terça-feira, 2 de março de 2010

rico dia...

Hoje tive um dia muito rico. Conheci boa parte das crianças com quem irei criar um espectáculo de teatro, que estreará no final de Maio, onde integraremos artes de circo, música e tudo o mais que nos apeteça!
Aprendi com a Escarlate uma lenda da Bolívia sobre a tribo dos Urus (que é anterior aos Incas...). Aprendi malabarismo com massas, diablo com a Tânia e o Ovídeo, ensinei malabarismo com bolas a duas meninas novas que acabam de entrar no projecto (é como andar de bicicleta, nao se esquece). Trepei a uma árvore alta, alta para apanhar pacais (uma fruta deliciosa que parece uma fava gigante mas dentro está cheia de ... anonas em forma de bago de uva... dá para entender?) e estudar a localizaçao do baloiço que ali vou construir.
Tive ideias, em catadupa: para o espectáculo, para a Performing Life, para o projecto das mulheres, para a decoraçao da casa... limpei o fogao... e... bom, confesso, almocei frango! Porquê? Porque ontem à noite estava a chegar a "casa" pensando que aqui na Bolívia, ao contrário da Argentina, ainda nao há delivery... Há muita comida confeccionada na rua mas nao se entrega em casa... Também pensava, claro, os bolivianos nao têm poder de compra para esses serviços de luxo... (estar em casa, telefonar e vêm trazer-te o que queiras ou sonhes ou desejes a casa, directo ao teu sofá...). E nisto, uma mota chega à porta do hostal ao mesmo tempo que eu. Uma bagageira de arca feita de esferovite e... é um taxi-moto. Trazia frango. Perguntei ao moço (Alfredo) se era delivery. Explicou-me que nao, que era taxi-moto, da casa dos frangos os chamavam para virem entregar as encomendas aos clientes... Entao eu expliquei-lhe justamente em que vinha eu pensando pela rua... e assim foi, conversamos um pouco, contou-me as desventuras duras (sempre sorrindo) suas três tentativas frustradas de chegar aos Estados Unidos, emigrando com a colaboraçao de corruptos coyotes, fui para o meu quarto e 5 minutos depois batiam-me à porta. Um rapaz chamava por mim... Era o Alfredo. Oferecia-me jantar porque nao queria virar a cara a uma coincidência daquelas! Nao pude recusar. O frango ficou para o almoço de hoje. Em suma, as coincidências nao existem. Elas estao sempre a acontecer. O que se passa é que nem sempre estamos disponíveis e com atençao a esses momentos de surpresa e rara beleza que se cruzam a cada segundo no nosso caminho. Esta forma de descobrir estas raridades... é um passo para viver mais momentos de profunda alegria. eu estou treinando!

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