terça-feira, 19 de março de 2013

às 13h em Lisboa, a ditadura do Uruguai


Tenia tan mala memoria que se olvidó de que tenía mala memoria y se acordó de todo. 
(Ramón Gómez de la Serna).


Regresso ao estudo e escrita sobre a ditadura do Uruguai (1973-1985).
Nunca pensei que escrever sobre um assunto destes me animasse tanto.
Talvez queira resgatar as vozes ao esquecimento, talvez queira mostrar que lá, como aqui, como em qualquer lugar, as ditaduras não valeram nunca a pena,
talvez queira contar uma história que precisa ser falada com o corpo, para que os corpos possam finalmente descansar...
No Uruguai,
há uma lei, em vigor desde 1986, que impede julgar os carrascos. E, apesar das várias tentativas e de o governo ser actualmente um governo de esquerda, ainda não se conseguiu alterar a lei, tendo sido inclusive a sua revogação, no mês passado, considerada inconstitucional.
Há cerca de 200 pessoas ainda desaparecidas, desde aquela época no Uruguai. Muitos processos de investigação estão abertos.
O presidente da república, Pepe Mujica, foi ele próprio um guerrilheiro e esteve 14 anos preso.
Há poucos meses, estranhamente para mim, pactuou com o afastamento de uma juíza (Mariana Mota) que há quatro anos tentava fazer justiça naquele país, defendendo os direitos humanos, abrindo as investigações, considerando lesa humanidade os crimes cometidos então.

Há movimentos à esquerda e à direita que continuam a enfrentar-se como no passado.
Uns quererão esquecer, outros querem lembrar e que a justiça e a verdade sejam repostas.

Pergunto-me se será possível esquecer.
Pergunto-me se será possível perdoar.

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