quinta-feira, 21 de março de 2013

poesia na rua


Há um poster, tamanho muito grande que recebi quando fiz 18 anos.
Foi o meu tio João que mo deu, ele, que o tinha guardado desde o 25 de Abril, novo em folha, enrolado em si mesmo, ele que era militar em 1974, e estava no quartel e não saiu de lá porque não acreditou no que lhe estavam a dizer, não acreditou que podia sair...
Provavelmente, também não acreditava no 25 de Abril e tinha enrolado o poster, sem o abrir (ou estragar?) durante todos aqueles anos.
Quando o recebi, gostei muito da frase: A poesia está na rua.
Lembro de ele dizer algo como: agora já tens idade para cuidar disto.
Assim que li a assinatura da pintora Vieira da Silva, fui logo investigar quem seria. Na minha família ninguém mo soubera dizer.
Naquela altura, eu não sabia o que significava o 25 de Abril, nem o poster, nem aquela frase que punha a poesia na rua, nem a Vieira da Silva. Hoje já tenho algumas ideias sobre estes assuntos.
A imagem impressa no poster grande que tenho é aquela ali em cima. Está agora, novamente, enrolado, depois de ter estado colado numa parede do meu quarto e de já não ter aquele aspecto novo e intocado de quando o recebi. Há pouco tempo voltei a pegar-lhe, abri-o, sorri e fechei-o outra vez. 
Creio que ainda vai ter uma vida bonita pela frente. Não sei onde, nem quando, nem sei quando é que eu compreenderei outras coisas que ele encerra, mas sinto que aquele poster vai ter um futuro.

Hoje é o dia mundial da poesia.
Quem dera a poesia já estivesse de facto na rua, 
todos os dias, 
em todas as ruas deste país 
e do mundo.



Sem comentários:

Enviar um comentário