sexta-feira, 30 de abril de 2010
nada é por acaso, eu bem digo!
Se não fosse por mais nada, pelo atelier que estou a fazer esta semana já teria valido a pena ficar aqui!
Está a correr-me muito bem. A minha criatividade está ao rubro.
O nariz assenta-me que nem uma luva... no nariz.
E para amanha, que é o último dia... lançaram-me o desafio de criar duas situações, uma para cada uma das frases:
1. "El clown es transparente. Sus intenciones se ven incluso cuando intenta engañar."
2. "El clown no busca problemas, se los encuentra constantemente."
Ai, desafios difíceis!!! E por isso bons!
quinta-feira, 29 de abril de 2010
25 de Abril em Cochabamba
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Cumpro!
Evo cumple, Bolivia cambia!
O colectivo feminista e anarquista Mujeres Creando, atento e crítico, desejando outras mudanças, criou o slogan:
Bolívia cumple, Evo cambia!
Eu tenho o meu próprio caminho, memória de imagens sem slogan...
plantando a árvore Pacai, 22 abril 2010. Parc El Niño - Cochabamba, Bolívia.
uma semana nova se inicia...
fazer, fazer, fazer...
nao prometer, que prometer é já ser!
Na próxima semana vou:
- participar num atelier de risoclown dirigido por Julieta Sagûes, madrilena, no mArtadero
- dirigir/ajudar o Ariel a criar um novo número de clown para um Festival
- começar a filmar o doc do proyecto manillas (pulseiras) para a PL difundir pelos EEUU
- ensaiar com criançada o espectáculo Agua Conmovida e começar a construçao de adereços e cenografia
- gravar os textos para Mai@s - um povo novo
Sim, a próxima semana avizinha-se mais um teste à minha capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Para além do descrito, há uma infinidade de coisas que sou e que me escuso a confessar aqui... ehehe!
sábado, 24 de abril de 2010
25 de Abril
Sophia de Mello Breyner, em espanhol...
Si todo el ser al viento abandonamos
Y sin miedo ni compasión nos destruimos,
Si morirnos en aquello que sentimos
Y podemos cantar, es porque estamos
Al desnudo, el propio dolor meciendo en sangre
Frente a las madrugadas del amor.
Cuando la mañana brille otra vez floreceremos
Y el alma beberá ese esplendor
Prometido en las formas que perdemos.
Versión de Diana Bellessi
sexta-feira, 23 de abril de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Obrigada, António
Os dias ficam mais belos quando recebemos notícia de alguém. Boas novas e dias futuros! Obrigada. Hoje, queria mesmo dizer estas palavras...
Dia Mundial da Mae Terra
Hoje é o Dia Internacional da Mae Terra (ou Pachamama). Porque ela, infelizmente, por nao estar bem precisa ser lembrada...
É como as mulheres, as crianças, o mar, os direitos humanos, etc etc etc...
Celebramos e dedicamos dias para lembrar... para despertar...
"Porque é chegado o momento de entendermos que a Terra nao nos pertence, nós pertencemos à Terra". (Evo Morales)
Hoje, vamos plantar uma árvore.
Pessoas
Há pessoas que vivem vidas muito estúpidas e nao encontam em si força ou coragem para mudar.
Há pessoas que estao desesperadas, os corpos em febre, a cabeça sem luz, ficam roucas de tanto prender as lágrimas!
Há pessoas que estao bem perto e nao conhecem as palavas para pedir ajuda.
Há pessoas...
Estar em relaçao é o que nos torna os dias mais felizes.
Também é o que nos torna os dias mais doces e mais amargos, doridos ou desesperantes.
Por isso, nesta caminhada que é o mundo, nos encontamos com pessoas e nos relacionamos. Assim é.
Ontem, bem perto de mim, uma mulher bonita tentou pôr fim à sua caminhada. Nao conseguiu.
Ainda a abracei, no fim da noite.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
noites difíceis
a ver vamos como sobrevivo desta missao...
terça-feira, 20 de abril de 2010
A utopia e a funçao da arte
¨Por muito que caminhe, nao a alcançarei.
Para que serve a utopia? Serve para isto, para caminhar.¨
A FUNCAO DA ARTE
¨Diego nao conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o a descobri-lo. Viajaram para o sul.
Ele, o mar, estava mais para lá das altas dunas, à espera.
Quando o menino e o seu pai chegaram aos cumes de areia, depois de muito caminhar, o mar estalou diante dos seus olhos. E foi tanta a intensidade do mar e tamanho o seu fulgor, que o menino emudeceu da beleza.
E quando, por fim, conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
- Pai, ajuda-me a olhar!¨
Eduardo Galeano traduzido meio livremente por mim
segunda-feira, 19 de abril de 2010
ecos de Lisboa, do Panorama
Uma diz-me que: 'bonita, muito, a mulher nua e o seu olhar de câmara'
A outra que: 'ontem estive contigo no mar' e que 'continue a remar, descalça'...
É muito bom receber ecos do 'Mais um dia à procura', estreado ontem às cinco da tarde, na hora do chá, na longínqua Lisboa. É a minha forma possível de ter estado lá.
Obrigada por terem estado comigo. Eu seguirei filmando e plantando o meu olhar!
domingo, 18 de abril de 2010
budismo e taoísmo... reconhecendo os meus ismos!
"Há um tempo para semear e outro para colher", há um tempo para falar e outro para calar, até nas relaçoes há um tempo para nos aproximarmos e outro para nos afastarmos. Viver em harmonia com essa sensibilidade é sentir e fluir com o pulso da vida.
Quando nos apegamos ao que nasce e morre, vivemos em sofrimento. O caminho é o de (re)conhecer que em mim existe algo que nao nasce e nao morre. É o que é. Aqui e agora. E disso quero aproximar-me.
Palavras-chave no Taoismo: Harmonia, Desapego, Sabedoria, Simplicidade, Humildade, Silêncio, Natureza
sábado, 17 de abril de 2010
Ciclo de Cinema "Cambio climatico"
Partir ou ficar
sao verbos de acçao. Daí que, para mim, é tudo uma questao de perspectiva ou ponto de vista. Se estou parada, tudo o que se moveu partiu, foi-se embora. Se estou a caminhar, o que está longe ficou, parou. Por isso (e por outras coisas também) escrevo todos os dias um blogue de viagem, para o poder visitar nos dias em que me assaltem as dúvidas sobre se estou parada ou a caminhar. Por isso escrevo coisas que vejo, penso, sinto e vivo. Na certeza (ou construindo a possibilidade) de que quem me acompanha nao ficou parado. Caminha comigo. Ou sem mim. Caminha também.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
o peso que o mundo tem
Mas pesava bastante o mundo inteiro!
A sorte é que continuava a girar esse mundo... nao sei se corria a favor ou contra o tempo do relógio. Nao o parei. Segui-lhe os passos... e pelas cinco da tarde, um café e... se esfumou de rodar...
Creio que o mundo se transformou num balao... nas minhas maos! Nao o vi. Desconheço a sua cor, a sua forma... conheço-lhe o cheiro, o peso que tem...
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Crianças vao ao teatro
Fomos 9 num taxi. Vimos "Bicentronário" apresentado pelos companheiros do Teatro Trono - Cochabamba, no CEPJA.
As cadeiras eram muito grandes e impediam-nos de ver o que se passava da cintura para baixo de quem estava no palco, o restante público era de jovens com uma média de idades bem superior a nós (assim, eramos os/as mais pequenit@s da sala, no meio da adolescência rebelde que ouve música alta voz nos telemoveis cruzados), havia um martelo a martelar uma parede no piso superior ao palco, que muitas vezes nos dificultou a escuta, o técnico de som andava um bocadinho aos papéis com os volumes e os feed-backs...
Mas...
mas...
há mas que sao muito gostosos...
A Letícia, a Rosío, a Fausta, a Giovanna, o Cristian, o Alfredo (ao meu colo), a Maribel e a companheira Natalí... nao pestanejavam, esgueiravam-se nas cadeiras para espreitar melhor, seguramente nao entenderam grande parte da história (que era bastante histórico-narrativa) mas... estavam lá.
Perguntaram, no final: cuando vamos a volver a ver teatro, María? Mañana?
Ri-me. Disse-lhes que sim. Vou procurar que vejam muito teatro enquanto eu cá estiver.
Sabe bem. Sabe muito bem.
Cimeira dos povos
"Este vai ser um fórum alternativo" - disse Evo Morales aquando da convocatória mundial.
Para além de eu estar a preparar isoladamente uma palhaça acçao de rua relativa ao assunto (porque está muito bem que se organize este encontro mas está muito mal a forma como a própria Bolívia às vezes trata a Mae Terra ou Pachamama... ), já me inscrevi para estar presente na Conferência Mundial onde se esperam milhares de pessoas de todo o mundo, entre personalidades e organizaçoes sociais e políticas, governamentais e económicas, algumas com responsabilidades muito grandes no que se refere por exemplo às emissoes de CO2, às generalizadas alteraçoes climáticas ou ao aquecimento global. Espera-se a presença de Al Gore (hoje voltei a rever "An inconvenient truth" mas já está confirmada a presença de Eduardo Galeano... A mim, uma das coisas que me atrai é que a Bolívia vai apresentar um projecto de "Declaración Universal de los Derechos de la Madre Tierra". Vai-me dar muito prazer levantar o braço para a aprovar, por mais que, nos dias que corram, eu acredite cada vez menos na democracia!
Mais de 240 organizaçoes internacionais vao estar presentes. Alguns movimentos de gente atè aqui sem voz vao poder cantar suas lutas e crenças... Uma curiosidade: de Portugal parece que nao chega ninguém... pobre país pobre!
Para saber mais... ou para marcar presença, regista-te aqui e vem até cá!
terça-feira, 13 de abril de 2010
segunda-feira, 12 de abril de 2010
A música
Hoje, pela primeira vez, passado e presente se conjugam numa mesma música que marca um fim e um início.
É estranho e muito interessante perceber as intersecçoes dos caminhos, as cores que se misturam quando a alma se encolhe e engrandece.
Holly Cole está a cantar-me ao ouvido este momento da vida.
Dia da Criança
- mais de 1000 crianças vivem nas prisoes da Bolívia
- centenas de milhares de crianças vêem-se obrigadas a renunciar à educaçao e protecçao de um lar para enfrentarem a vida trabalhando (muitas vezes em condiçoes humanas deploráveis)
- nao há dados oficiais sobre os maus tratos a crianças na Bolívia
O presidente do Estado Plurinacional Boliviano, Evo Morales, escreveu hoje às crianças do país: "(...) Deseamos que sus sueños, sus ansias de justicia, de igualdad y de solidariedad nos contagien a los mayores ayudandonos a construir un mundo mejor."
Pois sim, coraçao... O que me diexa céptica é pensar que esta Declaraçao tem mais de 50 anos e os números continuam a aumentar... e nao sao os números bonitos... Releio a Declaraçao dos Direitos da Criança e fico confundida. O Estado só tem deveres em relaçao à Educaçao e ao acesso à mesma. Os municípios só têm deveres no que se refere à criaçao de zonas de lazer, cultura e desporto. Vai daí que... Nao quero pensar mais nisto!
foto retirada de: www.elespectador.com
(para pensar mais... ler: http://www.opinion.com.bo/12/04/2010/los-ninos-y-sus-derechos/)
pintura de Alejandra Alarcón
É muito bom quando as cumplicidades artísticas se juntam para criar algo novo!
Obrigada Alejandra! De certeza que vamos ter uma grande semana!
domingo, 11 de abril de 2010
o medo
Dois nomes de medos que tenho sao a loucura e a violência.
Chamo-lhes nomes. trato-os por tu... e fogem. Têm fugido.
sábado, 10 de abril de 2010
o meu corpo
de todos os passos que dei
uma cicatriz da ermida
outra dos açores
as estrias do final da adolescência
um dente da bolívia
o coração é um puzzle de memórias
e emoções
de amor e de outras coisas
que não guardam palavras
o olhar teima contemplar
as pegadas
e procurar o caminho novo
Assim sou
um corpo marcado pela viagem
de tudo o que
vivi
vivo
sou.
Pedaços e riscos que, juntos,
mês após mês, se renovam
regeneram
e entranham na terra
mãe
e lua
manifestamo-nos
Depois, namorei o sol da hora de almoço com uma reveladora revista entre maos. Um achado cada palavra, cada imagem, cada pensamento. Entre as só coisas interessantes, encontrei:
"La creatividad es un instrumento de lucha,
El cambio social es un hecho creativo
Y la acción creativa es una acción política" (María Galindo)
É exactamente por isto que eu estou com a arte entre os poros da pele e nao sei respirar de outra maneira. É exactamente por isso que estou a chegar a uma idade em que deixo de aceitar certas coisas. É exactamente por tudo isto que sei que nao estou errada!
Espero
os dias do presente
sem ter que envelhecer
para que o amor
se chegue
querendo-me dentro
Hamaca Paraguaya é o filme de Paz Encina que vi ontem à noite, sozinha na sala 3 da Cinemateca Boliviana... e, seguramente, nao teria deixado aquela sala se nao me tivessem obrigado.
O filme tem no máximo 10 planos. Dura 78 minutos de poesia, beleza, paz e é todo falado em guaraní. Eu contemplei, fui cúmplice, fui surpreendida, fui meiga a sorrir...
e quando voltei a casa, fi-lo sem medo da noite, da cidade ou do próprio medo!
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Te vi
em dias que nao têm porquê.
em espaços que nao têm onde.
como quando nao se procura ninguém...
e se vê, ao longe, alguém!
a música, que se chama "Un vestido y un amor" é do rockeiro e louco argentino Fito Paez mas como nao podia deixar de ser... o Caetano canta-a muito melhor!
Hoje confirma-se que, aqui, o que há a aprender é precisamente essa forma como, longe de partidos, de política ou de organizaçoes governamentais, as pessoas trabalham juntas para construir outro mundo. Mas estas coisas, como eu desconfiava, nao se ensinam, nao se aprendem. Praticam-se. Entranham-se na maneira de ser e estar. Sao cultura. Sao transformaçao. Sao visao de futuro. E isso, ou se tem ou nao se tem!
Cinema boliviano
Cementerio de los elefantes
Pois é,
Na segunda-feira passada... engoli em seco muita coisa no final do filme. Fiquei petrificada. Estava a 1h30 de entrar no autocarro rumo a El Alto, La Paz, local onde se passa a acçao do filme. Arrepiei-me. Tive medo, pela primeira vez, angustiei-me... O Tonchy deve ter sentido as minhas lágrimas escondidas e apenas me disse:
- Fuerte, no?
Acenei que sim com a cabeça...
- Pues, cuida te, allá!
Chego, por fim, à cama! Paz.
O cinema boliviano está muito bem, mesmo!
La Paz
terça-feira, 6 de abril de 2010
El Alto, La Paz
Estou na cidade mais alta do mundo! Na calle de la cultura, en El Alto, La Paz. Nao me custa respirar, nao. E ainda nao coquei... (buáaaa)
Na rua paralela à calle de la cultura fica o centro vecinal (da vizinhanca, portanto) onde vou dar a oficina de teatro e clown. Ao fundo, fica o mercado. Hoje, passei o dia sem querer sair deste entorno...
Estranho isso em mim...
Por isso, amanha as sete da manha, descerei à cidade de La Paz... vou percorrer a cidade a pé e encontrar-me com a Mujeres Creando (uma organizacao de mulheres artistas feminista).
Entretanto, voltei a emocionar-me com as pesquisas clownescas, enquanto assistia à oficina que duas companheiras de luta artística do Quilombo Teatro (Argentina) estao a dar aqui... É muito bom encontrar gente que compartilha ideais, sonhos, utopias... (aliás, a entrevista demo-la as trës em conjunto) ... mas estou com a cabeca a mil e sem cedilhas nem til!
Está muito frio aqui, à noite, porque as nuvens estao muito mais próximas de mim e nas núvens há gelo...
segunda-feira, 5 de abril de 2010
O céu
O céu é entao mais belo quanto mais perto do céu está.
O céu é como as pessoas.
As pessoas sao como o céu.
Toro Toro
Coloquei os meus pés (calejados) ao lado de pegadas de dinossauros com mais de 60 milhoes de anos, vi montes de fosseis marinhos... Uau, aqui havia mar!
Conheci Don David Gonzales que fez 82 anos no sábado e andei de braço dado com ele. Conheci Don Augusto (do único telefone no local) que me contou em portunhol do Brasil que os homens choram. Conheci o Johnatan (o mais lindo aprendiz de guia do parque) que me fez pensar de novo no filme "Diarios de Che Guevara" (e no pequeno em Machu Pichu distinguindo as pedras e as construçoes dos incas e dos incapazes - os espanhóis) e que quer ser paleontólogo quando for grande. Conheci a Roxana e passei-lhe para a mao a minha máquina fotográfica! Conheci a Vânia que, de uma rara beleza, posou e me pediu que a fotografasse...
Enfim, escrevi bastante. Sonhei sonhos de verdade, a dormir, muito reveladores...
Telefonei ao sobrinho Francisco e a chamada foi muito difícil de estabelecer. Vi vários DVDs de sítios lindos na Bolívia por conhecer, assinei (como um registo de casamento) o livro do Parque Nacional de Toro Toro. Um velho quechua falou comigo durante mais de 15 minutos sem que eu entendesse uma única palavra do que me dizia. Sorria-lhe e dizia: "Sí, sí". Comunicavamos com os olhos e por fim olhou-me a alma com a máquina fotográfica entre nossos olhares. A foto é uma preciosidade. Descobri que se pode ter um calo na planta do pé (apenas por, com sandálias indecentes, caminhar sobre pedras e pedras de rio), mas que as minhas botas sao mesmo companheiras (apesar de estarem a precisar de um sapateiro amigo) ... Voltei a caminhar. Encontrei o Centro Integral da Mujer (que ajuda a mujer campesina) e de lá trouxe uma mao cheia de cores tecidas de inigualável beleza para os olhos e para a pele.
Conheci, sentadas as duas no rio, uma mulher que me cantou uma cançao que falava de... Santa Maria (a ilha, sim!) e de Portugal. E por falar em pele, a minha pele ficou ainda mais morena...