sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

desencontros

Estamos sempre em desencontro...
E algumas vezes, chegámos a ver-nos de perto.
Mas quando eu trabalho
tu jogas
quando eu quero passear
tu trabalhas...

isso é não haver projecto em comum
é mesmo.
isso é eu não existir para ti, aqui, neste tempo e lugar.
enfim. que posso fazer?

nada.
continuarei a escrever cartas de amor.
preciso esvaziar-me.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

First they ignore you, then they laught at you, then they fight you and then you win.
Mahatma Gandhi

a morte

Este ano pensei mais na morte do que noutros tempos, noutros anos.
Este ano quis fazer coisas que não queria deixar de fazer antes de morrer.
Ainda não consegui estar com as pesssoas com quem quero estar, na presencia física ou na distância, fazendo-lhes saber muitas mais vezes o quanto são especiais para mim, o quanto são importantes, o quanto as amo.
Não faz mal se repetir muitas vezes a mesma coisa quando ela é a alma e o coração a falar. (Quantas vezes repetimos a mesma coisa sem importância? e isso de que vale afinal?)
Por isso, aqui fica hoje, mais um voto e uma intenção.
Quero dizer-te o que tenho para te dizer. Quero fazer o que tenho para fazer, o que quero fazer, quero ser o que sou em possibilidades do ser.
Quero ser feliz, porra!




segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Poesia nas luas

Hoje descobri, certamente não por acaso (eu é que ainda não sei o porquê da casualidade), o projecto SINAL DE ALARME numa notícia do Público.
E quase tomei a decisão de espalhar o amor, assim, para quem o apanhar.
Diariamente, esse é o desafio. essa a dificuldade. a ver vamos como o vou fazer. Para já, tenho até 14 de Fevereiro para pensar, porque até lá está o José a fazê-lo na última carruagem do metro da linha azul de Lisboa.

José, casas comigo?

Marina Abramovic

Marina Abramovic (performance grandmother)
para estudar!
http://www.youtube.com/watch?v=vDg_KWJh1g8&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=Abk44swuaro&feature=related

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

quero ter filhos

para lhes ler antes de dormirem...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Eduardo Galeano

Lloramos juntos, no sé cuánto tiempo, abrazados los dos, ahí en la silla.
Yo sentía las lastimaduras que Florencia iba a sufrir a lo largo de los años y hubiera querido que Dios existiera y no fuera sordo, para poder rogarle que me diera todo el dolor que le tenía reservado.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

morreu de frio, em casa.
o coração gelou
deixou-se embrenhar na saudade
nas lágrimas que viu cair mais do que uma vez

ao lado de quantas pessoas choraste na vida?

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

sempre

é uma palavra rara...
mas sempre que estou com ele
gosto dele.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

baleeira eu?

e se para uma mulher o carmin é igual ao magenta e ao rosa?
é uma baleeira - disseste

então, se aceitas que uma baleeira é uma mulher valente
e me chamas baleeira
está bem
sou uma mulher valente
e não tenho que pedir desculpas por isso

é bom!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

o meu coração hoje amanheceu grande de amar-te, de novo.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

continua... continuo

continuo a amar-te... continua o amor...
continua a ser uma alegria falar-te, um aperto ver-te e não te tocar,
o desejo
a saudade
que estranho tudo isto
corrói sim
e alimenta
o meu ser.

sábado, 12 de novembro de 2011

saudade de novo

é certa a saudade.

é duro aceitar a distância
e a morte quando a vida ainda vibra dentro de nós.
estúpido break!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

quero

só poesia nos meus dias, no meu amor, no que me dão.
mais nada.
quero viver no mundo da lua.
noutro mundo
quero estar longe do comum
quero que tudo valha a pena
que cada momento
que cada riso.
não quero a raiva, a angustia, a tristeza dentro de mim
quero estar sempre bem.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

feliz

Hoje disseram que eu parecia estar feliz...
e estava, estava bem, descansada, bem dormida, ali porque queria estar ali... nada mais, só isso.
quando se está onde se quer estar, está-se feliz. é simples a vida, assim!

domingo, 6 de novembro de 2011

saudades

saudades
saudades
saudades
tuas

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

my soul

I gave you my soul.
Don't burn it. don't loose it. don't forget it.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

poliartista

Pronto, precisava disto.
Tantos anos para assumir que sou artista e agora percebo que o meu problema é não ser apenas artista, senão poliartista. No fundo gosto de comunicar através das artes, gosto de me expressar, gosto de produzir arte. Assim, em resumo,
Sou uma POLIARTISTA. teatro, música, cinema e vídeo, escrita, performance... são apenas algumas das áreas por onde tenho navegado. Noutras toquei. Outras sem nome. para confundir ainda mais.
Outra coisa é certa. Sou uma poliartista autodidacta.
ehehehehe
a viver da coisa desde 1994.
pois.

Brincóloga e poliartista autodidacta (brevemente sem c.)

Quatro cartas de amor e um grito desesperado

Estar triste

é estar doente, ou não?

je t'aime moi non plus

a vida e o coração

Passo a vida a deixar que me levem o coração. Sei que o tenho, sim, porque às vezes sinto tão claramente um buraco no seu lugar... é como se mo levassem. Parece ter vida própria o coração. Que bicho estranho este que não entendo. É como às vezes sentir que uma mão me entra pelo peito e o aperta. Eu não sei se estou a enlouquecer com as ausências do amor, mas que me apetece pegar eu própria no meu coração e guardá-lo numa gaveta ou numa caixa para que não mo roubem, isso apetece. Uma gaveta que fique sempre entreaberta permitindo que o bicho seja alimentado. Isto dava um vídeo.

domingo, 16 de outubro de 2011

Mais um dia à procura


mais um dia à procura from corredor associação on Vimeo.

I hate

your hate.

sábado, 15 de outubro de 2011

doi

Dói, dói, dói, corroi, é uma dor, uma morte de amizade e amor, é uma parte negra dos dias...
Para não enlouquecermos vamos dar um "break".

sábado, 8 de outubro de 2011

tempo

habituei-me a ter tempo para mim... para escrever, para ouvir música, para ler, para nada... Hoje voltei ao mar. soube bem o sol e o sal. o fotógrafo da cadeira de rodas inspirou-me a mais.

Filmei o Tiago Pereira


TRAD ATAQUE #001 from MPAGDP on Vimeo.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

macua

ela fez ontem 9 anos e eu é que recebi os beijos!



Há muito tempo vi uma foto de uma velhinha inglesa, num livro de cães, sentada ao computador elogiando a pachorrenta insistente companhia dos Labradores...

É certo, é muito certo. Onde quer que eu esteja, ela está.
Agora aqui ao lado dos meus pés, quando janto muda-se para a cozinha, se apanho sol, ela apanha também... Nunca incomoda a sua presença.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Às vezes também só queres a minha companhia...

sábado, 10 de setembro de 2011

Payasa y mujer... con Lluna Albert

Vamos a um curso de clown em Valencia... vamos!!!!
São só 26,99€ para chegar de avião do Porto a Valencia... Já tenho também como pagar a inscrição no curso (apenas 100€). E alojamento e refeições! Agora só falta arranjar 280 euros para pagar à Sata. Nada de extraordinário!
ponto. parágrafo.
Se calhar não vou.
adoro a insularidade.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

aqui

Há 3 horas a sair para casa ou para sítio nenhum. Viciante a música que me impede de mudar de poiso. Estou para aqui, como quem está de saída e não vai para nenhum lugar.

domingo, 4 de setembro de 2011

Toma

2ª parte da triologia sobre corpo e identidade: "Kill Me" que resultou numa instalação e performance em vídeo, fotografia e performance estreada em Setembro de 2010 no Arco 8 em Ponta Delgada.
Neste video:
câmara - Tiago Melo Bento
fotografias - Sofia Carvalho
interpretação, voz e realização - Maria Simões
Música - Meira Asher

domingo, 28 de agosto de 2011

dor de ombro

quando se tem muito para escrever nada melhor do que uma imobilizante dor de ombro, não? Benditos os gravadores de voz.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

tempos loucos

a criar, a expor-me no que escrevo, no que canto, no que apresento, no que produzo, no que filmo, no que sonho, no que digo... ai... estou a dar tudo de mim, eu juro que eu estou!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

os despertares

de novo, a saudade, o sentimento da perda do amor, a estupidez à volta e eu sem saber o que fazer, como estar, como viver o que sou.
a estupidez à volta, eu a ver coisas que mais ninguém vê.
duvido da lucidez. Não creio que me visites quando eu enlouquecer.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Passou pouco mais de uma semana mas sinto que tenho vindo muito pouco aqui, que é como quem diz que tenho vindo muito pouco a mim...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

aquela hora da noite

o meu coração salta mais forte movido não sei porque sentimento e volta a despertar-me às 4h30 da manhã, quando a noite parece morbidamente calada.
sei que com estes versos não farei a revolução.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

voltaria a amar-te

todos os dias
enquanto viajaria por todas as partes de mim.
Hoje estou de novo naquele lugar.

sábado, 23 de julho de 2011

passear

às vezes recrimino-me por não passear...
mas bolas, eu passeio e viajo tanto dentro de mim e de casa!!!!
hoje a criar o novo mapa do tesouro:
a casa linda! o chão encerado. o quintal a ficar apetecível. os livros a ler.
a música nova,
os papéis quase arrumados. as dívidas quase pagas.
o trabalho a sorrir...

chuva

Gosto da chuva.
Sim, gosto. Particularmente em dias destes em que a casa parece ter sido inundada por uma fada qualquer. A música no volume justo de sincronizar com o ritmo da água a cair dos beirais.
A terra agradece, está a rir-se. sinto. Amanhã vai ser mais fácil limpar as ervas que me escondem as pedras. gosto das pedras. gosto da terra.
gosto de estar molhada. gosto da chuva de agosto.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

feliz

cheia de tudo o que dou e recebo de volta!
Obrigada, Ricardo, por tudo de hoje, pela noite, pela poesia, pelas confissões, pelo japonês, pelas lapas, pela música, pelo outro lado do mar!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

voltei a acordar dentro de ti

como se te pertencesse ao coração, como se morasse aí, ou tu em mim, como se o universo fosse esse lugar bonito, redondo, que cabe em duas mãos fechadas a espreitar...
acordei a amar-te, a sorrir, a querer levantar-me e levar-te para o mundo, de olhos abertos, voando...
a viagem é esse lugar do retorno, há ir e voltar.a espiral que nunca nos deixa e que nunca deixo.
acordei feliz!

sexta-feira, 15 de julho de 2011

coisas difíceis de dizer

Aprendi hoje que as três coisas mais difíceis de dizer são: amo-te, desculpa-me, ajuda-me.
é certo que ando a treiná-las todas.
e custa, sim, custa.

sábado, 9 de julho de 2011

Estou noutra

Quando gosto de alguém, convoco que os dias sejam mais belos, que haja alegria no ar, que partilhemos coisas que tornam o mundo melhor.
por duas vezes ouvi, de duas pessoas diferentes, "estou noutra!"

Nessa altura, engulo em seco uma coisa que não tem nada a ver com o que sou.
Engulo o que não quero.
Canso-me.
Desisto.
"não desistas" - diz-me.

Não sei aceitar derrotas.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

vai, voa, Maria!

Tu és feliz fora daqui!
e as lágrimas cairam e caem e continuam a cair...

Sting

às vezes ouço incansavelmente, repetidamente algumas canções. Hoje agarrei-o de novo. Assim que começou a tocar foi como uma faca a espetar-me o coração. Pára!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

como no quererte tanto

continuo apaixonada, ao fim de todo este tempo. sonhando eroticamente agarrar-te o pé descalço, beijá-lo no meio do café, parar o tempo, agarrar esse pé como quem pega no menino jesus em noite de missa do galo, beijá-lo com esse amor e a devoção do lavar os teus pés com os meus beijos. bolas. é estranho este amor. és Narciso, só pode. por isso este amor assim.

domingo, 3 de julho de 2011

dia no campo...

Não, não me distrai. Traz-me em paz. Fico ainda mais comigo, penso ainda mais em ti e em nós.
Apesar do que dói, apesar da tua ausência, é muito bom ter coisas simples para fazer.
Ser simples.
Apanhar o sol no corpo todo, ter no trabalho da horta a praia, tomar banho de mangueira e na banheira do pasto, almoçar lapas cheias de mar, andar de mota de manga curta, as mãos e os pés na terra, o céu a abraçar-nos com uma imensidão de belo, o mar lá ao fundo, as vacas que mugem sempre à mesma hora, o choro das crianças nos quintais, os gatos a saltitar e a dormir por todo o lado, as galinhas contentes, os pássaros que cantam a qualquer hora...
tudo é perfeito.


já há mais de um ano que, todos os dias, mas todos os dias mesmo, esta música me assalta a cabeça. Canto-a e trouteio de fio a pavio, como uma espiral que volta sempre ao mesmo lugar. Às vezes salta de manhã, outras vezes a andar sorrindo de mota, às vezes é em casa, à noite, à tarde... assalta-me pronto! Que hei-de fazer? Hoje foi um prazer muito grande tê-la encontrado no youtube, pela mão do querido António Sousa. Arrepiei-me primeiro nos braços... depois olhei fixamente o monitor, arrepiei-me nos braços, na barriga e nas pernas... bolas! É bom sentir coisas...

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Os passos em volta

"— Se eu quisesse, enlouquecia. Sei uma quantidade de histórias terríveis. Vi muita coisa, contaram-me casos extraordinários, eu próprio... Enfim, às vezes já não consigo arrumar tudo isso. Porque, sabe?, acorda-se às quatro da manhã num quarto vazio, acende-se um cigarro... Está a ver? A pequena luz do fósforo levanta de repente a massa das sombras, a camisa caída sobre a cadeira ganha um volume impossível, a nossa vida... compreende?... a nossa vida, a vida inteira, está ali como... como um acontecimento excessivo... Tem de se arrumar muito depressa. Há felizmente o estilo. Não calcula o que seja? Vejamos: o estilo é um modo subtil de transferir a confusão e violência da vida para o plano mental de uma unidade de significação. Faço-me entender? Não? Bem, não aguentamos a desordem estuporada da vida. E então pegamos nela, reduzimo-la a dois ou três tópicos que se equacionam. Depois, por meio de uma operação intelectual, dizemos que esses tópicos se encontram no tópico comum, suponhamos, do Amor ou da Morte. Percebe? Uma dessas abstracções que servem para tudo. O cigarro consome-se, não é?, a calma volta. Mas pode imaginar o que seja isto todas as noites, durante semanas ou meses ou anos?"

in Os Passos em Volta - Estilo, Herberto Helder
eu não quero ser engavetada, encaixilhada, encaixotada...
eu quero ocupar o lugar que me apeteça ocupar, em liberdade, sem que ninguém me arrume.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Eu quero...


para a Ti Lena que hoje foi viajar e não sei quando a volto a ver...


Hoje sentei-me frente ao mar. Chorei até lavar a alma. Aguentarei a saudade com amor. Depois, acendi a lareira. As brasas fizeram-me recordar a braseira debaixo da camilha no 1º andar do nº 20 da Rua da Costa em Castelo de Vide.
- Ti Lena, ó Ti Lena, taz o cafão p'imos à Funtinha... buscar água! - dizia eu com 5 anos, cá em baixo, ao fundo das escadas. E ela vinha a rir e, todos os anos, muitos anos depois, repetia essa minha frase com um sorriso de saudade nos lábios.

sábado, 18 de junho de 2011

Movimento independentista

Compreendo hoje, como quem tem um insight, que o movimento independentista dos Açores não vence (e, talvez, nunca vencerá) simplesmente porque não sabe fazer escola. Atrevo-me a dizer que a burguesia é deles. A escola é popular. E eu sou quase uma independentista popular. E isso não, também não vinga!

sábado, 11 de junho de 2011

Ó meu bem,
Rouba para mim o melhor dos odores que fazem sorrir teu nariz
Embrulha-o num pote de barro
Oferece-mo às escondidas.
Deixa-o no vão da escada onde passo todos os dias distraída.
Quero abri-lo e beber sofregamente desse cheirar assim.
Com tal cheiro vou amar-te bem.
Não achas, ó meu bem?

One Love

a curta metragem começada a escrever há mais de um ano, vai finalmente ser acabada.
está a saber-me bem.
e, percebo apenas agora, Wong Kar Wai inspira-me.
quem me dera uma imagem assim:

luto de quê?

pergunto-me. Se o amor não existe, nunca existiu...
se o meu amor não morreu ainda...

...
luto de quê?

terça-feira, 7 de junho de 2011

quero chorar, quero conseguir chorar muito, por mais uma morte de amor. de luto. tenho direito a estar de luto. mas como posso seguir vendo?

solo tu

no sábado ao fechar apenas a mim este blogue escrevi um post que se chamava "Só eu".
Hoje, recebo no meu muro do facebook uma música que se chama "solo tu" ali pintada pela Magali, do Peru...
As sincronias continuam vivas.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

mate e dia de líquidos

Preparo-me para hoje levar o mate para a cidade e não comer nada o dia todo. O corpo está a pedir isso, no máximo fruta... e líquidos sem álcool... Não sei porquê e sei afinal.

Ojalá - Silvio Rodriguez



Ojalá que las hojas no te toquen el cuerpo cuando caigan
Para que no las puedas convertir en cristal.
Ojalá que la lluvia deje de ser milagro que baja por tu cuerpo.
Ojalá que la luna pueda salir sin ti.
Ojalá que la tierra no te bese los pasos.

Ojalá se te acabe la mirada constante,
La palabra precisa, la sonrisa perfecta.
Ojalá pase algo que te borre de pronto:
Una luz cegadora, un disparo de nieve.
Ojalá por lo menos que me lleve la muerte,
Para no verte tanto, para no verte siempre
En todos los segundos, en todas las visiones:
Ojalá que no pueda tocarte ni en canciones
[ Lyrics from: http://www.lyricsmode.com/lyrics/s/silvio_rodriguez/ojala.html ]
Ojalá que la aurora no de gritos que caigan en mi espalda.
Ojalá que tu nombre se le olvide a esa voz.
Ojalá las paredes no retengan tu ruido de camino cansado.
Ojalá que el deseo se vaya tras de ti,
A tu viejo gobierno de difuntos y flores.

domingo, 5 de junho de 2011

Eleições em Portugal


Qualquer resultado seria uma merda, porque este país pequenino e bebé na democracia não sabe ainda dar luz a quem de facto não tem voz. Hoje, como há um ano atrás, eu continuo a defender que nós, cidadãos e cidadãs insatisfeitas com este país deveríamos ter férias! Fechar o país para obras e reflexão. Imagine-se: um Portugal deserto de pessoas, ninguém, ninguém... Todas as pessoas a viajar para reflectir, para meditar, para tomar decisões, para aprender a olhar, a ser e a fazer.
Depois, devagarinho, poderíamos ir regressando...
Era assim que eu gostava que fosse a partir de amanhã este país.

ANA CAROLINA E SEU JORGE-E ISSO AI por LolaLolita

sábado, 4 de junho de 2011

Só eu

Acabo de o fechar! A este blogue.

Razão

Quando temos razão ficamos grandes! E não duvidamos de nada!

Krishnamurti

"entender é transformar o que é"

quarta-feira, 1 de junho de 2011

voto nulo

Nunca na minha vida de eleitora assídua eu tinha pensado tanto no voto nulo como hoje...
Creio também que essa é a minha clara intenção de voto para as próximas eleições.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Capo Polónio

Finalmente começo a ver as filmagens de Cabo Polónio. Emociono-me, fico contente com o que vejo, tenho saudades... Queria ver este filme montado! São as primeiras impressões.

sábado, 28 de maio de 2011

coisas extraordinárias

amejoas para jantar com um arroz do Uruguai, maravilhoso
uma cadela que sai pela janela mas só entra pela porta
um gato a revirar as telhas do telhado
a holly cole incansável
eu a fazer 10 coisas ao mesmo tempo
o pijama que não me sai da pele, apesar do banho tomado
e uma vontade de sair para a festa, mesmo com o cu colado à cadeira
é sábado
e
parece domingo!

sick

i'm sick
i'm crazy
i'm thinking and doing and being
all day
just because
after all
i'm happy
i've the sun inside
above all the pain
i'm singing
i'm dreaming
i am

Holly Cole

O que eu queria dizer hoje... ao mundo!

When?

When will you leave my dreams?
I don't want you to.

Que canseira de noite

Novamente a noite inteira a falar-te e a falares-me. A escuta bonita, pausada, viva!
Passaste a noite comigo. Dentro de mim. No sonho.
Dormi e nunca houve silêncio.
Inquietação. Urgência. Ansiedade.
Cansada e feliz.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Amar-te

não é nada de extraordinário.
é apenas um estado simples da alma.

bichos estranhos

somos bichos estranhos, nós as pessoas. Complicamos o que sentimos porque teimamos em querer entender e dar nomes.
Acordei hoje de novo com ânsias de falar, não apenas escutar. Dizer tudo o que sinto independentemente de saber dar-lhe os nomes certos ou justos ou não. Falar, falar, falar. Contar o que me vai na alma, o que me inquieta, o que custa esta viagem de estar sempre a viajar, este desafio de querer estar em paz, afinal.
De estar bem comigo. de ser honesta, de viver sempre a verdade em mim. Gosto muito de estar com outras pessoas e tenho o desejo da solidão também imerso nos sonhos.
Em permanente mudança!
E, então, escutando o corpo decidi ficar na cama, todo o dia, força-lo a não se mexer (ou, vá lá, a mexer-se o mínimo) hoje. E lembrei-me de um maravilhoso e triste excerto do Luiz Pacheco no seu "Exercícios de Estilo" cujo rasto perdi, infelizmente, como tantos outros livros, há anos...
Então convidei muita gente para a minha cama, hoje. Estou a trabalhar com pessoas, livros e cadernos.
E a cama está cheia. E é uma festa e uma alegria!

terça-feira, 24 de maio de 2011

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O que é, é.

Ela faz o que eu desejo fazer. É como uma criança apesar dos seus 8 anos. Salta quando te vê e quando te vais fica a olhar triste perguntando sem nada dizer... "- Já?"
Sou como ela.
Vais, fico, estou cá, vens, aceito as tuas partidas porque não são a tua ausência nem a ausência de ti.
Aceito a saudade. Desafia-me a ir mais além.
Estou a ir, a viajar sempre.
Como estou cá.
O que é, é.
Descansa.

Eu quero...

domingo, 22 de maio de 2011

este blogue...

é uma verdadeira salsada!
Cabe cá quase tudo de mim...
eu devia ser mais organizada ;-)

livros

A cama é o melhor lugar para deixar os livros dormir, depois de cumprida diariamente a sua missão e sina de me ensinarem, me fazerem pensar, me relaxarem, me darem risinhos e me adormecerem.
Lamento não poder receber mais ninguém. Neste momento, contando comigo, já somos 6 na cama.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Antes que o mar espirre - ensaios

foto Laurinda Sousa

Lua Cheia

e não estivesse eu acordada às 3h da manhã em noite de lua cheia...
Às vezes penso se não terei alma de lobamulher...

Entardecer

‎"Já não há perfumes de vida na taça do meu sexo.
se quisesses conhecer, agora, o meu sabor mais íntimo.
terias de beber, com os teus lábios,
a água das minhas lágrimas.
(Luísa Dacosta)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

amizades

Um dia eu ainda vou entender (vai ser quando eu deixar de querer entender!) porque é que me dou tanto ao trabalho de dar e dar e dar a quem não mexe um sopro de vento para me receber? Porque teimo? Porque sigo o instinto e um sôfrego sentido de missão? Porque dou de mim a quem conscientemente não pediu? Porque julgo que sei melhor da inconsciência dos outros? Porque acredito tanto no que sinto? Porque tenho tanta fé no que não sei explicar e me impele à acção?

amar todas as mulheres

Uma vez ouvi o António Sousa citar ... creio que era o Drumond... mas não, não era.
Tenho que lhe perguntar: Quem era o homem que queria não só amar todas as mulheres do mundo, como também amá-las bem?

quarta-feira, 11 de maio de 2011

- Eu só quero poder amar-te. nada mais. não casar, não filhos, nem que me ames. quero poder amar-te e que não me odeies nunca.
- O nunca é uma palavra muito forte.
- Pois é...
- Ama-me então. À vontade.

viajo

"Viajo porque preciso, volto porque te amo" - é o título de um filme. E não está aqui pelo filme, nem pela estrada, nem pelo Brasil, nem pelos camionistas, nem pelos prémios...
É o título mesmo, aquela frase faz-me todo o sentido.
Eu também acho que viajo por isso e volto por aquilo.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

"nos pés

estão as minhas asas." (Marta Cabeza)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

saudades

como é que é possível ter saudades de alguém que está mesmo aqui ao lado?

quarta-feira, 4 de maio de 2011

poliamor

eu acredito, acredito mesmo no poliamor.
eu quero estar rodeada de pessoas que acreditem também.
e se eu te amasse e tu me amasses e amasses outra pessoa eu amaria essa pessoa que seria amada por outra que eu e tu amariamos também... era assim o mundo. perfeito!

disfarçar

andas outra vez a disfarçar, ou a distrair-te para pensar que está tudo bem. Não, não está tudo bem. Andas a evitar estar triste, quando sabes que estar triste é preciso. é preciso lamber as feridas das dores. fechares-te, sem adiares o coração. ficares mais tempo em silêncio por mais que te puxem (ou te empurres) para que te distraias do que te dói, de facto.
a morte dói. a ausência dói. o ódio dói. uma estalada dói.
como podes receber tudo isso e sentir o coração a continuar a crescer desmedido?

terça-feira, 3 de maio de 2011

Amig@s

às vezes, os amigos escorrem-nos pelos dedos das mãos porque as temos abertas e não as queremos fechadas.
outras vezes,
escorrem-nos pelos dedos das mãos porque as fechamos demasiado e descobrimos que os amigos afinal são feitos de areia ou a própria areia...
no fundo, amigos vão e vêm porque assim tem que ser. não tem nada a ver com as mãos nem com o líquido que somos, afinal.

domingo, 1 de maio de 2011

documentário

sem o dizer muito alto, é precisamente por coisas como esta que eu faço cinema documentário...

ontem, no mercado

sábado, 30 de abril de 2011

ondas do mar
vento norte
o olhar
tudo vem e vai
em ti
uma serpente
um pássaro
tudo plantado em mim
terra que sou
feita água sem fundo

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Apareço

e desapareço...
sou como o vento.
assaltam-me nos poros laivos de eternidade
que as noites sejam sempre longas demais,
que os dias não existam para poder amar-te
nos sonhos
e na saliva gasta pelas palavras.
as unhas riscando na pele novas cicatrizes.
lambo-as com doçura
para que curem este anseio
e o desejo
o tempo suspenso
o flutuar de um coração
as gotas que caem
sem que se ouçam cair
estou aqui
volto já
já vou.
se me perdeste
chupa no dedo.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

cheguei muitas vezes cedo demais...

outras, fiquei sentada à espera. E eu já sei que, quando caminho, o mundo gira mesmo, na mesma,
comigo ou sem mim. Normalmente comigo. Sempre, aliás. Sempre comigo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

antes que o mar... espirre

ler, ler, ler, ouvir a Paula Coelho e tudo o que já investigou, sonhar uma história muda, pensar as imagens, a magia e o sonho capazes de mudar o futuro. ainda há tempo, ainda há tempo...
é urgente cuidar do mar, antes que ele espirre...
é muito bom estar a escrever uma nova história e a criar um lindo espectáculo!

terça-feira, 26 de abril de 2011

deserve

I deserve more,
i deserve the you future.
not the present one.

raiva

Eu hoje ia publicar um statement da raiva quando abri este blog e li: "Tu podes realizar os teus sonhos!" publicado ontem...
uau!...
e fez-me tão bem. Então, fui sentar-me numa esplanada frente ao mar e rabisquei coloridos, em papel,  muitos e muitos sonhos que um dia vão tornar-se realidade.
A realidade começa no sonho. O futuro começa agora.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Dreams

Tu podes realizar os teus sonhos.
Sonha!

Cinema em casa

A minha sala de cinema tem capacidade para muitas pessoas, o ecrán só tem capacidade para 2. Deitadas. Menos mal. Para além do conforto, há a extraordinária qualidade dos filmes que aqui se passam. Hoje foi a noite de rever 'O escafandro e a borboleta' de Julian Schnabel...

domingo, 24 de abril de 2011

when

when you look at me
with the eyes of love
i feel pretty

when i remember
your eyes
and your touch
and all the wine in our skins
after all this time
i'm still in love

but when i look at you
with the eyes of love
wings born in my back
my heart leaves my breast
your thiny hands
bloody
because of the rope you grapple

sexta-feira, 22 de abril de 2011

que engraçado...

uma das minhas melhores e grandes amigas do coração é do CDS-PP... e isso não muda nada. Eu nem me lembro!

a minha secretária...

um copo que tem uma vela dentro, o mate, o termo, um copo de vazio de ontem com uma garrafa de vinho ao lado, os livros do sincronário e do argueles, o i-ching e as moedas, o marcuse, os cadernos: baleeiras, os dias, as ideias plim, o último da américa latina, o das mulheres na pesca, o das burocracias... um bloco de desenho, aguarelas, 2 discos externos, um computador, uma pintura do luís roque, o caderno de cabo polónio, tabaco, isqueiro e cinzeiros, dois mapas criativos, as contas para pagar, o livro das manhãs, as cartas das finanças...
isto anda tudo misturado!
há tanto tempo que não faço puré de batata... é já!
hoje vou dormir sem ligar o despertador. esta semana ainda não tinha acontecido...

semi

vais pelo mundo. milhões de pessoas cruzam o teu caminho. centenas de esperas para te olhar, um arrepio por te tocar, a língua a morder os lábios imaginando um beijo. invocas o desejo. inspiras de afrodite, expiras de narciso e és uma vítima afinal. castigo dos deuses, dirás. algo divino terias que ter para além das asas...

quinta-feira, 21 de abril de 2011

casa na árvore

foto retirada daqui

dormir em paz


pintura de Alice Mason

"Ou trazes lenha ou temos que ir para a cama." - disse-lhe
Apareceu com uma árvore para plantar.
Tivemos que esperar muitos anos antes de dormir em paz.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

estou tão lixada...

com tanta coisa...
que realmente só me apetece encher a mochila!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

os pés

os pés
talvez por serem a raiz
demoram muito tempo a aquecer...
é que
quando os esquecemos
temos que aquecer
todo o caminho
que eles enraizam até à raiz...
e isso
são muitos quilómetros

vimeo

Não me lembro se já tinha partilhado aqui mas tenho uma página de vídeos no Vimeo onde se podem ver algumas coisinhas minhas...

e pronto. Agora já disse!

O afago dos dias

Há dias que correm e outros onde sou eu que corro por eles.
Se olhar para a vida inteira reconheço as corridas e os descansos, as pausas, as inquietações que me fizeram acelerar os passos e as que me deixaram dormir...
Olhar e ver são coisas distintas
quando é do afago dos dias que falamos...

domingo, 17 de abril de 2011

estou lá...

estou muito lá. Há qualquer coisa que me chama daquele lado do mar...
é o que sou ali, o que me transforma, o outrar-me em mim própria, ser verdadeiramente, não parecer nem fingir. O que é é. Mais próxima da verdade. Até bonita. Recordo o sabor da melancia, o calor, aquele churrilho de luz em todas as partes, as noites, a alegria, as rugas... tantas imagens, tanta memória a roer-me para voltar, para estar e ser lá porque não sei ainda ser aqui.
Começar de novo cá.
começar de novo.

pijama

Já não me lembro quando tinha sido o último dia inteiro que tinha passado de pijama... e agora... vou para a cama ver um filme sem mudar de roupa!
Quem bom ter dias e noites assim...

sábado, 16 de abril de 2011

video

videoclown
videoarte
videoclip
...
videodoc?
agora eu é mais vídeo!

Almagro 5mn


Almagro 5mn from maria simoes on Vimeo.

também jogo sapatos

aqui de uma forma mais pública...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

coisas

há coisas que nos doem assim que nos chegam aos olhos, aos ouvidos, à pele...
e perguntamo-nos logo, de imediato, "porquê?"
e não deixamos sequer que as dores doam... não as partilhamos com quem no-las provoca porque se começamos a puxar o fio... há uma imensidão de gente e situações que vêm na avalanche...
e nós queremos compreender e perdoar e aceitar tudo...
para quê?
para ser melhor, para não carregar dores, para não culpar ninguém a não ser a mim própria por ser como sou e sentir o que sinto...
a vida nem sempre é um lugar simples, pois não?!

criação artística

acabo de concluir que nenhum(a) artista existe por via ou por ausência de mais ou menos, melhor ou pior público. A arte e, com ela, a criação artística existem numa esfera e dimensões humanas que têm a ver com o nosso intelecto (seja lá isso o que for, mas que toda a gente tem, tem!) e nada tem que ver com o local onde se cria ou com a existência de muita ou pouca gente nesse local, nada tem que ver com a formação, educação, experiência...
A criação artística está dentro das nossas cabeças, a produção artística começa dentro das cabeças e acaba cá fora das mãos ou dos olhos!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sofia Carvalho

e por falar em autorias...
que há dias assim em que me deito mais sensível para essas coisas...
a minha amiga Sofia Carvalho acaba de publicar no facebook a alegria de ter conseguido (ou deveria ser merecido?) publicar a sua 20ª fotografia no Fineart...
É obra. Obra boa... e, cá para mim, as suas melhores coisas nem estão naquele site...

Camila Conti

Encontrei o site de Camila Conti numa pesquisa por desenhos de meninas com balões... 
Quando me estava a preparar para lhe escrever pedindo autorização para usar este seu desenho... foi com grande prazer que li no site: 
**vc pode usar o que quiser deste site, desde que cite a fonte e o uso seja não-comercial**


Duvidei na hora sobre estar a fazer um cartaz onde anunciamos que cobraremos por uma actividade...
isso torna a actividade comercial? ou o uso do desenho passa a ser comercial?
mas... não temos fins lucrativos. 
mas... mais gente pode vir à actividade por a ilustração ser bonita... 
Ok. Está explicado. E não está nada explicado. Ufa. Que canseira.


Depois respirei de alívio quando ela ternamente respondeu:
" - Obrigada Maria. Fico honradíssima!
Um grande beijo
C." 
e então percebi tudo. Não, o uso do desenho não é comercial. Sem dúvida.
E o cartaz saiu com a ilustração dela. E está bonito, não?


ilustração Camila Conti. Design meu... ehehehe

identidades...

eu sou
eu estou
eu faço
eu aconteço
o mundo gira à minha volta ou eu giro com o mundo que gira?
quem começa o movimento das coisas paradas
o meu corpo muda e eu mudo o meu corpo
a minha cabeça faz parte do meu corpo
o meu coração também
e a minha identidade?
a minha identidade faz parte do meu corpo ou o meu corpo faz parte da minha identidade?
"eu não sou tolo... só não sei ler nem escrever... mas eu não sou tolo..." - disseram-me hoje.

terça-feira, 12 de abril de 2011

sonhando casa nova

à minha medida? a casa é a mochila...
e o quartel general havia de ter rodas... ainda que ficasse estacionado num pasto à beira mar...
ando a sonhar!
meio a brincar...
... e muito a sério

terça-feira, 5 de abril de 2011

nascer e renascer

há 3 meses recordava, sem saber porquê, o extraordinário excerto de um poema da Natália Correia:
"a gente só nasce quando somos nós que temos as dores" ...

hoje percebo que nasci em Aveiro
renasci nos Açores
e em quase todos os dias que vivi na América Latina, em 2010
e, este ano, em Cabo Polónio voltei a nascer...

é muito bom estar viva, nascer todos os dias
ou em muitos deles
apesar de as dores serem as nossas...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

pensando... en Montevideo

foto by mac lindo e novo

quinta-feira, 31 de março de 2011

há dias

acabámos de filmar em Cabo Polónio. Um filme (al fin y al cabo) que ainda vai demorar até estar pronto e sair para a rua. Desta vez, não me sinto grávida. É estranha e nova e boa esta forma de criar... e parir afinal.

um tempo que passou

acabam-se os dias
voltam as viagens...
hoje começa um novo tempo que passou
estou a recolher à casca...
em dias tristes as borboletas saem das larvas
e surpreendem-me as asas, as cores, o tempo de espera, a lentidão antes de ser capaz de voar.
foram dias maravilhosos neste fim de mundo ao sul
o sol brilha hoje com a memória da chuva,
de um cabo que se pôs triste,
de um companheiro de viagem e de sonhos
de uma família sem tempo e sem lugar...
vou, outra vez, por aí, por além, por acolá.

segunda-feira, 14 de março de 2011

mais um dia...

sempre à procura de um filme. Filmando!
dias de sol e tempestade.
Pessoas e tesouros a encontrar!

domingo, 6 de março de 2011

a vida é dura ;-)

quando o sol brilha, o mar queima de sal a pele, a cabeça não pára e o corpo também não.
Já estamos com 6 dias de rodagem no pelo. Está-se a vestir um filme que pode ser muito bonito. A aventura de filmar todos os dias e de ter a cabeça apenas ocupada com isso e com estar aqui e agora é uma viagem maravilhosa!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Manu Chao e Cabo Polónio

domingo, 20 de fevereiro de 2011

viva

estou viva. com os pés baixando à terra ou descendo à areia...
aterrando sem chegar a viver aqui. vivendo. louco tudo. continua a viagem.
estou flutuando (e tomo banho de mar todos os dias)!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

"la libertad

es imaginar nuestro mundo perfecto"
assim está escrito na parede da minha casa de banho, em Montevideo.
Levo estas palavras comigo.

caminhando...

vou, vou, vou!
estou mesmo inquieta para lá chegar.
o mundo é mesmo essa bola que quando se põe a rodar não pára...
saio amanhã cedinho para Cabo Polónio.
até 2ª feira estarei sem telemóvel, só acedendo as mensagens uma vez por dia. Depois tudo deve voltar ao normal ;-)
quanto a internet, ainda não tenho resolvido como irá ser. Assim que consiga comunicar avisarei as tripulações desta viagem!

a caminho de Cabo Polónio

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

o farol de cabo polónio

o mapa certo...


"el mapa invertido" (1943) pelo uruguaio Joaquín Torres Garcia
olhar insistentemente para esta imagem ouvindo isto pode fazer o mundo virar-se...


He dicho Escuela del Sur; porque en realidad, nuestro norte es el Sur. (Torres García)

morangos ao sul

las chicas tenemos deseos... y cuando eso pasa salimos a la calle y nos compramos frutillas!
eu disse e cumpri. E foi assim que, hoje, ouvi "strawberry fields forever", pintei as unhas de vermelho e comi os primeiros morangos deste verão ;-)


queria colocar aqui a minha fotografia com eles, mas estou sem bateria na máquina fotográfica e o carregador ainda mora na mochila... do outro lado do rio da prata!
amei muito poucas vezes na vida... e não sei se é falta ou excesso isso.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Manuela Techera

Por um momento, eu hoje olhei para ela e vi-me daqui a 40 anos...
Foi uma estranha sensação de adoptar uma avó solteira...

sábado, 12 de fevereiro de 2011

"ícaro" de Daniel Finzi Pasca

foto e saber mais aqui


Quando se está no sítio certo à hora certa... é frequente vermos um dos melhores espectáculos que vimos em toda a vida. Nesse momento, todos os anteriores se remetem ao esquecimento. Hoje voei com Daniele Finzi Pasca em "Ícaro"!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Uruguai


foto retirada daqui

O Uruguay tem uma área territorial de 176 mil km2 (quase o dobro de Portugal) e apenas 3 milhões de habitantes (Montevideo, a cidade capital tem 1,6 milhões de habitantes). É um país bastante desertificado. A sua posse esteve muitas vezes a ser disputada entre Portugal e Espanha. Era habitado por índigenas Charruas, Guaranís y Boanes. As primeiras três invasões espanholas resultaram em "todos os espanhóis mortos à flechada..." ;-) Depois, anos mais tarde, o resultado foi o extermínio completo dos povos indígenas...
Quase não há construções de pedra.
O Uruguay é um dos países onde o nível de reciclagem é maior. Este dado deve-se a que a reciclagem (clasificacion) é feita muitas vezes pelas "castas" mais pobres que herdam a sua actividade "profissional" de pais para filhos, desde há muitos anos. Os cascos dos cavalos ecoam todos os dias pelas ruas da cidade...
A agricultura é quase inexistente, hoje em dia, e serve apenas ao consumo interno. Em 2005 as cabeças de vaca no Uruguay eram 12 milhões... são mais que muitas! Grande parte da economia ganadera está nas mãos de empresas brasileiras. A pesca é quase toda artesanal e (sem dramas) vendida directamente aos consumidores, mas a actividade não tem grande (ou nenhuma) importância na economia do país.
Galeano, Onetti, Quiroga, Benedetti são alguns dos nomes da literatura uruguaia que vale a pena conhecer. Há uma grande produção de livros (bem escritos e ilustrados) para a infância. As livrarias são uma doce tentação... todos os dias!
No séc. XX, como aconteceu em quase todos (senão todos) os países da América Latina, a ditadura militar (impulsionada politicamente pelo norte da América) foi responsável pelo extermínio de grande parte da cultura e da educação. O Uruguay chegou a ter 5mil presos políticos nesse período que decorreu entre 1973 e 1985. Muitos regressaram então ao país, outros não. Encontro, nas ruas, o vazio de toda uma geração inexistente. A população é maioritariamente idosa (mais de 60 anos) e a juventude activa tem no máximo 25, 30 anos... Há todo um país para recomeçar... 

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

aaaaai!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

descendentes dos Açores

Manuela Techera acaba de me telefonar... "eu sou descendente de açorianos, dos primeiros açorianos que vieram para cá! Chegaram ao Rio Grande do Sul e depois desceram... eu sou descendente de açorianos e de portugueses. Não tenho nem italianos, nem espanhóis, nem nada dessas coisas na família... Eu sempre vivi em casa portuguesa..."
Uma voz doce, rasgada pelos anos que adivinho serem muitos. Combinámos um café ou um chá para amanhã, ao fim da tarde.
Cá esteve o universo conspirar que eu precisava hoje de umas palavras de alento... Sorrio agora.
Às vezes gosto muito de pessoas...

sem burocracias...

recebida no Comando General da Armada da República do Uruguay, pelo Embaixador de Portugal em Montevideo, na Universidade da República, no Ministério do Ambiente, pelo Director do Instituto do Cinema y Audiovisual (Ministério da Educação e Cultura)... pessoalmente e sem grandes papéis pelo meio.
É melhor, mais rápido e mais simples assim... Cá se vai andando!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

de ver capturas do "Llamadas Triniboa" aprendi...

ou voltei a aprender... que é uma coisa triste mas verdadeira:
- Há que estar sempre a verificar os níveis de som quando estou a filmar
- A noite é um sítio difícil para esta câmara filmar bem sem ser na pre-definição automática de noite (e depois fica cheio de arrasto... coisas muito interessantes mas não sempre!). Às vezes penso numa lampadinha por cima da minha cabeça... mas odeio a agressividade das câmaras que as usam...
- Um gravador com microfone externo (à câmara) é necessário à vida de realizadora sozinha no mundo
- O foco manual é um must... já estou a ficar pró (mas ainda falta muito caminho!)
- A captar para o meu computador sem precisar que ninguém me deixasse tudo pronto só para eu carregar num botão... foi só preciso saber de uma presença (ajuda energética) à distância ;-)
- Das 2h filmadas nas "Llamadas de Triniboa" fui decidindo o que queria à medida que fui filmando... isso começa a ser um hábito que não quero que se transforme em método... Apesar disso, reconheço as emoções que me saltam nos planos filmados. E isso é bom!
- No dia não tive capacidade para perceber o que me faltava filmar. Agora sei: precisava de mais escobero, um pouco mais gramillero y mamá vieja y menos bandera...
enfim, coisas de estar a filmar sem saber o que vou fazer no final. Mas que dá um doc, isso dá! Já está!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

yo puedo

yo puedo morder
lo mucho
o nada me queda
en solo ver tu lluvia

sábado, 5 de fevereiro de 2011

cartas

"Mira: sediento esta el cuchillo de tu silencio al revolvérseme en el interior del vientre... cubre con tus dedos mis ojos para no ver que te pierdo o para que no me vea pediéndote sin olvidarme"
in novas cartas portuguesas (1ª edição espanhola)

Cabo Polónio

cuando

camino por las calles y en 2 horas me piden 3 veces informaciones... es que soy ya de acá.

Veronica dicit

"la faina, Eduardo Galeano, las llamadas y el candombe son de Uruguay"

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

sabiéndose de los descalzos

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

música "lá da minha terra"

- mostra-me música da tua terra ...
- ui... sou um bocado esquisita eu...
mas mostro, e canto, e canto na rua também, a capela... outros instrumentos para quê? Se há a voz e a alma e as palavras que afinal, às vezes, nao se sabem dizer noutra língua... Estou quase a cantar fado-tango! e faço magias, improviso versoes com o "brilhozinho nos olhos" e o "espalhem a notícia" do Sérgio Godinho.
Bom dia à música deste lado do mar!

O que eu consegui nestes dias?


Comprar roupa muito bonita, ter uma mochila  com saco cama e colchão permanentemente na América Latina (não, não a vou levar de volta para os Açores!!! é a minha casa portátil cá deste lado do mar...), um bronze só por caminhar nas ruas, a cabeça a ficar no lugar, as certezas a aparecer no que diz respeito à produção de um filme que não faço ideia o que vai ser, um telemóvel uruguaio, duas mudanças de casa e outra a avizinhar-se, um transportista que se lembra de mim, um encontro com fardas da Armada Naval, um outro filme a vestir-se no Chile, cassetes a chegarem da Bolívia, uma curta filmada em Buenos Aires...
Coisa pouca entre tantas que não se podem contar!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

los muertos siempre vuelven a la vida... porque no llegan a morir nunca en nosotras. la vida y la muerte son eso... seguir haciendo espirales!

universo e as mochilas

pois é... o universo continua a rodar. Ontem saí de Buenos Aires para Montevideo (Uruguai). Ia apanhar o barco das 15h30. Atrasei-me. Comprei bilhete para o das 16h15. O barco atrasou-se. Saiu às 17h... A essa hora, na Calle Maza, 28, tocavam à campainha... Era a minha mochila a chegar, 4 dias depois de mim!
Agora estou no Uruguai. A mochila na Argentina... a 3 horas de distância... e eu é que tenho que ir buscá-la?! Não sei se a quero. Talvez ela seja agora a minha casa ambulante na América Latina... e fica onde eu não estou! Ahahaha.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Almagro

Uma manhã na minha praça de Buenos Aires, o filósofo (único na América Latina), um carrossel, velhos e crianças, pombas, sol, verde, jaula, ruído, canto de pássaros, xadrez...
1 cassete já foi... e mais que houvesse. Mas é bom, assim!

hoje não escrevo aqui

porque teria tanto, tanto para contar que não me chegam as palavras. Guardado! Fica tudo guardado. Não sei onde. Nem como. Nem para quê. Mas o que vivo mora em algum lugar...

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

chove em Buenos Aires

e está um calor mesmo bom!!!!
Que bem escolhido filmar hoje, hein?
Os seguros afinal não são seguros, apesar de morrerem de velhos.
Amanhã rumo ao Uruguai. Isto anda a render menos do que eu pensava... de qualquer maneira também ainda não tive propriamente tempo de aterrar... e a perda da mochila, confesso, anda-me a distrair um pouco. Preciso apenas saber onde está a dita cuja neste momento que é para lhe orientar o caminho. seguramente ela vai para um lado e eu para o outro. Ou seja, duas Marias a minar o mundo... uiiiii... que perigo!

domingo, 30 de janeiro de 2011

pronto, comprei...

lentes de contacto, um vestido, um rato, cassetes para filmar amanha, uns phones, champo e protector solar. pronto. 'tou farta!

o que amo

Tenho uma tendência histórica a amar quem precisa de amor... não é nada de especial, não é nada de consciente nem de visionário, nem missionário, nem nada. Não é nada de nada. É a posteriori que o reconheço e o entendo e o percebo em mim... amo quem precisa do meu amor... é como ter aquele T na testa, como diz a minha mãe... de tola!

soy lista

tenta abrir a porta ao meu lado. depois senta-se aqui, no canto esquerdo do ponto cego da minha visão. Estou concentrada a fazer contas, toca-me na cadeira. Olho-o nos olhos. A minha carteira no chão. Ainda com o olhar nele verifico se tenho tudo. Estamos a olhar-nos intensamente. Pergunto-lhe: que pasa? porque me tocas la silla?
por nada. la puerta. nada. ehhh
e gagueja e olha-me nos olhos e entendemo-nos.
sou uma mulher selvagem, às vezes.
Ele cancelou o pedido no balcão e foi-se embora. Quase lhe via a cauda entre as pernas, se ele fosse um cão, que não era. Se ele fosse um cão, estaríamos a esta hora com o meu passaporte e o cartão de crédito entre dentes a rosnar-nos, depois, num relâmpago, eu mordia-lhe seguramente a jugular e com 2 toques de dedos obrigava-o a um KO imediato... Por isso, ele foi-se embora!
30 janeiro
pode ser muito complicado fazer uma reclamação por uma mochila perdida que nunca chegará até mim...
feitas as contas, devo ter perdido à volta de 1000 euros ;-)


29 Janeiro
Acordo 8h depois de adormecer. Medito. Não escrevo as páginas matinais. Tenho urgentemente que tomar banho, comprar pasta de dentes e fruta, tomar café. Saio para a rua sem cuecas onde conheço todas as mercearias, compro facturas (hummm... continuam deliciosas), vinho, leite, pasta de dentes, umas cuecas com estrelas.
A bateria da câmara já está a carregar. Vejo o email. Nada da mochila.
Vou ligar o computador à net da casa, há que ir buscar um colchão (perdi a minha autonomia com a perda da mochila), tenho que fazer a reclamação da bagagem online, acionar o seguro de viagem para saber o que posso comprar até ela chegar (se é que chega), ir buscar as cassetes (a ver se chegam da Bolívia),  entrar no guarda-fatos da Nati para ter alguma roupa para estes dias, comprar protetor solar... (a coisa mais importante da mochila), sandálias, lentes de contacto (os óculos são um calor extremo na cara), creme hidratante, champô...
O meu novo mac já tem o dicionário post-reform, ou seja, escreve segundo o acordo ortográfico e retirou-me automaticamente o c de protector e abrasileirou shampoo (que eu sempre escrevi, no fundo, em inglês)... Nesta mescla de português e espanhol, a ver vamos como vou passar a escrever e a comunicar.
Mariense, mariês, sofrendo de mariazite aguda...?
-       Yo creo que toda la gente debria dejar el país – disse eu ontem falando de como está Portugal. A mi me gustaria montar en sério una campaña promovendo la emigracion massiva, dejando Portugal en estado de sitio, sin produccion y sin gente...
-       La Maria siempre armando quilombo!
E ri-me. E rimo-nos muito... a expressão é forte. Foi bom ouvir esta imagem que têm de mim aqui na Argentina!

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Fim da tarde em San Telmo, caminhando pelas ruas ao sol. Uma cerveja na praça, um gelado de manga e chocolate amargo pelo caminho. Só o caminhar bronzeia. As pessoas são todas bonitas.
Ciao, Maria. Nos vemos mañana... é o Andrés, artesão de rua com quem estive a conversar "mañana nos vamos de rumbia".
- no, perdona, yo solo hago planes para los proximos 15 minutos
- pues para mañana no los hagas, nos vamos de rumbia...
rio-me. rio-me mais. não, eu já disse que não, não disse? Vou. Fui.
28 janeiro
inexplicavelmente ou por profunda distracção ontem escrevi 2 páginas relacionadas com o item '28 janeiro'. Perdi-as. Não as volto a escrever mas confesso que era a melhor parte.

27 janeiro
15h55 saída pontual do Porto, com a Ryanair, até Madrid. 2 mochilas de mão + 1 mochila grande de porão convertidas sabiamente em 1 mochila grande de porão com uma pequena dentro. Uma mochila de bagagem de mão (as coisas verdadeiramente importantes).
Chegada a Madrid, ida para o tapete onde chegam apenas 4 malas e sacos. O tapete pára. A minha mochila não vem. Mau prenúncio esta paragem do tapete. É verdade! Até às 6h da manhã, se a mochila ficou no Porto ou foi para outro qualquer sítio do planeta, não vamos saber de certeza. O melhor é não fazer nada! Cereja e bares com a Natalia na sua cidade. Bom encontro. Depois regresso ao aeroporto. Uma noite a caminhar e a sentar-me e a deitar-me. Eu e centenas de pessoas que passam a noite ali. Um filme que se apresenta diante dos meus olhos. O clube dos taxistas é um clã extraordinário. Um homem que caminha a passo seguro, toc toc ritmado ecoando no piso frio, cara de louco. Com o passar das horas cruzamo-nos sempre sem nos olharmos. Um homem deita-se com os pés no colo de uma estátua, outro dorme sentado, de boca aberta, outro agarrado à sua mala que se serve de almofada, outro corre o risco de que roubem o telemóvel. É avisado pelos seguranças que fazem ronda na noite.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Madrid - nada na manga!

27Janeiro
eu prometo não dizer nunca mais que levo a mochila vazia...
Há momentos em que as companhias aéreas nos fazem ter, de facto, a certeza do que é fundamental acompanhar-nos em viagem. Passo a explicar tudo o que tenho, neste momento, comigo em Madrid: câmara de filmar com cabo firewire para ligar ao computador e ao disco externo (1Tb), carregador do computador, máquina fotográfica (agora até é perfeitamente dispensável), 1 caderno com todos os contactos de produção no Uruguay e arredores, 1 telemóvel ainda com bateria e saldo, 1 passaporte, cartão de crédito, cartão de débito, 1 caneta, 1 maço de SG Lights. Falta-me isqueiro.
Saí do aeroporto, reclamei a falta da mochila, vim directa para o centro de Madrid para uma tasca que conheci, há um ano, antes de ir também para a Argentina. A diferença é que agora, em vez de se fumar cá dentro, há net gratuita à qual ligo o bicho lindo este onde escrevo.
A cerveza em cima da mesa, un bocadillo de tortilla já se sabe! A malta toda a sair dos trabalhos e a vir tomar uma, conversar, passar um bocado bom! Diário.
O que me falta agora, mesmo a sério? O carregador de bateria e uma bateria para a câmara que vou receber amanhã, em Lisboa. Era mesmo só isso. Cuecas não me fazem falta. Neste momento, sei já que vou chegar a Buenos Aires sem mochila. Maravilha, hein? Não terei que a carregar! Vão, depois, levar-ma a casa. Boa cena. Espero. E, neste intervalo, curto a maravilha de estar a viajar assim. Sem dúvida há males que vêm por bem!
O que é que é necessário para fazer um filme? Uma câmara de filmar e uma cabeça pensante. Neste momento tenho isso tudo!

quero querer nada

de nada
de ninguém
e ainda ando a aprender como se faz.

a arte e o social (ou comunitário)

são dúvidas e incertezas que roçam o existencialismo e o humanismo em mim... como se na procura da compatibilidade e coexistência destes dois mundos eu passasse por ciclos ora de um ora de outro. como se um se visse para fora mais tarde e o outro se mostrasse todo desde o primeiro momento... No fundo, a arte como transformadora do mundo é o eixo central de uma forma de actuar. se agora me fecho um bocadinho, mais tarde se há-de ver qualquer coisa. tudo faz parte do processo de criar, mais ou menos acompanhada. mais ou menos livre ou buscando a liberdade intrínseca de me escutar e fazer sair a voz. ainda que pelos olhos, ainda que pelos poros. se agora não dou para muita gente... é porque estou a cuidar de mim. às vezes volto. volta e meia volto. vou.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Bom dia primeiro. Bem-vinda à viagem, outra vez!

26 Janeiro 2011
A aventura começou. Ela chega ao aeroporto de Ponta Delgada, como convém, com a antecedência mínima para fazer check-in, com uma cadela que tem mais 15 Kg do que o previsto, um carro que tem que ir deixar ao estacionamento gratuito, um pagamento de excesso de bagagem (kg de animal vivo) para fazer, uma porta de embarque a chamá-la... A cadela acaba por não tomar o comprimido tranquilizante. Está calma. Estão ambas calmas. Como convém.
Não tem líquidos nem botas. Tem cinto que há que despir. A saga continua!
Deixa a chave, não toma café, não compra tabaco, não fuma o último cigarro. Embarca a horas. Sempre como convém.
Voo tranquilo com o sol a queimar a pele da cara e as nuvens num magnífico tapete de céu que mais parece um chão para onde apetece atirar-se.
- Quero saltar de para-quedas!
Aterragem sem problemas, pai e mãe à espera. A cadela é a primeira a sair e como não vem dopada chama por ela latindo meigamente como quem diz: Estou aqui! Também já cheguei. 
Mochila grande, 2 mochilas pequenas (que contêm toda a vida!), o saco da ração, a mochila da cadela.
- Prontas! Todas nós que sendo apenas duas somos muitas, não é?
Saída para a rua, beijinhos e abraços, um pai de barba como o capitão Iglo, o chapéu a condizer, uma mãe com tosse e muito feliz, o carro no estacionamento.
- Vamos!
Abre-se o carro, sai a cadela da sua caixa transportadora, desmancha-se a caixa, a cadela vagueia pelo parque de estacionamento explorando o novo destino. Um cocó aqui, uma cheiradela acolá, “Olá avô” e vai, vai, vai. Perde-se na imensidão das coisas tristes que são o chorrilho de latas e motores estacionados numa cave do aeroporto.
Está tudo pronto, só falta a cadela. Começam a chamá-la. O assobio não funciona. Falta a humidade. Há sol ali para cima, ela foi para a rua, claro! A vida afinal está lá fora...
Andam quase meia-hora a chamar por ela. As imagens de um atropelamento, roubo ou rapto sucedem-se na sua cabeça.
- Bolas!
E chama a cadela, e assobia e começa a pensar como uma cadela: “Por onde vou? Para ali, ali há relva, aqui há sol, ui, tantos carros, que confusão... Dona!!! Mãe! Estou perdida! Onde é que está o nosso carro? E o avô? E a avó? Bolas! – pensam cadela e dona  em sincronia.
Ela começa a perguntar a todos os homens com quem se cruza: - Uma cadela preta, não viu?
Uns sim, outros não, todos olham com ar estranho... que sítio mais raro para se perder ou procurar uma cadela... No metro, sim, andava na linha do metro, para um lado e para o outro...
A imagem dramática de um atropelamento outra vez. “Ela não sabe andar na cidade, já se esqueceu...”
Eu via-a ainda há pouco ali daquele lado. E o homem aponta para a esquerda e ela sente-a pelo canto do olho na direita. Está do lado de lá da estrada. Ufa! Que alegria vê-la ainda que seja ao longe. Chama-a. Assobia. A cadela está desorientada, não sabe de onde vem o som, reconhece um cheiro, fareja. Farejam-se em sincronia... as duas.
Quando, por fim, se encontram, ela é recebida por um gigante salto e lambidelas na cara, nos óculos, no coração...
- Bolas, bolas. Que susto! Que assustadas estávamos as duas, não era?
Bom dia primeiro. Bem-vinda à viagem, outra vez!
"- Tu tens que fazer o filme que tu queres ver, Maria!
(...) Um filme é como um iceberg. Só é bom por causa das imagens que lhe faltam." Sylvain George (realizador francês, no doclisboa 2010)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

2ª viagem? mochila vazia...

5 cuecas, 4 t-shirts, 3 vestidos, 2 bikinis, 1 blusa, 1 calças, 1 toalha super-absorvente, sabão azul, medicamentos só naquela, termo, mate, máquina fotográfica, chinelos, sapatilhas, 2 pares de meias, PROTECTOR SOLAR (provavelmente o elemento mais importante da mochila), saco-cama, colchão, óculos, lentes de contacto, shampoo, sabonete, pasta e escova de dentes, lanterna, passaporte, 3 lenços, máquina depilação, cadernos e mais cadernos, canetas e afins, gordo livro de cabeceira, mapa do Uruguay, computador, disco externo, carregadores de baterias de todas as tecnologias possíveis (que é para ir viver num sítio onde não há luz eléctrica!!!), 1 nariz de palhaça, 1 soutien, e está! Está? Está!
Creio que a minha mochila desta vez pesa apenas 7 kilos, em vez dos 12 do ano passado ;-) estou a melhorar bastante, não?

contagem decrescente

estou muito pior e melhor do que das outras vezes. realmente, para mim, viajar é cada vez mais lembrar-me que tenho uma mochila vazia para colocar às costas e caminhar.
aí vou eu.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

As urgências da arte (adaptado de uma carta)

Criar, para mim, é uma forma de falar certas urgências. Urgências que me habitam e me libertam.
Criar, em Arte, tem sido isso ao longo da vida e dos anos. E, se me pedem que cale, resta-me encontrar outros caminhos para gritar.
Escrevo coisas a que chamo poesia
Sonhos, filmes e guiões
Teimando em juntar fotografias numa sucessão de história contada para fazer sair o que mora em mim e não pode afogar-me.
Não aceito a mordaça
mas sou capaz de calar.

Não aceito os medos dos outros para mim
Não aceito as fugas
Sou talvez a morte anunciada, sobrevivente, resiliente
A morte vai sempre perseguir-nos...
tu andas-me a perseguir
Algo está a morrer e eu não quero virar o olhar
quero ver.
quero olhar.
quero estar cá, depois da morte.
algo virá.
algo novo que não sei e quero conhecer

A espiral é sempre ascendente...
trago-a tatuada a misturar-se com as estrias

Ando inquieta sem as coisas se confundirem em mim
tranquila
as gavetas do pensamento arrumadas com o desalinho.

domingo, 23 de janeiro de 2011

quase 6 milhões de pessoas

é muita gente a dizer que isto de votar num presidente da república não lhe diz nada... Sem dúvida que, a partir de hoje, eu defendo que se adopte em Portugal o voto obrigatório!

Toma

Sinto-me mais leve, flutuando até. Intenso filmar. Estar lá a realizar e a interpretar ao mesmo tempo, tentando que o corpo meu seja todos os corpos e a identidade. Sem conseguir que as palavras comuniquem todo o pensar a uma câmara que, noutra mão, parece estar na minha mão. Profundo. Um caminho a descobrir. Cansada por ter deixado sair toda a contenção. Contida. Muito contida. Ainda inquieta. E já aliviada...
foto de Sofia Carvalho manipulada por mim

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

voltei ao Peru... mesmo estando aqui!

- e no meio disso tudo, como é que conseguiste voltar?
- eu ainda não voltei. Eu não cheguei cá.
- mas já estás a ir outra vez...
- eu estou em nenhum lugar. porque aqui e lá é o mesmo ao mesmo tempo... o espaço e o tempo não me importam. o que guardo, sim. o que vivo. aqui ou lá. é tudo igual... e tudo diferente, aliás.
mas hoje estive no Perú mesmo estando aqui. Sem dúvida diferente das outras vezes todas em que estive no Perú ou aqui contando o lá.
o tempo é um espaço importante. um intervalo para permitir, me permitir, nos permitirmos na essência do que somos. a alma anda a espreitar por lugares que são muito parecidos com esta forma de viver. de estar aqui ou noutro lugar qualquer. de facto, pouco mais importa na vida.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

um filme a fugir do lugar...

É irónico. Não é dramático! A dificuldade para conseguir o alojamento em Cabo Polónio, em Fevereiro, levou-me a procurar o local mais perto. Dista 7km e chama-se Valizas. Dali, podemos chegar a Cabo Polónio por estrada, fazendo o caminho comum, apanhando depois os camiões especiais que nos deixam no centro do lugar... ou podemos seguir a pé, caminhando 3 horas pela praia...
Valizas tem as dunas mais altas do Uruguay. O Uruguay é plano ;-)... O cantautor Andrés Stagnaro que me escreveu há dias (confirmando que o universo conspira muito mais do que lhe pedimos) oferecendo a sua música para o filme, vai estar em Valizas todo o mês de Fevereiro.
Estou inquieta para lá chegar e continuar a ver a roda viva.
(Acabo este post e recebo um email do Andrés Stagnaro explicando que chegou a mim através da Casa de Portugal em Montevideo, a quem escrevi contando do projecto... olé!)
E afinal não tenho transporte de amig@ em Buenos Aires, do aeroporto para a cidade... ai, ui...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

inseminas-me

A palavra não é bonita, talvez. Nem romântica, nem fica a rebolar dentro da boca deixando um aroma a morangos... mas é crua e diz exactamente o que tem que dizer. Inseminas-me. É como entrares pelos "sete buracos da minha cabeça" e começares a escorregar como o vinho... por mim abaixo, adentro, por todo  lado.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Inquieto-me

por fazer anos novamente... quero sentir o tempo a passar e já lá estar. Se antes era o passado que me perseguia, agora é o futuro! Ai, para quando o presente?

domingo, 16 de janeiro de 2011

Existencialidades

Será que passamos a vida com crises ou dúvidas existenciais?
Porque é que de cada vez que percebo que não quero ser formadora o resto da vida, ou que não quero investir em política cultural, ou que não quero ser criadora afinal... me chegam recados de... "continua, Maria, vale a pena!". Porque é que cada vez que desisto de uma coisa... ela vem chamar-me depois? Porque é que eu não acerto com o tempo e o ritmo alheios? Porque é que estou sempre meia desenquadrada?... (já diziam os senhores da DRaC... eu não sou enquadrável!)...
Confesso que não reservo também muito espaço a estes porquês. daqui a poucos minutos já nem os recordo afinal... 'tá-se bem, iô! E a vida é mesmo só esta, enquadrada ou fora de quadro... Pouco importa afinal. Caminhar, sempre. Não estar parada. Seguir atenta ao que sou, ao que me rodeia, ao caminho... isso sim, importa muito! E... em casos de dúvida, valerá sempre a pena recordar os momentos em que tudo corre bem ;-) Ou muito, afinal!

oficina Clown I (Jan.2011) foto natalia garcia

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pablo Neruda - soneto LXXXI

Ya eres mía. Reposa con tu sueño en mi sueño.
Amor, dolor, trabajos, deben dormir ahora.
Gira la noche sobre sus invisibles ruedas
y junto a mí eres pura como el ámbar dormido.

Ninguna más, amor, dormirá con mis sueños.
Irás, iremos juntos por las aguas del tiempo.
Ninguna viajará por la sombra conmigo,
sólo tú, siempreviva, siempre sol, siempre luna.

Ya tus manos abrieron los puños delicados
y dejaron caer suaves signos sin rumbo,
tus ojos se cerraron como dos alas grises,

mientras yo sigo el agua que llevas y me lleva:
la noche, el mundo, el viento devanan su destino,
y ya no soy sin ti sino sólo tu sueño.