quarta-feira, 3 de março de 2010

as minhas tranças (excerto)

(ou delírios de uma náufraga II)

Julho quente na ilha
sábado de eterna certeza molhada de dúvida
fui levar o meu amor
à sua amada.
Nesse dia, revolvi as entranhas
e cortei as tranças que,
compridas,
ameaçavam
acariciar-me o centro das costas
e
aprendi de mim mesma
que posso mudar.
"-Eu posso mudar!!!"

Cansou-se um verão
e outro se antecipou
vivido mais ao sul
de um mundo sem norte.

Hoje, não sei muito bem o que fazer ao cabelo. Se o corte, se me dispa e o deixe voltar a acariciar-me a pele.
as mulheres que me rodeiam trazem as tranças aos pés... negras, brilhantes, antigas... e gargalham em silêncio sem nunca chegarem a abraçar ninguém. Os seus olhos furtivos são de pó. Do pó vieram...

As tranças renascem. Outras. De mim.
a mesma.
outra.

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