segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

As urgências da arte (adaptado de uma carta)

Criar, para mim, é uma forma de falar certas urgências. Urgências que me habitam e me libertam.
Criar, em Arte, tem sido isso ao longo da vida e dos anos. E, se me pedem que cale, resta-me encontrar outros caminhos para gritar.
Escrevo coisas a que chamo poesia
Sonhos, filmes e guiões
Teimando em juntar fotografias numa sucessão de história contada para fazer sair o que mora em mim e não pode afogar-me.
Não aceito a mordaça
mas sou capaz de calar.

Não aceito os medos dos outros para mim
Não aceito as fugas
Sou talvez a morte anunciada, sobrevivente, resiliente
A morte vai sempre perseguir-nos...
tu andas-me a perseguir
Algo está a morrer e eu não quero virar o olhar
quero ver.
quero olhar.
quero estar cá, depois da morte.
algo virá.
algo novo que não sei e quero conhecer

A espiral é sempre ascendente...
trago-a tatuada a misturar-se com as estrias

Ando inquieta sem as coisas se confundirem em mim
tranquila
as gavetas do pensamento arrumadas com o desalinho.

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