Terminou hoje a primeira semana de trabalho. Após dois dias em que nao tivemos criançada, hoje apareceram em magotes.
Começamos a clase "practicando!!!" como sempre repete o John. Eu nas bolas (malabares) com umas quantas crianças, outras com clavas, outras diablo, monociclo, swings... Uma das chaves de sucesso é que as crianças se ensinam umas às outras. Depois, fizemos uma reuniao geral onde o John explicou como vao ser os talleres ou clases dos próximos tempos. A irlandesa Emma orientará um taller de swing (2 semanas). O boliviano Johnatan, contact with ball. O belga Janko capoeira e break dance (2 semanas). A açoriana (ahahah) Maria, teatro onde a ideia será montar uma obra com tudo o demais. O John continuará com as artes de circo. Às 2ªs feiras, música com o boliviano Oscar, ou el rasco (hip-hop e afins). E assim, as crianças fizeram uma fila, inscreveram-se debaixo de uma árvore do Parque El Niño onde trabalhamos todos os dias e, de seguida, começámos!
E foi assim que, absolutamente de improviso, fiz hoje a primeira sessao de teatro com Alberth, Rossio, Leticia, Maribel, Silvia, Cristian e Alfredo. O pequeno Alfredo (a sério, é minúsculo...) nao fala espanhol, só quechua. Está no nosso grupo para ser melhor integrado, uma vez que as miúdas servem de tradutoras. Assim, fiz um contrato com ele: ensino-lhe espanhol e ele ensina-me quechua. Aceitou. E, por isso, já posso contar: ui, iskay, quinsa (um, dois, três).
Comecei por conversar um pouco com el@s. Soube que nunca fizeram ou viram teatro, na vida. Hummm... (dá que pensar...) Saquei-lhes algumas histórias, lendas ou mitos, para começar. (as histórias absolutamente coloniais... de brancos, como a bela adormecida, ou a branca de neve e os 7 anoes, ai que raiva! Mas das lendas j´s surgiram coisas da bolívia...),.. Pedi-lhes que me contassem o que era melhor da sua terra Cochabamba, Bolívia. Responderam: a comida, os parques, a fauna, as lagoas e rios, a paisagem... "E as pessoas, como sao?" - perguntei. "Algunas son buenas, otras malas..." "Y las buenas que hacen para ser buenas?". Primeira resposta: "Ayudan los niños huerfanos y los niños que traballan, no contaminan y no critican..."
... Fizemos jogos de movimento, de imitaçao, rimos bastante, comecei a dar-lhes os primeiros sinais da nossa nova linguagem artística... Enfim, foi uma sessao difícil. Confesso que estou meia enferrujada para a seduçao teatral, nem sempre entendo o que me dizem (pois esquecem-se completamente que eu nao sou espanholofalante) e nao tinha a coisa nada estruturada para hoje... Mas, no final, as "minhas" (que nao sao minhas) crianças comentaram com a irlandesa... Teatro es lo más divertido!!!
Um rapaz que é um ás em todas as artes de circo, o Ovídio (17 anos) estava aflito das costas. Comecei a ensinar-lhe a esticar-se. De repente, 10 criancas me rodeavam para me imitar, com curiosidade genuína. Uma coisa que verifiquei hoje é que, apesar de serem tao criancas, nao tëm quase nenhuma flexibilidade, destreza motora ou criatividade física. (Depois de aprenderem uma coisa, evoluem super rápido, mas, 'a partida, fisicamente, sao criancas super bloqueadas e presas) Provavelmente, isso deve-se muito a má nutricao generalizada, mas nao tenho a certeza, tenho que ver mais. Por exemplo, tudo o que o Janko lhes pedia para fazerem no brek dance e capoeira, eu conseguia fazer. A maioria deles nao. Dai que, é bem provavel, que eu venha a sugerir ao John orientar aquecimentos de conjunto antes de se dividirem pelos diferentes talleres, diariamente. Acho que era bom!
Terminada a sessao, eu e o John saímos voando pois tinhamos encontro marcado com o Miguel (que dirige o grupo do Teatro Trono, em Cochabamba... a tal ponte que eu havia iniciado). Apanhámos taxi, fomos. O Miguel tinha à nossa espera o seu grupo de jovens actores e actrizes e uma apresentaçao de um espectáculo... Uau. Arrepiei-me.
E deu-me umas ganas de trabalhar com aquela malta! Ui. Ai, ó pá! Quase certo que os iremos integrar no espectáculo que vamos montar. Firmámos entao algumas chaves de possível colaboracao. E querem aprender tudo!!! Assim, na próxima semana, iniciarei com estes 10 jovens actores e actrizes (que cantam e tocam bombos também) sessoes de teatro/interpretacao, acrobacia, movimento criativo e voz... e o que mais eu saiba e lhes apeteca.
Comeca a loucura a bulir.
Entretanto, hoje é viernes primero (que significa que está instalada a puta da loucura na cidade) porque nas primeiras sextas-feiras de cada mës toda a gente sai para a rua a dancar, conviver e emborrachar-se... E a polícia anda a cata de passaportes... e parece que até os rouba... daí que... vou-me por a caminho de alguns boliches (ou seja... café ou tasca) pra comemorar este viernes primero.
Começamos a clase "practicando!!!" como sempre repete o John. Eu nas bolas (malabares) com umas quantas crianças, outras com clavas, outras diablo, monociclo, swings... Uma das chaves de sucesso é que as crianças se ensinam umas às outras. Depois, fizemos uma reuniao geral onde o John explicou como vao ser os talleres ou clases dos próximos tempos. A irlandesa Emma orientará um taller de swing (2 semanas). O boliviano Johnatan, contact with ball. O belga Janko capoeira e break dance (2 semanas). A açoriana (ahahah) Maria, teatro onde a ideia será montar uma obra com tudo o demais. O John continuará com as artes de circo. Às 2ªs feiras, música com o boliviano Oscar, ou el rasco (hip-hop e afins). E assim, as crianças fizeram uma fila, inscreveram-se debaixo de uma árvore do Parque El Niño onde trabalhamos todos os dias e, de seguida, começámos!
E foi assim que, absolutamente de improviso, fiz hoje a primeira sessao de teatro com Alberth, Rossio, Leticia, Maribel, Silvia, Cristian e Alfredo. O pequeno Alfredo (a sério, é minúsculo...) nao fala espanhol, só quechua. Está no nosso grupo para ser melhor integrado, uma vez que as miúdas servem de tradutoras. Assim, fiz um contrato com ele: ensino-lhe espanhol e ele ensina-me quechua. Aceitou. E, por isso, já posso contar: ui, iskay, quinsa (um, dois, três).
Comecei por conversar um pouco com el@s. Soube que nunca fizeram ou viram teatro, na vida. Hummm... (dá que pensar...) Saquei-lhes algumas histórias, lendas ou mitos, para começar. (as histórias absolutamente coloniais... de brancos, como a bela adormecida, ou a branca de neve e os 7 anoes, ai que raiva! Mas das lendas j´s surgiram coisas da bolívia...),.. Pedi-lhes que me contassem o que era melhor da sua terra Cochabamba, Bolívia. Responderam: a comida, os parques, a fauna, as lagoas e rios, a paisagem... "E as pessoas, como sao?" - perguntei. "Algunas son buenas, otras malas..." "Y las buenas que hacen para ser buenas?". Primeira resposta: "Ayudan los niños huerfanos y los niños que traballan, no contaminan y no critican..."
... Fizemos jogos de movimento, de imitaçao, rimos bastante, comecei a dar-lhes os primeiros sinais da nossa nova linguagem artística... Enfim, foi uma sessao difícil. Confesso que estou meia enferrujada para a seduçao teatral, nem sempre entendo o que me dizem (pois esquecem-se completamente que eu nao sou espanholofalante) e nao tinha a coisa nada estruturada para hoje... Mas, no final, as "minhas" (que nao sao minhas) crianças comentaram com a irlandesa... Teatro es lo más divertido!!!
Um rapaz que é um ás em todas as artes de circo, o Ovídio (17 anos) estava aflito das costas. Comecei a ensinar-lhe a esticar-se. De repente, 10 criancas me rodeavam para me imitar, com curiosidade genuína. Uma coisa que verifiquei hoje é que, apesar de serem tao criancas, nao tëm quase nenhuma flexibilidade, destreza motora ou criatividade física. (Depois de aprenderem uma coisa, evoluem super rápido, mas, 'a partida, fisicamente, sao criancas super bloqueadas e presas) Provavelmente, isso deve-se muito a má nutricao generalizada, mas nao tenho a certeza, tenho que ver mais. Por exemplo, tudo o que o Janko lhes pedia para fazerem no brek dance e capoeira, eu conseguia fazer. A maioria deles nao. Dai que, é bem provavel, que eu venha a sugerir ao John orientar aquecimentos de conjunto antes de se dividirem pelos diferentes talleres, diariamente. Acho que era bom!
Terminada a sessao, eu e o John saímos voando pois tinhamos encontro marcado com o Miguel (que dirige o grupo do Teatro Trono, em Cochabamba... a tal ponte que eu havia iniciado). Apanhámos taxi, fomos. O Miguel tinha à nossa espera o seu grupo de jovens actores e actrizes e uma apresentaçao de um espectáculo... Uau. Arrepiei-me.
E deu-me umas ganas de trabalhar com aquela malta! Ui. Ai, ó pá! Quase certo que os iremos integrar no espectáculo que vamos montar. Firmámos entao algumas chaves de possível colaboracao. E querem aprender tudo!!! Assim, na próxima semana, iniciarei com estes 10 jovens actores e actrizes (que cantam e tocam bombos também) sessoes de teatro/interpretacao, acrobacia, movimento criativo e voz... e o que mais eu saiba e lhes apeteca.
Comeca a loucura a bulir.
Entretanto, hoje é viernes primero (que significa que está instalada a puta da loucura na cidade) porque nas primeiras sextas-feiras de cada mës toda a gente sai para a rua a dancar, conviver e emborrachar-se... E a polícia anda a cata de passaportes... e parece que até os rouba... daí que... vou-me por a caminho de alguns boliches (ou seja... café ou tasca) pra comemorar este viernes primero.
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