A aventura começou. Ela chega ao aeroporto de Ponta Delgada, como convém, com a antecedência mínima para fazer check-in, com uma cadela que tem mais 15 Kg do que o previsto, um carro que tem que ir deixar ao estacionamento gratuito, um pagamento de excesso de bagagem (kg de animal vivo) para fazer, uma porta de embarque a chamá-la... A cadela acaba por não tomar o comprimido tranquilizante. Está calma. Estão ambas calmas. Como convém.
Não tem líquidos nem botas. Tem cinto que há que despir. A saga continua!
Deixa a chave, não toma café, não compra tabaco, não fuma o último cigarro. Embarca a horas. Sempre como convém.
Voo tranquilo com o sol a queimar a pele da cara e as nuvens num magnífico tapete de céu que mais parece um chão para onde apetece atirar-se.
- Quero saltar de para-quedas!
- Quero saltar de para-quedas!
Aterragem sem problemas, pai e mãe à espera. A cadela é a primeira a sair e como não vem dopada chama por ela latindo meigamente como quem diz: Estou aqui! Também já cheguei.
Mochila grande, 2 mochilas pequenas (que contêm toda a vida!), o saco da ração, a mochila da cadela.
- Prontas! Todas nós que sendo apenas duas somos muitas, não é?
Saída para a rua, beijinhos e abraços, um pai de barba como o capitão Iglo, o chapéu a condizer, uma mãe com tosse e muito feliz, o carro no estacionamento.
- Vamos!
Abre-se o carro, sai a cadela da sua caixa transportadora, desmancha-se a caixa, a cadela vagueia pelo parque de estacionamento explorando o novo destino. Um cocó aqui, uma cheiradela acolá, “Olá avô” e vai, vai, vai. Perde-se na imensidão das coisas tristes que são o chorrilho de latas e motores estacionados numa cave do aeroporto.
- Prontas! Todas nós que sendo apenas duas somos muitas, não é?
Saída para a rua, beijinhos e abraços, um pai de barba como o capitão Iglo, o chapéu a condizer, uma mãe com tosse e muito feliz, o carro no estacionamento.
- Vamos!
Abre-se o carro, sai a cadela da sua caixa transportadora, desmancha-se a caixa, a cadela vagueia pelo parque de estacionamento explorando o novo destino. Um cocó aqui, uma cheiradela acolá, “Olá avô” e vai, vai, vai. Perde-se na imensidão das coisas tristes que são o chorrilho de latas e motores estacionados numa cave do aeroporto.
Está tudo pronto, só falta a cadela. Começam a chamá-la. O assobio não funciona. Falta a humidade. Há sol ali para cima, ela foi para a rua, claro! A vida afinal está lá fora...
Andam quase meia-hora a chamar por ela. As imagens de um atropelamento, roubo ou rapto sucedem-se na sua cabeça.
- Bolas!
- Bolas!
E chama a cadela, e assobia e começa a pensar como uma cadela: “Por onde vou? Para ali, ali há relva, aqui há sol, ui, tantos carros, que confusão... Dona!!! Mãe! Estou perdida! Onde é que está o nosso carro? E o avô? E a avó? Bolas! – pensam cadela e dona em sincronia.
Ela começa a perguntar a todos os homens com quem se cruza: - Uma cadela preta, não viu?
Uns sim, outros não, todos olham com ar estranho... que sítio mais raro para se perder ou procurar uma cadela... No metro, sim, andava na linha do metro, para um lado e para o outro...
A imagem dramática de um atropelamento outra vez. “Ela não sabe andar na cidade, já se esqueceu...”
Eu via-a ainda há pouco ali daquele lado. E o homem aponta para a esquerda e ela sente-a pelo canto do olho na direita. Está do lado de lá da estrada. Ufa! Que alegria vê-la ainda que seja ao longe. Chama-a. Assobia. A cadela está desorientada, não sabe de onde vem o som, reconhece um cheiro, fareja. Farejam-se em sincronia... as duas.
Quando, por fim, se encontram, ela é recebida por um gigante salto e lambidelas na cara, nos óculos, no coração...
- Bolas, bolas. Que susto! Que assustadas estávamos as duas, não era?
Bom dia primeiro. Bem-vinda à viagem, outra vez!
- Bolas, bolas. Que susto! Que assustadas estávamos as duas, não era?
Bom dia primeiro. Bem-vinda à viagem, outra vez!
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