sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Cataratas de Iguazu - meia dúzia de fotos

burocracias... de uma viajeira aventureira

Nao é que eu tenha deixado para a última da hora (como se eu fosse tao descomandda assim, né pai?)... na realidade já comecei a tratar deste assunto na passada 2ª feira. Curiosamente, a SATA respondeu com enorme prontidao e,sendo eu residente açoriana (valha-me essa alegria!!), estou com o regresso em aberto válido até 7Jan2011. Muito bem, aliás. Obrigada SATA. Era o mínimo.
Já para alterar a passagem Buenos Aires-Madrid-Lisboa (nao sei se é por estarmos a falar só de capitais...), via Turangra (a tal empresa também dos açores...) o custo de reemissao do bilhete é de 150 euros. Até aqui tudo bem, já eu sabia. Mas ao que parece tem um custo acrescido de 950 euros para eu poder ir mais tarde, no ano, na vida... Obviamente que estou a consultar outras hipóteses, curiosamente os escritórios da Iberia na Argentina sao uma ficçao e o call center de Espanha um desespero em fila de espera (tipo call center da Sata)... Daí que vejo-me forçada a faltar forçosamente ao voo que com muita força me levaria de volta à península, no próximo dia 2 de Março ... Assim, ficarei mesmo aqui, por terras latino-americanas, à espera, à espera, à espera da lua cheia, sem regresso marcado. Vai daí que se, na altura, me faltar o tostao... irei de barco. Genuíno, arranjas-me uma boleia?

Socialismo, social-ismo vivo, socialismo cultural

aceito contribuiçoes, opinioes, provocaçoes sobre o tema!

Adeus Argentina

ou melhor,
- Bom dia Bolívia.
Amanha cruzo a pé a fronteira Argentina-Bolívia, entre La Quiaca e Villazón. É assim, dizem-me. Uma ponte que terei que cruzar a pé, mochilando a casa e a parte da vida que trago comigo.
Dois meses na Argentina já servem um tratado que nao estou a conseguir escrever, condensar, absorver. Andar sozinha acelera todos os processos. Viajar sem rumo faz palpitar certezas e acentua dúvidas. Ser mulher, torna tudo mais feminino... é dos meus olhos, claro! Faço paz com os homens. Olho as mulheres. Cruzo-me com pessoas (sem género!).
Das reflexoes mais recentes nasceram-me dois cadernos manuscritos em divagaçoes amorosas, políticas, sociológicas, históricas... enfim! Na última viagem (desde ontem às 14h30 até hoje às 17h30), fiz uma lista do que eu faria se fosse presidente do Governo dos Açores (eheheh). Atempadamente, iniciarei a campanha ;) Equipa procura-se!
Ao mesmo tempo desenho projectos para o futuro. Faço mandalas com aguarelas. Procuro incessantemente um caminho único. Um sentido maior. Tudo me parece possível, hoje. Mudar o mundo, uma organizaçao local com olhos no global, uma nova vivencia de ilha e de regiao, a minha rua (que nao tenho), a minha casa que sou apenas eu.
Na 2ª feira começo o trabalho na Performing Arts, Cochabamba, Bolívia. Por enquanto, na Argentina, todas as pessoas suspiram quando digo que vou para aquele país... (aquilo é muito desorganizado... dizem. Eu vou ver.)
Destes dois meses, uma certeza... cidades? Nao, obrigada! Cafés? Sim. Mate, terra a perder de vista, rios. A relatividade das distâncias... aqui estar perto é estar a 1000Km. Buenos Aires é cidade... o resto do país é a Argentina! Profunda. Aqui em Jujuy até se notam diferentes os traços e os olhares das pessoas na rua. Sao pessoas mais antigas. Mais bonitas (digo eu).

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Alento II

caminho descalça pelo convés
encerro pegadas
enraizadas da água
vou de barco
para estar perto do infinito de cegar
escorrego. Nao chego a cair

a viagem faz-se com a alma
nao com o viajar

algures o caminho se estria de sombras
e é dor
a travessia
a saudade
a miragem
parar

vivo todos os dias
sem me doerem pegadas
as feridas, os calos contam a vida
pareço flutuar

mas quando carrego a casa
é salgada de mirra a caminhada

deixarei, entao, para trás,
no porto, a memória
rumo a outro lugar.
quando me cansem os pés
pousarei o regaço no teu colo
cheio de saber olhar
deitada
ondulando ao vento.
hei-de chegar

aí, onde param as palavras
poderei, finalmente, repousar
a cabeça
no aroma do teu abraço
novo
magro
terno

beijarei os teus pés
com a água salgada dos meus olhos
tu beijarás os meus
os pés, os olhos

tu serás o barco
eu a casa.


(dedicado ao Alento de RP)

um certo jeito

com as crianças? eu??? naaa. acabo de impressionar a mae de dois gémeos... diz que nao percebe como estao há tanto tempo (2 horas!) comigo, sossegados... E sao tres da manha, por aqui... Eu sei, um deles está apaixonado por uma Maria. O outro adora animais. Um deles anda cheio de dúvidas sobre espíritos e fantasmas, o outro diz que uma fotografia dos Açores que lhe mostrei parecia o paraíso... Chamamos dalmatas às vacas e mostrei-lhes fotografias e contei histórias... Bom, basicamente eu e eles entendemo-nos. Essa é que é essa. Simples, a vidinha...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

chuva tropical

Remando no meio do rio paraná, hoje, calhou-me apanhar uma tremenda chuva tropical. MARAVILHA dos céus que, como eu, choram de alegria e confundem lágrimas e gotas e água de rio caminhando até ao mar. O sabor da chuva é belo. O riso que me nasce nestes momentos de calor é infância renovada, inesquecida. Até nos olhos se vê. Verdes respirando a luz do céu. Felicidade é isto. Um pedaço de estar viva!

al otro lado del rio

te acuerdas, princesa?
estou muito perto da ilha do leprosario do filme "Diarios de motocicleta" ou, em português "Diários de Che Guevara"! Do outro lado do rio fica o Paraguay. A musica do uruguaio Jorge Drexler redonda a minha cabeça, a invade e aperta o coraçao.
É lindo isto por aqui...
A ilha já nao tem o leprosário mas uma instalaçao turística...
O outro lado do rio, como o outro lado do mar, e sempre um lugar novo para se ser outra vez.
Eu.

eu, a pedido de várias famílias...

ou melhor, para o sobrinho Francisco que só tem visto paisagens e pergunta se estarei mesmo aqui...
Sim, Francisco, estou aqui, no sul do mundo... e é tudo muito, muito lindo! Um mundo novo.

o mundo gira

Ao cair da madrugada, no sossego da almofada, volto a ser viagem.
O mundo gira e, como disse o poeta, pula e avança.
Uma pessoa parada nao move o mundo que a move. Há, por isso, que viajar! Correr. Estar quieta, aprender a paz mas nunca parada. Caminhar livremente, num planeta sem fronteiras! Em definitivo, o mundo será um lugar melhor quando se derrube a última fronteira. Utopia para construir! Ir construindo!
Tudo o que rodeia
o buraco de uma fechadura
é tao somente uma porta.

A mao, a maçaneta, as dobradiças
as temos, cada um e cada uma.

Tudo o que rodeia
uma porta
é tao somente uma parede.
a matéria de que é feita
a decidimos, cada um
e cada uma.

Tudo o que rodeia
uma parede
é tao somente prisao.

Se olharmos pelo buraco da fechadura, pode ser que alcancemos vislumbrar o interior de estar pres@ ou a própria liberdade. Tudo depende do lugar onde cada um se encontre. E, para isso, para posicionar-se, cada um e cada uma tem as maos próprias que abrem portas, derrubam prisoes.

Karai, mulher e filho

Karai é o nome guarani que significa homem ou senhor. É o chefe da aldeia que visitei. O homem com um sorriso sem dente que preparou o banco debaixo da árvore para eu me sentar, a conversar. Ganhei daquele pedaço de dia uma profunda indignaçao e tristeza. As peças de um puzzle juntam-se e a realidade de muitos dos seres humanos do planeta é verdadeiramente triste. Aprendi a palavra longe em guarani, e foi como ele definiu o lugar de onde venho. Aprendi o nome da sua aldeia. Aprendi que uma professora vai diariamente à aldeia ensinar todas as crianças. Aprendi, aprendi, aprendi... e depois, ainda ali, quis ficar calada. Um dos bebés começou a chorar ao colo. Enxotava-me com a mao e certamente, li, pedia que me fosse embora. Fui, sem duvida.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

o meu mate...


é relindo!!! Relindo nao é uma palavra inventada por mim. É espanhol argentino!!! E funciona!. Re-lindo. Re-feo. Re-comprometido! Re para tudo, tudo, tudo...
Enfim, este é o meu mate, uruguaio, curado na Argentina durante 5 dias com yerba uruguaia também (por acaso, nada de propósito) chegou a San Ignacio e... hummm... cebei-o eu mesma para mim! e humm, é bom!
Quando inventarem o envio de cheiros e sabores por email... eu envio! Até lá, mando as minhas palavras (para os guaranis, a palavra é de tal modo ouro que nem escrevem!!! apenas vivem a oralidade. E toda a cultura se tem transmitido assim. E é perfeito, acreditem!)
Para mim, tomar mate é já eu!

brasil

Eu já nao tinha muitos planos de ir ao Brasil, mas quanto mais brasileiros se cruzam comigo, menos vontade tenho! O turista brasileiro na Argentina e Uruguai é, como se diz nos Açores, soberbo!
Que me desculpem os que nao se têm cruzado comigo... Nao quero generalizar!

indios sul americanos

Chego a um novo paraíso.
Fujo das cidades. Depois de ter estado, ontem, nas Cataratas do Iguazu (para as quais nao me sobram as palavras) hoje aterro em San Ignacio. Esta noite já estive nas ruínas Jesuítas. Um novo mundo se me apresenta. Os índios guaranís estao perto e vivem em 10 aldeias à volta de San Ignacio. Resistem. Sobrevivem à pressao do branco. À minha, à tua, à de quase meio mundo...
Aqui ao lado, saíndo da província de Misiones, na vizinha El Chaco, um genocídeo faz-se presente na vida desnutrida de milhoes de aborígenas. Essas imagens deste lado do mar vivem absolutamente escondidas e negadas pela classe política, pela sociedade em geral, pelo mundo. A mim, dizem que nao há nada para ver, lá. Eu nao quero ver. Quero denunciar!

(ler o artigo (em periodismo, notas y articulos) de Mempo Giardinelli aqui)
(fotografia documental aqui)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

os putos

morenos e sujos
de olhos e cabelos negros
beleza em estado escondido
- un peso!
e um peso.
Sao como gatos
vivos.
- un peso, señora!
e uma vida a mais
- no, ahora no.
e uma vida a menos.
Os putos contam as vidas
em pesos
e pesam-me os pesos
na carteira
- vamo'! sienta te. Puedes?
Diz que sim.
brilha-lhe no rosto negro o olhar
chama-se puto
e nao tem outro nome.
como os gatos da rua
num bar de tango
em puerto del iguazu.
argentina.
profunda.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Encontrei um (o?) lugar!!!

Chama-se Cabo Polónio. Uruguai. Ali viveria eu metade do ano (ou da vida?).
E adivinho-me, sem dúvida, simplesmente feliz!
No inverno apenas vivem 100 pessoas no Cabo Polónio, que é uma reserva natural... O isolamento é, certamente, uma dureza, uma provocaçao para a resistência humana!
Ao largo de Cabo Polónio naufragaram muitos barcos.
Ali, faria um filme. Um doc.
Eu apaixonei-me por aquele farol. E pelo grito dos lobos marinhos. E pelas cabanas de madeira... e pelas dunas móveis... e pela omelete de algas... e por ... e por... e por...
fotos retiradas vários sites (google images)... que eu cá, nao pude!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

o adeus, a memória, os registos

14fev10
As despedidas, as mortes, as perdas... sao um assunto que me ocupa muitas vezes o pensamento e me têm constantemente provocado a um novo (ou re-novo, ou renovadoi) auto-conhecimento. Nao consigo concretizar a ideia que me atravessa o cérebro nos imediatos segundos antes de me despedir de alguém. Creio, a posteriori apenas, que há, algures por aí, um sentimento de perda com o qual só recentemente comecei a aprender viver...(E viver com ele é aprender a nao posse, aprender que ninguém é de ninguém, aprender que nada é eterno). Nao chego a racionalizar o pensamento que me aparece nas despedidas mas, ainda assim, as lágrimas chegam (ainda que só por dentro do olhar...) e dói. Nao gosto de despedidas! Nao gosto que me doa, nada! Hummm... e isto nao interessaria nada se ontem nao me tivesse voltado a bailar o choro quando abracei a Natalí e ela me deu uma metade de pedra Picasso (a outra metade guarda-a ela) ou se hoje, precisamente hoje, nao tivesse conhecido o Jorge. Uruguaio maior que se me cruzou no caminho porque tinha que ser, porque eu tinha que aprender que ele perdeu um filho com 8 anos, que se separou da mulher há 6 por honra e ele nao queria ser o mau da fita, para a filha, sempre! Disse à mulher: "Se aprovares este casamento, eu vou-me de casa!". E foi.
...
Eu nao fiz nenhuma foto hoje porque fiquei sem bateria na máquina e ... pior! deixei o carregador em Montevideo... Depois, pensei (para nao me angustiar, eu sou jeitosa a dar a volta ao texto, dizem...) que já há na internet milhoes de fotos de Punta del Diablo e podia passar sem as minhas...
Sim, estou aqui. Acreditem! Posso provar com o olhar.
e com as palavras.

mas também tenho pensado sobre isto. Para que escrevo eu, afinal? Para registar o que penso, para me daro prazer de brincar com as palavras hoje para reler mais tarde o que vivi? Mas ler o que escrevi sobre o que penso que vivi... ???? é tudo o plano do pensar. nao é de facto isso que importa. Isso nao é ser. (estou outra vez num computador onde nao posso colocar o til sobre o 'a' em sobre o 'o'...
A única coisa porque valerá a pena continuar a escrever é porque há pessoas que me lêem, me vêem, me sentem (e outras que me conhecem) através do blogue. Bem sei :)
Mas... se eu deixar de publicar é tao somente porque estou a tratar de viver mais e registar exteriormente menos. Por isso, hoje, até a máquina fotográfica fez boicote a um dos mais extraordinários pores-do-sol que alguma vez vi! Ao sul ou ao norte. Só comparável com ... nao digo !

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Punta del diablo

Uma diabinha (descomandada, como diz o meu pai...) tinha que escolher um lugar assim, para se esquecer de ser, nao vos parece?

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Chego ao Uruguai

Montevideo recebe-me com pessoas de sorrisos e um baile de povo no meio da praça Entre Veredas. Trago a mochila às costas, como casa, e ainda nao sei onde vou dormir. O oceano atlântico cheira diferente, aqui, ao sul. Andei na tarde ao colo de um barco que se chama Atlântico III, o olhar no infinito do mar, à esquerda, esgueirando o pescoço para contornar Pernambuco. O céu, sobejando laranja, caiu-me em cima ...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

companhia de viagem, agarrada à minha mochila!

Nocturna - tango e acrobacia aérea

Ontem fui ver "Nocturna" um espectáculo de acrobacia aérea e tango. Um circo no ar!!! Voei, voei...
Uma das frases que me ficou a ressoar no ouvido (e não sei mais onde...) foi:
"después de se conocer una mujer alada, como se puede querer a una mujer terrestre?" (autoria não identificada no programa do espectáculo)

http://www.circovaiven.com.ar/menu.html
E daqui a algumas horas estarei a ver o japonês Ko Murobushi, em Buenos Aires.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Labjovem 2009

Acabo de ler: "Por decisão unânime do júri, não houve seleccionados na área Performance/Teatro."
Agora, a mim, falta-me saber quais as razões do júri composto por Miguel Borges, Anabela Morais e Hélder Xavier.
Mais um triste subsídio para a cultura nos Açores.

vou de barco

vou de barco, já disse!
vou ir...

aportarei na saliva gasta
pela boca do oceano atlântico
lá,
onde o rio abraça o mar
e é mar e rio
o que se confunde
e se namora

não espero chegar
nenhuma chegada

vou ir...
como se diz
lá,
longe,
na terra
onde o mar não tem rio
e se abraça
se confunde
e se namora ilha.
entro novamente na tua casa
das mãos solto um perfume
de pinho e maçãs verdes
trinco uma tua, madura
e deito-a na tua cama
que nunca toquei

pouso uma fogueira
na pedra do teu chão

tu não estás
adormeço no teu colo.

quando voltares,
eu já não estarei na tua casa
nem no teu jardim.
serei pássaro nessa janela
serei a casa
de madeira com sabor a pinho
serei o jardim.

Buenos Aires, helado e...

devia ser eleito património da humanidade... o gelado argentino. artesanal. delicioso... fresco. de sonho! hummm... e trazem-no a casa... delivery chama-se. Para tudo. vídeos, gelados, comida, compras de supermercado, farmácia, biscoitos e pão, bebida (principalmente alcoolicas, pois há uma lei que proibe o consumo de bebidas alcoolicas na rua depois das 23h)... ainda não tinha contado, pois não? nem dos 30 graus que vão estando diariamente com sol ou com chuva... hummm. sabe bem transpirar! nem da bicicleta com que vou andar amanhã à noite, pela cidade. hummm... o vento é de Aveiro ;) ehehe. Nem tinha ainda falado dos filmes que tenho visto? e dos livros que ando a ler? e dos quilómetros que faço a pé? da senhora que me costurou o vestidinho descosido, do senhor que fala sozinho, da antipática da padaria, da cidade, das praças, dos parques, da relva, dos cães... do museu nacional de belas artes? do beijo do Rodin... ai... e do artesanato contemporâneo? e das pombas que me pousam na mesa e roubam os amendoins obrigando-me a beber a cerveja sem eles? e do que me rio sozinha? e de quantas pessoas me perguntam de onde sou? e a quantidade de gente que desconhece que há ilhas NO MEIO DO OCEANO ATLÂNTICO, SIMMMMM! E das carruagens de metro antigas, de madeira? e de uma casa descalça, e outra e mais outra... eu já tinha falado? Sim, estou de férias. No sábado parto para o Uruguai. Vou aportar nos Açores. Eheh. de Colonia de Sacramiento, a Montevideo e Maldonado. e... o mar, o nosso e meu mar... atlântico ainda, aí estará cuspindo para fora da boca! Tenho saudades do mar. Sim.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

correcção - Teatro Comunitário

Enganei-me (que é o mesmo que dizer, a editora Maria errou!).
O Teatro Comunitário nasceu na Argentina em 1983, (e não em 1976, como eu tinha referido num post de ontem).
Está feita a correcção, que já me endoutrinei sobre o assunto... ehehe
. O grupo responsável por esse achado chama-se Catalinas Sur e o seu director é o uruguaio Adhemar Bianchi.

Caminito - Conventillo de los artistas

Carlos e Martin (Austríaco, de visita) tocam juntos de improviso. Momento raro, acreditem! Quizás... único. Como todos os momentos, aliás!

Carlos Stagnaro - bandoneón

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

fotos minhas

continuo a actualizar, de vez em quando há fotos novas...
aqui

La boca - um bairro e um porto. Caminito

Podia sonhar Santa Clara ou a Calheta... em Ponta Delgada. Mas ainda não!

É La Boca, em Buenos Aires. A boca aberta para o rio.
Ali, foi onde nasceu em 1976 o Teatro Comunitário. Ali é onde fica o estádio de futebol do Boca Juniors (e ao que parece não é esquecível assistir a um jogo de futebol ali...). Ali, em tempos, foi içada uma bandeira genovesa e o bairro proclamado república independente.
Ali, o porto recebeu milhões de imigrantes europeus no início do século passado.
Ali, dança-se tango em ruelas estreitas. Sem saltos altos, de meias de rede rotas pelos anos e a usagem...
Ali, no Castillo (pátio) dos Artistas passei hoje uma tarde maravilhosa a ouvir o senhor Carlos tocar bandoneon. Apanhei-o surpreendido pela chegada de uma personagem (como ele próprio lhe chamou) austríaca que veio cumprir uma antiga promessa: a de que voltaria e lhe traria um colete da sua terra. Entrega feita. Com testemunhas. Depois, tocaram juntos, bandoneon porteño e acordeão austríaco. Para mim, tocaram um fado de Lisboa. Todas uma tarde que foi um grande bom momento.


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Teatro Comunitário

Ando a ler... continuo a sonhar... estou a criar... um método, uma pedagogia, uma escola des-sapatada...
O master em criatividade continua...
Aqui, abaixo da linha do Ecuador, encontro inspirações. Novo ar. Estudar faz mesmo bem à saúde, gente! É como o Teatro... e a Arte, em geral... eu não dizia?!

Por exemplo, leio sobre Teatro Comunitário...

"No hay casting ni figuras principales. El Teatro de Vecinos se hace con quienes acuden a las convocatorias de animadores sociales espontáneos. Los grupos nacen y ensayan en las plazas o en la “plaza techada” de algún galpón. Primero se escuchan y escuchan el entorno. Después se produce. Se canta, se escribe, se baila, se juega, se mancomuna el trabajo y se continúa escuchando al que pasa, al que llega, al que reacciona. Son voces corales con pertenencia a algún territorio: barrio, pueblo, pequeña ciudad. El territorio contiene historia común y vivencias diferentes, que lejos de confrontar posiciones, facilita las múltiples miradas por considerar. El territorio garantiza la diversidad de miradas, de edades, de condiciones físicas y emocionales que parirán frutos propios, ninguno igual al de otros grupos y por ello, tan asombrosos y vitales. El territorio compartido ofrece –además- una clave de persistencia: ofrece cercanías; a todos les queda a mano el ensayo, el encuentro semanal, la asistencia regular hasta que madura la obra, se la representa y continúa creciendo. Las obras hablan de los otros, pero siempre, de ellos mismos. La autoindagación y la autocrítica afloran ineludiblemente en las etapas previas, y por eso, en escena, la autocrítica aparece procesada grupalmente, como una voz que arrastra el consenso de todos. Una voz con alcance artístico para que conmueva, y no sólo entretenga. El teatro comunitario es narrativo, musical y sencillo. Fruto sabroso de comunicación cívica, cultivado con relevante esfuerzo y desinhibición de las marcas dejadas por la educación elitista del arte. Pura imaginación y aprovechamiento de la diversidad natural y cultural, para concretar lazos de esperanza social que repercuten más allá de las actuaciones, es decir cuando la vida cotidiana del barrio, del pueblo, de la pequeña ciudad que comparten los encuentra remozados en sus prácticas de convivencia." (escrito por María Azucena Villoldo)

Folclore Argentino, não é tango!

Ontem estive toda a noite a dançar folclore argentino. Aprendi um zapateio, (lembrei-me da sapateia e fartei-.e de a cantar... só por causa do nome, mas o zapateio é mesmo sapateado), dancei em ritmo ternário (como tantas das tradicionais portuguesas ou europeias), enfim, ri-me muito enquanto bailava, agarrei a saia, 1, 2, 3 , 1, 2, 3... rodar, troca o par, volta inteira, agora meia volta, giro, sapateio (só para os homens... as mulheres fazem a... hummm como é que se chama? Não me lembro mas sei fazer... olé se sei... depois volta inteira outra vez e giro final. E palmas 1,2, 1,2 quase como no flamenco... ah pois é, e aí toda a gente participa, público, quem baila, enfim... Confesso que o folclore é bem mais simples do que o tango... e mais alegre, é festa! pois então... :-)
Aprendi a dançar uma chacarera e um zamba. Ehehe, depois, no final da aula, um grupo começou a tocar ao vivo! Lindo, vai daí... baile!!! 2 guitarras cantando e um bombo! Os dois rapazes são filhos de uma família de músicos tradicionais muito conceituados na Argentina, de Santiago del Esteiro. Lindo, lindo, gente tão nova a manter vivíssima a música tradicional, popular, na cidade capital ... é que aqui, na Argentina, música tradicional é também sinónimo de canto de intervenção... a ver se dou um exemplo, a Mercedes Sosa (para além de tudo o mais) é um ícone do Folklore Argentino... entende-se? As diferenças? - eu bem digo que se poderia dançar o fado ou, quem sabe, Zé Mário Branco ou Zeca Afonso... mas porque não???
- tou a brincar, tou a brincar... - mas que me diverti, diverti. Depois uma miúda de 20 anos, cantautora, voz e guitarra, apenas... pronto. Acredito que a Sofia Viola ainda vai ser grande, um dia. E hoje, inscrição em taller de acrobacia aérea... e tarde a ensaiar a palhaça... ai... ui... e estudos sobre Teatro Comunitário e a História da Argentina. E agora, saio correndo a ver um espectáculo sem palavras... a la gorra. Será que estou de férias?

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Hino à vida

se eu fosse mulher de hinos
e cantasse ou contasse um hino
eu hoje diria à vida
- estou grávida de ti!

Pablo y Natali

verdadeiros amigos são os que encontramos (sem acaso) no caminho e nos oferecem cama, casa, mesa, carinho, cumplicidade... a lua cheia, a chuva, risos, gelado...
Hoje prometi algo convosco dentro, Pablo y Natalí. Si consigo la beca, ya sabéis... Azores son un puerto de llegada para ustedes.
Gracías por acojer me hermanos!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Bolsas de Criação Artística - Açores

Se a DRAC aprovar a minha candidatura a bolsa de criação artística, na área de Dramaturgia... em 2011 os Açores poderão assistir à estreia de:

BALEEIRAS - uma odisseia contemporânea

de Maria Simões
a partir de Dias de Melo e Homero


olé!
que nunca seja por falta de candidaturas completas, entregues perfeitamente dentro do prazo e que nos levam horas e dias de trabalho já criativo...

Terrorismo

ontem aprendi uma frase de um palestino professor de mestrado em Política Internacional numa universidade de Paris. Diz ele, sobre terrorismo e a ausência de definições à escala da semântica mundial:

one man terrorist,
is one freedom fighter man

dito por outras palavras...
o terrorista para um é um lutador pela liberdade para outro.

Para mim, é tudo uma questão de perspectiva e de ponto de vista. Façamos o exercício. Procuremos as definições...

Irlanda em Buenos Aires

Hoje e amanhã... no Luna Park *, em Buenos Aires...

The Cranberries
e eu não vou?

* (o nome faz-me lembrar o Luna Parque, lisboeta... contado magistralmente pelo mestre Mário Henrique Leiria e que gosto tanto de ler...)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Tango

O tango é porteño... o que quer dizer que é de Buenos Aires. (portenho refere-se ao importante passado histórico, comercial e económico desta cidade de porto...). Como o fado é... de Lisboa?
Mas o tango, para além de se tocar e cantar, dança-se (como eu sempre defendi que se deveria dançar fado...). E é uma dança machista. Sim, é machista, por princípio, tradicionalmente.
Os homens passam a vida a recordar-mo (ehehe! Já se sabe, tenho tendência a não me deixar conduzir...) mas eu consigo, sem dúvida que consigo, ser conduzida. Acreditem!
O papel que cabe às mulheres, no tango, é o de simplesmente serem belas, femininas (seja lá isso o estereotipo que for), e deixarem-se levar. No fundo, no tango os homens crêem que dançam para as mulheres suas pares... e fazem-nas (nos) dançar. Quando temos a sorte de estar perante um verdadeiro bailarino de tango... dançamos divinamente. Acreditem! Basta deixarmo-nos levar! E saber usar todas as oportunidades que tivermos para improvisar e surpreender. Como um jogo. Pura sedução. Uma brincadeira.

Milonga é o local onde se dança tango. No fundo, a pista de dança. Por aqui, na catedral, há todos os dias aulas (que estão cheias), seguidas de milongas! É um sítio brutal. Um armazém antigo, cheio de cheiro de história e cultura, com espaço para comer (restaurante vegetariano onde tudo é delicioso e barato), bar, mesas, cadeiras, sofás, um espaço andaimado para concertos ou música ao vivo... e milonga! Eu, por acá ainda estou a aprender apenas os passos das mulheres... Ser homem, nestes momentos, é para mim muito difícil (ehehe). Daí que, guapos y guapas azoric@s de mi corazón, cuando llegue aí quiero tener con quien bailar, hoyé!

Mas, mais do que isso, o tango é uma dança de um corpo só. Em equilíbrio e desequilíbrio constante. Como a vida, aliás. Não importa se dança um homem e uma mulher, ou se dançam dois homens ou duas mulheres.
Importa que é mesmo lindo dançá-lo. Que a liberdade passa efectivamente por aí. Que, mais do que simples folclore, as danças de um povo reflectem a sua forma de ser, de estar. Importa que duas pessoas, no fundo, se estão a respeitar quando o dançam, se estão a entender, a comunicar e que ambas podem, se assim o quiserem, simplesmente ouvir a música e voar com e sem os pés no chão. É primo de liberdade, isto, não é? Dançar vale mesmo a pena! Encostar as cabeças, também. E no tango, essa é a posição base.


dormi mal esta noite,
que, como diz um amigo,
outro,
Morfeu abandonou-me...

acordo com "Um sonho impossível" na cabeça
e procuro depois "Bebo y Cigala"
para cantar de quem tenho saudades...

estou a terminar a candidatura às bolsas de criação artística da DRAC (Açores)...

porque raio teimo em continuar a acreditar que "água mole em pedra dura..."?

sonho impossível - Chico Buarque

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

eu queria hoje colocar aqui uma carta
muito, muito longa...
mas nao a escrevi,
ainda.
porque
eu queria saber escrever.
eu queria poder contar.
e eu queria nao precisar de palavras
para ninguem
para nada
mas prendem-me as palavras
e as saboreio
e me invadem
as ideias
o pensamento
livre
procuro nao pensar.

passo muito tempo nos cafés de Buenos Aires, onde afinal saberia viver. Nos cafés... e em Buenos Aires.
escrevo, rabisco, desenho
páro
olho
bebo cafés, cervejas e vinho, fumo
(eu podia ser boémia, afinal!)
danço tango com muitos pares
leio, caminho,
passo tardes na Plaza Almagro
e tudo isto é muito bom!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

esta miúda...
vai novamente tangar hoje!
é assim tipo uma religião, pois então...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

maria elena walsh

faz hoje uns maravilhosos 80 anos...

http://es.wikipedia.org/wiki/Mar%C3%ADa_Elena_Walsh#Literatura_infantil
http://www.eldiario24.com/nota.php?id=74502

subsídios para a cultura nos Açores IV

Chegou hoje, finalmente, quase um mês depois de eu a ter pedido, a acta do júri DRAC, ou melhor, da comissao de apreciaçao, que considerou a minha candidatura "nao enquadravel na estrategia de desenvolvimento cultural da DRAC". Apenas em resumo, posso adiantar que nem o meu nome nem o projecto que candidatei em 31 de Ago de 2009 constam da acta do júri, mas apenas de uma ficha de candidatura onde, sem quaisquer informaçoes sobre critérios de avaliaçao, sou classificada ora como reduzida (2), ora mediana (2) ora elevada (1)... consoante os parâmetros.
Alegra-me saber que, pelo menos em termos de "capacidade de realizaçao a inferir do currículo de actividades ja realizadas", me consideram elevada!

Uau.
Muita água vai correr debaixo da ponte, ainda!
Até porque com ou sem apoio do Governo dos Açores, o projecto vai realizar-se. Pode nao ser exactamente como previa, como sonhei, ou como a regiao mereceria que eu devolvesse em trabalho o investimento publico feito. Mas o projecto vai acontecer e isso é porque a minha "capacidade de gestao, determinada, designadamente, pela adequaçao da proposta de orçamento às actividades a realizar e pela razoabilidade de custos", ao contrário do que suas excias defendem, é elevada, também!