O planeta está cheio de sítios que aliam o sagrado à proximidade com o paraíso. Se este existe, está exactamente aqui na Terra. Nao me importa hoje, nem no futuro, encontrar as palavras certas ou justas para exprimir o que vejo ou sinto. Quando elas saem pela boca do silêncio ou da poesia e se transformam em formas minhas de ser e partilhar, soam à água que desce fria e rápida os caminhos das pedras e se encantam rio. Hoje, mergulhei os pés descalços num pedaço dessa terra feita água veloz e molhada. Fria, muito fria. Disseram-me que ia doer nos primeiros quinze minutos. Depois deixaria de sentir. quinze minutos???? Foi menos, foi muito menos o tempo que passou antes que deixasse todas as minhas dores sairem pelos meus pés sem calos! E sim, depois deixei de sentir. E doeu. E aguentei sem me queixar, sorrindo, agradecendo. O sol brilhava-me forte na cara e nos gémeos torneados, nos ombros e no pescoço. Deixei de estar ali e sempre estive ali. Hoje, no calendário maya, celebra-se o dia fora do tempo. Amanha começa um novo ano.
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