caminho descalça pelo convés
encerro pegadas
enraizadas da água
vou de barco
para estar perto do infinito de cegar
escorrego. Nao chego a cair
a viagem faz-se com a alma
nao com o viajar
algures o caminho se estria de sombras
e é dor
a travessia
a saudade
a miragem
parar
vivo todos os dias
sem me doerem pegadas
as feridas, os calos contam a vida
pareço flutuar
mas quando carrego a casa
é salgada de mirra a caminhada
deixarei, entao, para trás,
no porto, a memória
rumo a outro lugar.
quando me cansem os pés
pousarei o regaço no teu colo
cheio de saber olhar
deitada
ondulando ao vento.
hei-de chegar
aí, onde param as palavras
poderei, finalmente, repousar
a cabeça
no aroma do teu abraço
novo
magro
terno
beijarei os teus pés
com a água salgada dos meus olhos
tu beijarás os meus
os pés, os olhos
tu serás o barco
eu a casa.
(dedicado ao Alento de RP)
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