quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

2:44

não durmo
nem eu nem a Macua
o meu corpo está a preparar-se para sair de mim para outro lugar
chove intensamente lá fora e o vento faz abanar o plástico que, agora na janela, finge ser vidro
uma gota cai irremediavelmente,
a tempo,
a tempo,
na lata cinzeiro lá de fora
ouço tudo como se o universo estivesse aqui
dentro do meu quarto
ouço vozes de outros países
sonhos de outras canções
o vento acalma, por fim
estou nua
levanto-me
são 2:44 da manhã
não durmo
fumo um longo cigarro na madrugada
e só há luz de velas nesta casa.

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