lado
que se cicatriza e cresce desmesuradamente.
Há que cuidar do outro também.
Não quero parecer a mulher elefante.
No que já sou afinal.
sábado, 20 de novembro de 2010
inebriante?
Sim, talvez seja isso.
como o alcool, as drogas, o tabaco... há pessoas que também são inebriantes...
entro no labirinto.
levo o fio de Ariadne no bolso.
às vezes não tenho bolsos. às vezes falta-me o fio.
levo o amor.
como o alcool, as drogas, o tabaco... há pessoas que também são inebriantes...
entro no labirinto.
levo o fio de Ariadne no bolso.
às vezes não tenho bolsos. às vezes falta-me o fio.
levo o amor.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Adicta?
Se há ou não uma adicção é uma dúvida ainda.
Procura-se o diagnóstico.
Vive-se a metáfora de ser médica e monstra, sem querer chegar a fundo de poço nenhum.
Vício de amar. Obsessão. Doença. Adicção. Afectos.
Contradição com pessoas incapazes de amar...
doentes também, obsessiv@s também, adict@s também.
É uma doença em mim. É uma doença em ti.
ai.
Procura-se o diagnóstico.
Vive-se a metáfora de ser médica e monstra, sem querer chegar a fundo de poço nenhum.
Vício de amar. Obsessão. Doença. Adicção. Afectos.
Contradição com pessoas incapazes de amar...
doentes também, obsessiv@s também, adict@s também.
É uma doença em mim. É uma doença em ti.
ai.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Erro do Amor
errado o amor
ou são os dias úteis demais
amando demais
tudo em excesso
É demasiado íntimo, é meu. Não sei se demasiado, se meu só. Escrever, escrever, escrever quando sei que, no final, vai ser de toda a gente.
Pausa. Pausa. Pausa
O corpo queria dormir agora porque o coração lhe ordenou, na noite, que amasse. O coração ordenou ao corpo! A cabeça está só aqui a transformar isto em palavras e a agarrar na caneta e a escrever no papel. Desculpem. Não quero estar hoje aqui. Melhor, quero estar aqui mas não que olhem para mim. Larguem-me! Deixem que vos largue. Quero ser um pedaço de madeira neste chão. Fui árvore. Antes rebento. E depois semente. Agora sou taco. De madeira, no chão. Para pisar e para beijar. é possível fazer tudo ao chão que tocamos. Que se faz o caminho e faço o caminho.
Pausa. Pausa. Pausa.
Dormi pouco esta noite. Acordei 2 minutos antes de o despertador tocar. Fiqueri meia hora suspensa a meditar sobre o sono e o sonho. Quanta coisa! tanto para tão pouco tempo!
O tempo é a qualidade dele.
Pausa. Pausa.
Escrevo aos rebentões, páro nos momentos em branco.
Hoje não desenho. Não estou em paz. Tenho urgências para gritar. Ao mundo. Ao meu amor. Aos amores.
Pausa.
Às vezes quero ser apenas um taco de madeira no chão. Hoje queria ficar sossegadinha num buraco. Dormi pouco, esta noite. Ainda me desequilibro. É bom. A corda bamba é um desafio.
(14nov2010, 10h)
ou são os dias úteis demais
amando demais
tudo em excesso
É demasiado íntimo, é meu. Não sei se demasiado, se meu só. Escrever, escrever, escrever quando sei que, no final, vai ser de toda a gente.
Pausa. Pausa. Pausa
O corpo queria dormir agora porque o coração lhe ordenou, na noite, que amasse. O coração ordenou ao corpo! A cabeça está só aqui a transformar isto em palavras e a agarrar na caneta e a escrever no papel. Desculpem. Não quero estar hoje aqui. Melhor, quero estar aqui mas não que olhem para mim. Larguem-me! Deixem que vos largue. Quero ser um pedaço de madeira neste chão. Fui árvore. Antes rebento. E depois semente. Agora sou taco. De madeira, no chão. Para pisar e para beijar. é possível fazer tudo ao chão que tocamos. Que se faz o caminho e faço o caminho.
Pausa. Pausa. Pausa.
Dormi pouco esta noite. Acordei 2 minutos antes de o despertador tocar. Fiqueri meia hora suspensa a meditar sobre o sono e o sonho. Quanta coisa! tanto para tão pouco tempo!
O tempo é a qualidade dele.
Pausa. Pausa.
Escrevo aos rebentões, páro nos momentos em branco.
Hoje não desenho. Não estou em paz. Tenho urgências para gritar. Ao mundo. Ao meu amor. Aos amores.
Pausa.
Às vezes quero ser apenas um taco de madeira no chão. Hoje queria ficar sossegadinha num buraco. Dormi pouco, esta noite. Ainda me desequilibro. É bom. A corda bamba é um desafio.
(14nov2010, 10h)
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Desejo...
arrumar o desejo?
emoldurar o desejo?
engavetar o desejo?
E o que acontece ao olhar?
Quem escuta a voz sussurrada do silêncio a fingir estrangular?
acordo e deito-me sem que os dias passem por mim
e sou eu a passar por eles
como se, absortos, sobrevivessem à teimosia das horas eternas
nas ruas desertas molhadas.
Duvido da chuva.
emoldurar o desejo?
engavetar o desejo?
E o que acontece ao olhar?
Quem escuta a voz sussurrada do silêncio a fingir estrangular?
acordo e deito-me sem que os dias passem por mim
e sou eu a passar por eles
como se, absortos, sobrevivessem à teimosia das horas eternas
nas ruas desertas molhadas.
Duvido da chuva.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
cita con el artista
Vou a correr, a um encontro!
Vou à "cita con el artista".
Ninguém me impede, nem me interrompe, nem há rédea curta para a vida.
Vou à "cita con el artista".
Ninguém me impede, nem me interrompe, nem há rédea curta para a vida.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
El camino del Artista
Comecei o curso, pela segunda semana.
Um livro vai acompanhar-me três meses.
Desbloqueio de criatividade, descoberta do meu lugar enquanto artista. Aos poucos, vou deixando de ter medo de me auto-denominar assim...
Não é fácil. Mas quero!
Um livro vai acompanhar-me três meses.
Desbloqueio de criatividade, descoberta do meu lugar enquanto artista. Aos poucos, vou deixando de ter medo de me auto-denominar assim...
Não é fácil. Mas quero!
domingo, 7 de novembro de 2010
última hora
Já escrevo com acentos novamente há um mês!
e tenho estado parada neste blogue...
redefinindo as fronteiras entre o íntimo, o público, a maria e a descalça...
não é uma crise existencial, necessariamente.
mas não sei etiquetá-la.
O blogue esteve fechado porque eu estive dentro de um buraquinho sem espreitar. Não é que estivesse a aterrar... estive a sentir o meu lugar aqui, sossegadinha...
O blogue ficou privado, só meu. é um direito, quando afinal este lugar ultrapassa em muito o meu caderno de escritos diários. Aqui é onde procuro partilhar com mais gente. Porque eu não sou de partilhas desmesuradas...
não sei em que lugar me coloco para me guardar tanto assim, de que tenho medo afinal?..
as reticências são uma respiração e o que não se quer dizer mas se adivinha...
adivinha quem quer, quem pode, adivinhem-me.
ou recebam simplesmente. Não quero doer, por isso aqui estou.
de novo
não nova
"uma pilha velha" - disseram uma vez.
"tu nasceste com 6 cabelos brancos, filha" - ouvi toda a vida
"tu, cheia de mania, vais por aí... e vais estar sempre em todos os lugares"... Pois é, Fatinha! Deves ter razão...
Os leitores e as leitoras deste blogue são pessoas, sem dúvida! Não é que não tenham dúvidas. São pessoas, sem dúvida! Atenção à vírgula... Ser pessoa, para mim e em mim, não é nada de extraordinário. Não é o mundo. É o meu mundo. As pessoas é que são extraordinárias!
Hoje fiquei a pé. Um pneu que se esvaziou na curva do caminho e no fundo da rua... Era para que eu voltasse, era para a lua nova, para um banho de mar que só se deseja, era para que apanhasse a chuva no cabelo e na ponta do nariz, era para vir cantar, era para tudo isto que sou...
e tenho estado parada neste blogue...
redefinindo as fronteiras entre o íntimo, o público, a maria e a descalça...
não é uma crise existencial, necessariamente.
mas não sei etiquetá-la.
O blogue esteve fechado porque eu estive dentro de um buraquinho sem espreitar. Não é que estivesse a aterrar... estive a sentir o meu lugar aqui, sossegadinha...
O blogue ficou privado, só meu. é um direito, quando afinal este lugar ultrapassa em muito o meu caderno de escritos diários. Aqui é onde procuro partilhar com mais gente. Porque eu não sou de partilhas desmesuradas...
não sei em que lugar me coloco para me guardar tanto assim, de que tenho medo afinal?..
as reticências são uma respiração e o que não se quer dizer mas se adivinha...
adivinha quem quer, quem pode, adivinhem-me.
ou recebam simplesmente. Não quero doer, por isso aqui estou.
de novo
não nova
"uma pilha velha" - disseram uma vez.
"tu nasceste com 6 cabelos brancos, filha" - ouvi toda a vida
"tu, cheia de mania, vais por aí... e vais estar sempre em todos os lugares"... Pois é, Fatinha! Deves ter razão...
Os leitores e as leitoras deste blogue são pessoas, sem dúvida! Não é que não tenham dúvidas. São pessoas, sem dúvida! Atenção à vírgula... Ser pessoa, para mim e em mim, não é nada de extraordinário. Não é o mundo. É o meu mundo. As pessoas é que são extraordinárias!
Hoje fiquei a pé. Um pneu que se esvaziou na curva do caminho e no fundo da rua... Era para que eu voltasse, era para a lua nova, para um banho de mar que só se deseja, era para que apanhasse a chuva no cabelo e na ponta do nariz, era para vir cantar, era para tudo isto que sou...
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