Com tantos subsídios que tenho vindo a atribuir à cultura nos Açores ainda me arrisco a ser considerada mecenas! Descansem, artistas, quem me dera. Descanse quem acredita, como eu, que a Arte e a Cultura podem mudar o mundo... Eu estou aí, convosco, mas "só" contribuo com ideias, sonhos e trabalho!
O mARTadero, em Cochabamba, é apenas só mais um exemplo do que poderia (e, quanto a mim, deveria) muito bem já existir em Ponta Delgada (*), há anos!!! E este exemplo está vivo, na Bolívia que é o país mais pobre da América Latina... Dá que pensar, nao dá?
Pergunto-me o que aconteceu afinal na história dos Açores para que a produçao cultural tenha sido tao sufocada... Um dos livros que ando a ler é "La preparación del director" de Anne Bogart, uma americana encenadora de teatro. Uma das investigaçoes que ela fez, antes de se convencer que a direcçao teatral a escolhera como ela escolhera essa profissao, foi precisamente procurar o que era a cultura teatral americana. Onde estava a sua especificidade, originalidade, identidade... Para isso, teve que passar alguns anos na Europa e compreender que nos EUA se criava por imitaçao ao velho continente. Entao, começou a procurar a raiz do problema. E, ao fim de algum tempo, compreendeu que afinal uma sucessao de políticas estadunidenses havia decepado, censurado, limitado, condicionado a criaçao artística teatral naquele país, durante anos, a ponto de a identidade se ter quase perdido...
Nao compreendo muito bem o que as politicas (nao só culturais) nos Açores andam a fazer à cultura dos Açores... mas acho que é preocupante a realidade!
“El acto de hacer teatro es ya utópico en sí mismo porque el arte es un acto de resistencia contra las circunstancias” (Anne Bogart)
(*) - antigo matadouro (Sta Clara), fábrica Sinaga (R. Lisboa), estabelecimento prisional (Calheta), etc, etc, etc...
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