segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

o adeus, a memória, os registos

14fev10
As despedidas, as mortes, as perdas... sao um assunto que me ocupa muitas vezes o pensamento e me têm constantemente provocado a um novo (ou re-novo, ou renovadoi) auto-conhecimento. Nao consigo concretizar a ideia que me atravessa o cérebro nos imediatos segundos antes de me despedir de alguém. Creio, a posteriori apenas, que há, algures por aí, um sentimento de perda com o qual só recentemente comecei a aprender viver...(E viver com ele é aprender a nao posse, aprender que ninguém é de ninguém, aprender que nada é eterno). Nao chego a racionalizar o pensamento que me aparece nas despedidas mas, ainda assim, as lágrimas chegam (ainda que só por dentro do olhar...) e dói. Nao gosto de despedidas! Nao gosto que me doa, nada! Hummm... e isto nao interessaria nada se ontem nao me tivesse voltado a bailar o choro quando abracei a Natalí e ela me deu uma metade de pedra Picasso (a outra metade guarda-a ela) ou se hoje, precisamente hoje, nao tivesse conhecido o Jorge. Uruguaio maior que se me cruzou no caminho porque tinha que ser, porque eu tinha que aprender que ele perdeu um filho com 8 anos, que se separou da mulher há 6 por honra e ele nao queria ser o mau da fita, para a filha, sempre! Disse à mulher: "Se aprovares este casamento, eu vou-me de casa!". E foi.
...
Eu nao fiz nenhuma foto hoje porque fiquei sem bateria na máquina e ... pior! deixei o carregador em Montevideo... Depois, pensei (para nao me angustiar, eu sou jeitosa a dar a volta ao texto, dizem...) que já há na internet milhoes de fotos de Punta del Diablo e podia passar sem as minhas...
Sim, estou aqui. Acreditem! Posso provar com o olhar.
e com as palavras.

mas também tenho pensado sobre isto. Para que escrevo eu, afinal? Para registar o que penso, para me daro prazer de brincar com as palavras hoje para reler mais tarde o que vivi? Mas ler o que escrevi sobre o que penso que vivi... ???? é tudo o plano do pensar. nao é de facto isso que importa. Isso nao é ser. (estou outra vez num computador onde nao posso colocar o til sobre o 'a' em sobre o 'o'...
A única coisa porque valerá a pena continuar a escrever é porque há pessoas que me lêem, me vêem, me sentem (e outras que me conhecem) através do blogue. Bem sei :)
Mas... se eu deixar de publicar é tao somente porque estou a tratar de viver mais e registar exteriormente menos. Por isso, hoje, até a máquina fotográfica fez boicote a um dos mais extraordinários pores-do-sol que alguma vez vi! Ao sul ou ao norte. Só comparável com ... nao digo !

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